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O esporte além da competição

Lições que aprendi com Futebol Americano

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4 min readNov 26, 2016

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Foi uma semana difícil.

Aliás, quando não é?

Uma semana que começou com um enorme desafio a ser superado.

E foi.

Mas no dia seguinte, tudo foi desfeito. Fechar um negócio, por mais simples que seja, exige um esforço mental enorme, mesmo aqueles que são resolvidos rapidamente. Nossa mente faz projeções e previsões muito antes de começar a negociar e durante a negociação também. Pensamos no que vamos ganhar, no que vamos perder e elaboramos milhares de cenários futuros.

E bem, você já sabe o que penso sobre previsões né?

Estou envolvido em um projeto com mais dois amigos. Uma startup (ok, também não gosto de usar esse termo, mas sou obrigado para o bem da verdade) em fase embrionária. E com um ambiente de extrema incerteza que é o que define uma startup, você atua com previsibilidade a todo instante com uma rasa quantidade de dados, culminando em projeções e cenários EXTREMAMENTE nebulosos.

Essa semana aconteceu algo curioso que me fez lembrar do esporte, mais precisamente do futebol americano. Fechamos um negócio muito bom em um dia. Chegamos a cogitar uma “comemoração” — algo como uma Heineken para cada um que é o que nosso caixa (?)permite (e olhe lá!!). Mas eu disse:

— Caaaalma…vamos assinar o contrato.

Nesta mesma noite eu resolvi escrever sobre nossa situação. Sobre o momento em que estamos e o que precisamos resolver nas semanas seguintes. Fui escrevendo no caderninho de anotações como se estivesse fazendo um rascunho para o blog: simplesmente escrevendo deixando a mente fluir, sem me preocupar com contextualizações e concatenações das ideias. Foi aí que notei a semelhança do nosso momento na empresa com o Futebol Americano.

Mas antes…

Na manhã seguinte, o negócio foi desfeito.

Um balde de água fria.

Pensamos com calma o que havia acontecido e tentamos entender o motivo (olha a previsibilidade aí) da outra parte ter desfeito o negócio em menos de um dia em que fizemos o acordo.

Escrevemos. Desenhamos as alternativas. Inúmeras suposições. Mas só uma ação poderia responder nossas perguntas: ir até lá e conversar com a outra parte.

O Futebol Americano

Gosto de Futebol Americano desde minha adolescência. Conheci através de amigos que tinham TV à cabo (no início dos anos 2000) e assim podiam ver ESPN. Morava no litoral de SP, então um dia ao invés de ir à praia jogar bola, resolvemos jogar Futebol Americano. Foi demais! Desde procurei saber como funcionava aquele jogo maluco, que quando você assiste pela primeira vez parece uma bagunça sem tamanho. Mas quando você entende as regras, nota que é o caos organizado.

O que mais me chamou a atenção é que as jogadas são rápidas. Acertando ou não, o time se une rapidamente ali no campo para definir a jogada seguinte. Vencer 10 jardas de cada vez para chegar a end zone (área em que o jogador deve levar a bola para conquistar os pontos, o chamado touchdown). Às vezes você conquista todas as jardas em uma única jogada, mas na maioria das vezes não.

Não vou explicar as regras aqui, mas posso dizer com segurança que é um dos esportes que mais exigem habilidades combinadas que vão além da força física e que podem ser aplicadas em outros campos: inteligência, capacidade estratégica, alto grau de cooperação entre os pares, resiliência, corrigir erros rapidamente e tentar novamente, mudar de estratégia no decorrer das jogadas.

É saber lidar com erros a todo instante.

Não é à toa que uma das metodologias ágeis mais famosas, o SCRUM, recebeu este nome por causa de uma jogada do RUGBY que tem o mesmo nome. O Futebol Americano veio depois do Rugby e possuem regras parecidas.

Ben Horowitz, renomado investidor do Vale do Silício e autor do sensacional livro O lado difícil das situações difíceis faz uma analogia interessante com o Futebol Americano no mundo dos negócios: (não se atenha aos termos, mas sim ao exemplo como um todo):

Para fazer a organização crescer, você também terá de ceder terreno a contragosto, assim como o offensive lineman, cuja função é proteger o quarterback contra os defensive lineman que avançam em sua direção. Se o offensive lineman tentar fazer isso sem ceder terreno, os defensive lineman o contornarão e pegarão o quarterback. Por isso que os offensive lineman aprendem a recuar um pouco de cada vez. Cedem terreno a contragosto.

E nossa semana foi assim: avançamos algumas jardas e logo em seguida tivemos de recuar. O segredo é juntar o time após cada jogada, tenha ela sido um sucesso ou não, para debater sobre a jogada seguinte.

Todos juntos.

No final, marcamos um touchdown.

A bola está conosco novamente e temos muitas jardas para percorrer.

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