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Se afaste um pouco do problema

Às vezes a solução está lá fora

Fabio Ismerim
Tudo sobre Nada
Published in
5 min readSep 22, 2016

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Certamente você já passou por um problema incapaz de resolver. Na escola. No trabalho.

Na vida.

Você pensou: “E agora?? fodeu!!!!”

Marc Andreessen criou um acrônimo para designar estas situações: WFIO- We’re fucked, it’s over (algo como “Fodeu, já era!”). Segundo ele, toda empresa passa por situações como essa no mínimo duas vezes e no máximo cinco vezes.

Vivemos contra o tempo, já reparou? Brigando com o relógio a todo instante com tarefas urgentes pipocando a cada minuto:

Preciso terminar isso para depois conseguir fazer aquilo, e assim que terminar aquilo poderei brincar 30 minutos com meus filhos e talvez saber como foi na escola, em seguida os coloco para dormir e tomo um banho, aí é só ligar o computador. Estarei com a mente “tranquila” para pegar aquele projeto e tentar resolver até amanhã de manhã. Café. Isso, sempre ele. Ele não vai me deixar na mão. Aliás, quando foi que ele deixou? Nunca!!

Você resolve. Madrugada dentro, exausto, mas resolve. Na manhã seguinte passando a noite em claro, mas resolve. Depois de uma semana ou talvez duas.

Ou talvez a bomba estoure.

Mas e se você se afastar um pouco do problema?
“Nem fodendo!!! Eu preciso encontrar um jeito pra resolver isso HOJE, caso contrário, pode ser que… não não não, pode ser uma caceta! amanhã eu estarei na rua!!!”

É verdade. Faz sentido.

Deixa eu te contar uma coisa…

image by Jordan Whitfield

O problema estava lá há semanas e passado por diversas mãos antes de mim, de modo que o código estava uma bagunça sem fim. Demorei dias para entender tudo aquilo. Perguntei para os programadores da equipe que haviam tentado solucionar aquele problema antes, mas ninguém sabia me explicar o que haviam feito ali. O gestor da área então não tinha a mínima ideia do quera do que estava sendo feito. (ou do que não estava). O monstro teria que ser derrotado de uma vez por todas.

Horas viraram dias.

Dias viraram semanas.

Perguntas, entrevistas, acompanhamento de todo o processo do início ao fim. Mexe no código. Apaga. Testa. Erro. Corrige. Testa novamente. Erro.

Sem fim.

Depois de dias trabalhando só nisso, eu já estava pensando em iniciar a programação inteira daquele processo do zero. Não sou, nem nunca fui um programador ninja (já relatei em alguns outros textos aqui), apenas me virava, de modo que aquela solução era a única que não queria tomar. Mas eu já esgotara todas as minhas alternativas e não sabia mais para onde correr.

Fui para casa e desta vez não levei meu notebook para trabalhar. Tomei banho tentando afastar o problema, já convicto da decisão: “não consegui. tentei e não consegui. Simplesmente não sei o que fazer”. WFIO!

Quando me deitei para dormir, a mente deu um estalo. Uma ideia me surgiu. Mal consegui dormir. Estava ansioso para testar aquilo no dia seguinte. “Por que não trouxe o computador???”.

“Acordei” mais cedo do que de costume e fui para o escritório com a mente fritando pensando somente em executar a ideia que tivera na noite anterior. Depois de horas imerso, funcionou e encontrei onde estava o maldito erro. Mais algumas horas para executar as correções e resolver.
Acredito que isso só tenha acontecido porque já havia esgotado minhas energias dentro daquele micro cosmos. Imerso no problema minha mente não conseguia pensar e muito menos pegar rotas alternativas.

Steven Johnson no seu brilhante livro De onde vêm as boas ideias, chama esse processo de passeio criativo, citando o exemplo do grande matemático e físico francês Henri Poincaré na sua busca para descobrir a classe das funções de Fuchs, que relatou sua dura experiência em Science and Method. O passeio criativo é o momento que deixamos a mente livre para criar e divagar. É neste momento que as conexões se formam e ideias surgem. O banho costuma ser o ambiente mais comumente citado. Já ouvi muita gente dizer que é no banho que elas tem as melhores ideias e surgem a soluções que há tanto buscava. A água, o momento, tudo ali ajuda para que você deixe a mente fluir (conceito criado e muito bem explorado por Mihaly Csikszentmihalyi no seu livro Flow).

Tony Hsieh, CEO da Zappos e autor do Satisfação Garantida, também é um outro bom exemplo. Na maioria das vezes que se encontrou em uma situação em que tinha de tomar uma grande decisão (como a de investir o resto de todo o seu dinheiro para talvez salvar sua empresa ou declarar falência) ele convidava seu sócio ou funcionários para irem ao bar relaxar depois de muito fritar os miolos para encontrar uma solução.

Isso talvez explique a criação daquelas canetas para você escrever na parede do box enquanto toma banho. A ideia, quando surge, precisa ser registrada na hora.

Obviamente que isso não é uma regra, e na verdade minha intenção aqui passa bem longe disso. Abomino discursos que tem esse tom de ditar uma regra com base em um único episódio pessoal. O meu ponto aqui é apenas dar um exemplo que ocorreu comigo e funcionou. E já ouvi relatos parecidos com estes também. Foi tão impactante que eu costumo falar dele com frequência e lembro do episódio com bastante clareza. E depois de ler que isso tem uma explicação lógica e com outros exemplos mais detalhados e práticos, passei a entender melhor minha mente.

Ahh, e antes que perguntem, isso não aconteceu outras tantas vezes, ou de forma constante. Não é uma regra, mas sim, pode ajudar.

Na próxima encruzilhada, depois de tanto pensar, dê uma pausa. Faça um passeio criativo :)

Mas se não der, be ready for the WFIO!!!

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