A profundidade de uma poça.

Elisa Felix
Um pouquinho de mim.
2 min readJul 9, 2019

É como se de repente eu estivesse numa grande poça. Mas tão, tão grande que está encobrindo a minha cabeça.

É como se me impedisse de aproveitar o momento, de pensar, de respirar. É uma poça gigante de expectativas e viver o presente é cada vez mais difícil, cada batalha é mais longa, todo dia uma caminhada maior.

E eu tento mas parece impossível sair dessa poça, desse lago, desse mar. Eu não sei nadar e sinto que estou me afogando, indo cada vez mais pra baixo e cada fôlego dura menos de um segundo.

Eu ainda vejo os rostos das pessoas que eu amo, mas ninguém me estende a mão, ninguém joga uma bóia, nem sequer esboça preocupação.Eu não espero que ninguém se jogue aqui pra me tirar, eu só preciso de um puxão. De alguém que me jogue uma corda. Eu preciso de certa estabilidade... as vezes a maré baixa e ficar aqui é confortável. Talvez eu só precise de um bote.

Eu não consigo sair sozinha, eu não consigo respirar, eu... não posso me afogar em uma poça, posso? Posso morrer afogada em expectativas?

Eu queria gritar e pedir socorro, mas se eu abrir a boca as expectativas vão encher até os últimos centímetros dos meus pulmões.

Como eu faço pra sair daqui? Será que ninguém me viu cair?

Eu não terei um salva-vidas. Eu deveria ter aprendido a nadar quando tive a chance.

Eu já sei o que vai estar escrito na minha lápide:

"Morreu por esperar demais da vida".

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Elisa Felix
Um pouquinho de mim.

Sem início, sem fim… Um eterno e talvez aconchegante MEIO.