Budismo de Nichiren Daishonin

Uma Questão de Fé
Uma questão de fé
8 min readJun 14, 2017
Em Curitiba, as práticas podem ser feitas no Centro Cultural de Curitiba, no Cajuru. (Foto: Natalia Filippin)

Por Natalia Filippin

O Budismo de Nichiren Daishonin fundamenta-se na afirmação de que todas as pessoas têm o potencial de atingir a iluminação. Esta ideia é a síntese do Budismo Mahayana “caminho do meio”, uma das duas principais divisões do Budismo. Surgiu na Índia após a morte de Sakyamuni, através de um movimento de popularização dos ensinos do Buda. E os seguidores em vez de se isolarem da sociedade como de costume dos demais grupos budistas, lutaram para espalhar os ensinamentos e ajudar as pessoas a encontrarem o seu caminho de luz.

Mahayana é caracterizado pelo espírito de benevolência e altruísmo. As funções de todo o universo estão sujeitas a um único princípio ou lei. Através da compreensão desta lei, a pessoa é capaz de libertar o potencial oculto de sua própria vida e atingir a harmonia perfeita com o seu ambiente.

“Você pensa que está aqui porque tem uma reportagem para fazer, mas, na verdade está aqui porque você fez causa para estar aqui”, conta Ricardo Alibark, jornalista e budista.

Buda não é um ser, é uma condição de vida e a prática do budismo serve para manifestar essa condição de existência.

Entenda o budismo, suas diferentes escolas e vertentes e quem é Buda.

Quem foi Nichiren Daishonin?

Monge budista do Japão do século XIII. Fundou um importante segmento do budismo japonês que engloba dúzias de escolas de diversas interpretações doutrinárias. Antes de falecer, deixou pergaminho (Gohonzon) transferindo seus ensinamentos a seu discípulo Nikko, que construiu um templo chamado de Templo Principal Taisekiji, a atual sede da Nichiren Shoshu.

Pergaminho Gohonzon. (Imagem: divulgação/internet)

No século XIII, Nitiren Daishonin estudou no Monte Hiei. O centro da seita Tendai no Japão, e veio a entender que o Sutra de Lótus constitui a essência de todo o Budismo. Logo depois, começou a pregar o conteúdo do que havia descoberto.

Nichiren utilizava do Sutra do Lótus pois para ele era o sutra mais completo e o único que ensinava como é possível manifestar a condição de vida e seu potencial. Independente do que você fez, da sua circunstância, status social, cor ou gênero. Outros sutras dizem que pessoas que praticaram coisas muito ruins não poderiam manifestar sua condição de vida nessa existência. O budismo prega que todo mundo é um Buda em potencial.

Práticas

Recitação do Daimoko, leitura de trechos do Sutra de Lótus e a parte altruísta que é mostrar a filosofia de vida para as pessoas e falar que todos são um buda em potencial. Alvaro Gondin é budista e diz que a prática desta religião o fez um ser humano melhor.

“Eu encontro comigo mesmo a cada recitação do mantra e a cada ação do bem que eu faço para mim e para as outras pessoas. O bem que eu faço reflete e o mal também, por isso, pregamos a paz e a felicidade do todo.” — Alvaro Gondin

Guilherme, Alvaro e Ricardo, budistas praticantes. (Foto: Natalia Filippin)

10 estados de vida

1. Estado de Inferno (Jigoku)

2. Estado de Fome (Gaki)

3. Estado de Animalidade (Tikusho)

4. Estado de Ira (Shura)

5. Estado de Tranqüilidade (Nin)

6. Estado de Alegria (Ten)

7. Estado de Erudição (Shomon)

8. Estado de Absorção (Engaku)

9. Estado de Bodhisattva (Bosatsu)

10. Estado de Buda (Butsu)

(Foto: Natalia Filippin)

O que é o Sutra de Lótus?

Myo hou ren gue kyo é o nome correto do sutra e significa “o ensino superior mais elevado como a flor de lótus branco”. Composto por vinte e oito capítulos em oito volumes, nos quais contém o Dharma que representa o auge da essência dos ensinamentos do Buda Shakyamuni. Que é transmitido através de um texto escrito em prosa, versos por meio de parábolas, metáforas, alegorias, descrições de visões sobrenaturais, etc.

Dois temas centrais no sutra:

1- Atingir a iluminação consiste em despertar a semente da natureza búdica em si.

2- O Buda está sempre entre nós e aponta o caminho para a iluminação.

Nam-myoho-rengue-kyo

Recitam diariamente esta fórmula que representa o fundamento do Sutra de Lótus e é conhecida como Daimoku. No Budismo de Nichiren Daishonin, esta fórmula serve para revelar a natureza de Buda inerente em todos os indivíduos. “Tudo o que você faz na sua vida é resultado do que você fez. É uma causa. Não terceiriza-se a responsabilidade dos atos.”, conta Ricardo Alibark,

Ao recitar visa evidenciar de maneira mais rápida esse potencial e alcançar a sabedoria, coragem, benevolência, energia vital.

O homem que passou dez horas recitando um mantra

Guilherme Motomura

O estado de Buda

Atingir o estado de Buda, significa atingir um estado de singularidade com a lei, o estado de Buda é identificado por virtudes tais como verdadeira identidade, liberdade absoluta, ilimitada sabedoria e infinita compaixão.

Pratica-se o Budismo para atingir o estado de buda ou a felicidade absoluta, neste caso, felicidade não significa ausência de problemas e sim sabedoria, serenidade, discernimento e longa visão para encarar e ultrapassar todos os obstáculos e dificuldade que nos cercam.

O carma

O carma é a soma todas as causas que fizemos em nossas existências. As causas podem ser negativas ou positivas. Se desfrutamos de conforto e felicidade ou se estamos sempre com problemas, isso depende das causas que fizemos e que estamos fazendo no momento.

Os seis caminhos

Os primeiros seis estados de vida são chamados “Seis Caminhos”, uma pessoa em algum desses estados é, sem perceber, controlada pelas suas respostas as circunstâncias que a cercam baseando sua felicidade e sua própria identidade em fatores externos.

(Foto: Natalia Filippin)

- Estado de Inferno: um estado de extremo sofrimento, dominado pelo impulso de autodestruição e de tudo o mais.

- Estado de Fome: um estado no qual a pessoa deseja muito algo, e sofre com este desejo, ela é completamente dominada pela ideia de possuir o objeto do seu desejo. Não é proibido desejar coisas, desde que isso não os faça sofrer ou fazer cometer algo errado para supri-los.

- Animalidade: estado governado pelo instinto, do qual a pessoa não possui o sentido de razão ou da moralidade. Alguém nestas condições toma vantagem dos mais fracos e humilha-se diante dos mais fortes.

- Ira: uma condição dominada pelo egoísmo. Aqueles nestes estados sentem-se compelidos a ser superior aos outros em todas as coisas.

- Tranquilidade: estado no qual a pessoa pode controlar seus desejos instintivos, através da razão, pelo exercício do juízo.

- Alegria: um efêmero estado de êxtase que experimentamos, quando realizamos algum desejo.

Objetos usados na prática do Budismo de Nichiren Daishonin. (Foto: Natalia Filippin)

Os quatro nobres caminhos

Os últimos quatro estados de vida são chamados de quatro nobres caminhos e são atingidos somente através de deliberados esforços são eles:

- Erudição: Um estado do qual alguém procura a verdade através dos ensinos dos outros.

- Absorção: Um estado no qual a pessoa procura a verdade através de sua percepção direta dos fenômenos.

- Bodhisattva: Um piedoso estado no qual alguém encontra o significado de sua vida no alívio do sofrimento dos outros e não deseja sua felicidade divorciada da felicidade alheia.

Lei de causa e efeito

Todos os fenômenos estão sob a infalível lei de causa e efeito. Consequentemente, o estado de vida de um ser é a consequência de todas as causas prévias. Através da oração do Nam-myoho-rengue-kyo, a pessoa está criando a causa suprema, que pode compensar os efeitos negativos do passado.

BSGI (Brasil Soka Gakkai Internacional)

Centro Cultural de Curitiba. (Foto: Natalia Filippin)

Enfatizam o Humanismo como a sua principal bandeira de luta, a instituição baseia toda a sua filosofia de atuação em ações que o promovam e o valorizem. Guilherme Motomura, formado em matemática e budista, conta que o BSGI é o caminho certo para quem quer se conhecer de verdade e entender o mundo. “Eu faço coisas erradas, como fumar, beber álcool, mas eu tenho consciência disso. É um mal que eu faço para mim. O budismo nos ensina a repensar e aos poucos reconhecer que alguns desejos nos levam pra longe da felicidade plena”, relata.

- Filosofia Humanística: A inspiração baseia-se na filosofia humanística do Budismo de Nichiren Daishonin. Seus conceitos principais são: a dignidade e a igualdade inerentes em todos os seres humanos; a unidade da vida e seu meio ambiente; o inter-relacionamento das pessoas que fazem do altruísmo o caminho viável para a felicidade pessoal; o potencial ilimitado de cada pessoa para a criatividade, e o direito fundamental de cultivar o auto-desenvolvimento por meio de um processo de reforma automotivada denominada de “revolução humana”.

Com base em sua missão vêm promovendo exposições, intercâmbios com universidades e museus entre outras atividades nas áreas da educação e cultura.

O objetivo institucional da SGI é a difusão da filosofia humanista de Nichiren Daishonin, cuja diretriz básica é felicidade plena de toda humanidade.

- Missão: Contribuir para a construção de uma sociedade pacífica baseada no Humanismo, por meio da promoção de ações conscientes que desenvolvam o potencial inerente de todo ser humano.

- Visão: Legar às futuras gerações princípios de desenvolvimento humano sustentável, tendo como base os ideais humanísticos da Cultura de Paz.

- Valores: A dignidade da vida é a consolidação de uma paz duradoura conquistada por meio da felicidade plena de cada indivíduo. Vivenciar isso é tarefa a ser buscada dia a dia, árdua e incansavelmente.

Local onde são feitas as principais celebrações. (Foto: Natalia Filippin)

BSGI — Centro Cultural de Curitiba

Rua Antonio Meirelles Sobrinho, 540, Cajuru,Curitiba — Paraná — Telefone: (41) 3366–9973.

Todos os sábados às 19 horas acontece uma cerimônia de apresentação para quem quiser conhecer e aprender mais sobre o budismo.

Confira os centros budistas em Curitiba e colabore com o mapa.

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