Eu e você merecemos florescer.

Eu tenho uma tendência muita grande para desacreditar de coisas premeditadas. Em tese, eu uso isso como uma forma de não planejar o novo. E nesse ponto, tenho uma fraqueza, minhas expectativas nunca curtiram essa de calma no encontro da felicidade, quando as duas metades se esbarram em um instante de descuido, gera um bocado de desilusão no meu peito. Esses medos me fizeram passar um tempão sem me entregar por inteiro, sempre optei por ser metade. Mas dentro de mim, existe uma vontade gritante de mudar isso tudo, não sei se isso é gosto universal, mas, tenho uma necessidade danada de alguém pra contar. Alguém para somar na vida, alguém pra dividir o carregador do celular e lado do fone de ouvido, e até mesmo aquele frio na barriga. Um alguém pra se aventurar na cozinha onde a melhor especialidade na solidão é o inseparável miojo.

Dessa vez eu quero mostrar que tudo isso pode ser só uma forma de enganação que fazemos questão de dá replay. Por meses eu fiz planos com uma possível chance de felicidade, sim, isso é totalmente contraditório com minha tese. Mas eu tava arriscando tudo, e nesse meio tempo de espera, fiquei juntando os cacos que me foram tirados. Queria uma casa limpa para recomeçar sem mentiras, pra que ela entrasse e a poeria antiga não sujasse as cortinas novas que seriam trocadas do meu coração.

Eu estava afogando à saudade na esquina da decepção. Totalmente desacreditado que tal felicidade fosse dar as caras. Na verdade eu sentia que no fundo essa pessoa que estava sendo nutrida dentro de mim, jamais iria perceber que eu estava me preparando pra dividir sorrisos, abraços apertados acompanhados de beijos quentes em dias mornos.

Nesses esmorecimentos que a vida trás, chegou uma mão, aquela mão que tanto esperei. Estendida em minha direção, ela me reergueu. Mesmo com várias dúvidas permeando minha mente, eu estava me doando devagar pra você não se assustar, pra não ter chance de te ver escorrer pelas minhas mãos. E na calmaria que tua voz trouxe em um encontro de três noites frias, fui me declarando com versos camuflados de “Boa noite, tô com saudade”. Sem falar que no meio do dia lembro do encaixe perfeito que teu abraço trazia, do enrosco do teu beijo no meio, do sorriso de olho fechado que tinha rota certa para se esconder no meu ombro. Era o momento que você cometia o dolo direto — a mão percorria minha nuca e em instantes o arrepio me tomava — e você sabe como provocar minhas duas metades e ao mesmo tempo tinha o dom de abrandar ambas.

Depois que você chegou eu soube me olhar com outros olhos, era tudo que eu esperava. O dom de olhar com apreço para tudo que me feriu, de compreender que cuidei de cicatrizar todas as feridas pra você ter um mapa certo que te levasse diretamente para minha alma, pode apostar, esse é meu ponto de paz — saber que sou merecedor do teu afeto. Absolutamente tudo que vivi foi uma preparação para tua chegada. E pra ser sincero?! de nada adiantaria você chegar em momento conturbado em que não quisesse nada sério ou te encontrasse sem liberdade, preso a alguém.

Ainda que seja contraditório fazer planos para o futuro, vejo que nós merecemos intensificar esse momento, mesmo que em planos assim você se tornasse distância, meu sentimento ficará guardado na minha saudade. Nessa saudade sempre irá caber nós dois.

Os imprevistos te levaram, era inevitável. Mas, se pudéssemos, com certeza passaríamos mais que esses três poucos dias do fim da semana agarrados. Quero ter aquela ansiedade, o suor nas mãos que chegava quando a nossa sintonia revelava os momentos mais quentes. Olha, perde esse medo bobo que você guarda, esse medo de ser de alguém, não imponho condições, prefiro que você continue nessa cautela. Só quero que você me deixe despir sua alma, te trazer renovação, amor e companheirismo.

Somos frutos de um acaso. E quem dera que nesses acasos da vida você enraizasse essa minha vontade de ser teu, e no descuido a gente florescesse. Cê sabe que tô sempre te buscando, e se nem a distância te faz esquecer, é porque é em você, onde meu inteiro que morar.

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