Em Londres: não visitei a London Eye e a Tower of London e ficou tudo bem

Amanda Roldan
Um bom par de sapatos
3 min readFeb 16, 2017

Não visitar os pontos famosos não significa que você não aproveitou a viagem

Não sei se a vista lá de cima é tão espetacular quanto falam, mas ela fica linda como composição de foto!

A gente tem mania de fazer isso, né? A pessoa voltou de viagem, disse que não visitou tal ponto e a nossa reação é NÃO ACREDITO QUE VOCÊ NÃO FOI NA PLAZA DE MAYO!

Eu sempre penso nisso quando lembro das minhas viagens. Sou aquele tipo de pessoa que se distrai com uma borboleta voando, e o que não faltam são borboletas para voar na minha frente quando estou viajando (metaforicamente falando). Como não costumo surtar muito quando os passeios que eu programei pro dia não saem, acabo passando a maior parte do meu tempo vagando pelas ruas e observando as modas. Com isso, é claro, perco a oportunidade de visitar alguns daqueles lugares must see. E isso nem de longe é um problema.

Aconteceu quando fui para Londres. Não visitei a Tower of London, não andei na London Eye, não conheci a Abadia de Westminster e nem lembrei de ir na National Gallery. De tudo que eu não fiz, só me arrependo de não ter agendado uma visita ao Parlamento e nunca conseguir me programar para estar no chá da tarde do Victoria and Albert Museum — e esse último item é muito mais por um motivo sentimental do que turístico. Mas então, o que eu fiz em Londres? Muitas coisas, tais como:

  • entrar no Whole Foods, comprar coisas para comer e fazer um piquenique no gramado do Kensington Gardens, em frente ao palácio
  • ter a sorte de estar em Londres na mesma época em que o palácio reabriu e poder visitá-lo
  • passear por Kensington e descobri uma casa maravilhosa na Bedford Gardens
  • andar de bicicleta, mesmo sendo uma pata sobre duas rodas
  • passar horas andando pelos parques da cidade
  • desbravar Paddington, o bairro onde eu estava hospedada
  • descer correndo do ônibus porque vi, da janela, uma galeria de arte que parecia ser muito bacana. Foi lá que comprei um dos meus enfeites de parede preferidos, da Annie Tempest
  • caminhei muito na Queen’s Walk
  • me perdi em Camden Town
  • fui para na Oxford Street por acaso e aproveitei para dar uma volta
  • visitei a Devonshire House, lar londrino da Duquesa de Devonshire
  • andei pelo Portobello Road em dia de market e, embora eu tenha achado cheia demais, me diverti a beça ouvindo os artistas de rua

Todas essas coisas me encantaram profundamente e fizeram com que eu colocasse Londres entre um dos lugares mais legais que eu visitei. Houvesse mais tempo, certamente eu teria dado uma volta na roda gigante mais famosa do mundo ou ido para a tal torre londrina, mas não fazer isso não prejudicou a visão que eu tive da cidade. (Talvez o clima tenha prejudicado, já que peguei sete dias ininterruptos de céu aberto e tenha ficado com essa Londres ensolarada na minha cabeça.)

Viajar não é uma ciência exata. Você não é obrigado a visitar um lugar só porque os guias de viagem ou seus amigos falaram — ou, pior, NÃO visitar porque é soooo last season! Sabe aquele discurso de “o aluno que faz a faculdade”? Então. Quem faz a viagem é você e mais ninguém. E se alguém acha um absurdo eu não ter visitado a Tower of London ou a Abadia de Westminster, o problema é todo da pessoa. Eu apenas sorrio, aceno e me lembro da felicidade que foi encontrar o lar onde Georgiana morou tantos séculos atrás.

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