Vem de nós toda a humanidade. É nosso o ventre que gerou todos, absolutamente todos que estão caminhando no mundo agora, ontem e amanhã.
Também é nossa toda a cultura humana. Cada objeto, cada instrumento, cada prática, cada pensamento, cada música, cada técnica: tudo se origina em nós.
Vem de nós cada homem e cada mulher, e cada obra que cada um desses produziu, desde que o mundo é habitado por seres que caminham retos sobre duas patas.
Tudo vem de nós. E tudo volta a nós. E é enorme o peso que carregamos por tamanha responsabilidade. Infelizmente, é ínfimo o reconhecimento que temos por tamanha obra.
Mas também vem de nós a nossa própria valorização. Vem de nós a nossa capacidade de resistir e de reaprender, geração após geração, umas com as outras, como somos importantes, sábias e rainhas.
Vem de nós o afago e o colo quando nós precisamos (e quando todos precisam). Vem de nós por nós o nosso empoderamento (e de todos os outros). A nossa certeza de que precisamos caminhar sempre em um mundo que tenta nos parar a cada momento, a cada pequeno grande passo. E vem de nós a capacidade de continuar andando, de dar a mão para que outras andem e de, juntas, darmos a mão para que toda a humanidade possa continuar caminhando.
Vem de nós toda a força, toda a ancestralidade, toda a sabedoria, toda a soberania, toda a luta, toda a vida. E que cada uma de nós possamos sempre lembrar disso e lembrar todos os outros disso.
Respeitem a mulher preta. Valorizem a mulher preta. Escutem a mulher preta. Porque vem de nós. E, mesmo com todos os obstáculos, nós temos muito mais para fazer vir.
Mulheres pretas, uni-vos.
Foto por Raphael Calixto
Clube das Blogueiras Negras de Beagá
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