Precisamos falar sobre depressão.

Nicolas Wasem
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2 min readJul 17, 2018

Ao acordar pela manhã fui recebido com uma notícia extremamente preocupante e triste, um jovem de 20 e poucos anos da minha cidade cometeu suicídio. Não cabe discutir a forma como ocorreu, porém um detalhe é necessário comentar — como se fosse um último suspiro, ele postou uma foto com um cigarro no local, com a seguinte legenda: “um homem tem direito ao seu último cigarro”. Foi um último grito por ajuda que, infelizmente, foi ouvido tarde demais. Precisamos dar voz ao assunto que, cada vez mais, têm atingido pessoas em nosso cotidiano.
Segundo a Organização Mundial da Saúde — OMS, a cada 40 segundos alguém tira a própria vida. A cada 40 segundos uma família chora, e a cada 40 segundos um futuro é apagado. Isso totaliza 10 mil registros anuais de suicídio, e este número é somente no Brasil. No final das contas, o que mais assusta é que isso é feito pela própria pessoa. Lidamos com a depressão todos os dias, com pessoas que nem suspeitamos que, talvez, por trás do “bom dia” animado, esteja tão perigosamente a beira dessa decisão na qual não há mais volta. Enfim, precisamos falar sobre a depressão.
É um assunto delicado para se tocar, como bem sabemos, mas não temos como fugir dele diante de tal número e de tantas pessoas tirando a própria vida. A depressão não é um número, não é brincadeira, não é “vontade de chamar a atenção”, nem falta de ocupação. Pelo contrário, meus amigos, a depressão é uma doença, sim. E tem cura! Devemos ser delicados no que concerne ao assunto, mas temos de estar atentos e notar os sinais. Ansiedade, angústia, desânimo são alguns destes sintomas que levam a triste decisão de tentar tirar a própria vida — alguns infelizmente conseguem. O tratamento da doença conta com cerca de 30 a 40 tipos de antidepressivos no mercado farmacêutico, ainda contamos com inúmeros psicólogos e psiquiatras para auxílio. Não é suficiente. Não quando o problema tem raízes sociais.
Diálogo, compreensão, carinho e um “estou aqui” podem ser ótimas alternativas aos medicamentos, e pasmem: funciona tanto quanto! O problema está na cultura, no machismo, no bullying, no que está enraizado em nossa sociedade — e precisamos cortar tais raízes. Afinal, a mudança e a atitude que precisamos está em cada um de nós; porque não fazer nada, também é fazer alguma coisa.
O mundo precisa de empatia, e, enquanto a depressão permanecer como um fantasma, fruto de desocupação, e com julgamentos a respeito sem a mínima vontade de amor ao próximo, pessoas continuarão sofrendo em silêncio. Precisamos fazer o bem. Precisamos dar voz a quem precisa de ajuda. Precisamos falar sobre depressão.

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Nicolas Wasem
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20. Gaúcho, escritor, fotógrafo e estudante de Direito. Um geminiano na casa dos vinte, que coloca o sentimento em palavras.