Lágrimas

As vezes é como se eu fosse insensível, como se eu não conseguisse sentir as coisas como os outros.

Eu tento, tento mesmo, mas não consigo chorar pelo mesmo motivo duas vezes. Mesmo que seja uma coisa que já tenha me feito chorar antes, uma coisa que me toca profundamente.

É como se existisse um bloqueio e eu não posso expressar o que eu sinto de verdade, como se meu subconsciente me impedisse de sentir a emoção com o sistema límbico, é como sentir com o córtex pré-frontal. Sentir com a razão, ser refém, sempre refém da falta de lágrimas e da ausência de sentimentalismo.

Eu sinto como se fosse uma pessoa diferente a cada vez que algo acontece. Como se fosse uma Eu para coisas ligadas a mim e uma outra para coisas alheias… Sentir por mim, sofrer por mim, chorar por mim… É algo impensável. Não que eu não sinta, eu sinto, sinto demais.

Os sentimentos são como tempestades, eles vêm e devastam tudo que parece estar certo. Eles tomam conta de tudo, levam o que estiver pelo caminho e devastam tudo que tenta impedir sua passagem.

E sabe o que acontece depois da tempestade? Não pensem “o sol volta a brilhar”, depois que a tempestade passa sobra a devastação. Tudo que ela bagunçou durante sua trajetória surge precisando de atenção e de uma boa reforma.

O que eu sinto com a passagem dessas tempestades é único, por isso não se repete quando eu vejo a tempestade passar novamente. Não é que não me afete mais, é simplesmente uma sensação diferente.

É como diz aquela frase, “ Você não pode se banhar duas vezes no mesmo rio.”, eu não posso sentir duas vezes um mesmo sentimento.