A intimidade do primeiro encontro
Esses dias, durante uma conversa em grupo no Facebook, percebi que sabia um detalhe íntimo sobre uma das pessoas ali que explicaria o comentário que ela acabara de fazer. Achei curioso que eu conhecesse esse detalhe, porque só vi a pessoa uma única vez, no dia em que nos conhecemos num ~date~. Não era nada sério, mas algo sentimental que norteou a vida dela e a fez estar onde está hoje — ou seja, era importante.
“Pera, que estranho isso. Como é que eu sei algo tão particular sobre uma pessoa que só vi uma vez?”
Corri à minha lista de amigos no Facebook e para a minha surpresa havia ali um padrão: sei ao menos uma informação bem pessoal sobre cada garota com quem saí com segundas intenções. Mesmo nos casos em que não rolou nada.
Fiz esforço pra lembrar de outras pessoas com quem tive encontros meio às cegas e acabei recordando outros segredos. Nem sempre coisas impactantes, claro, mas todas particulares como “engravidei do meu melhor amigo”, “já abortei”, “meu ex, com quem acabei de terminar, é bandido” (curiosamente ouvi isso mais de uma vez), “meu irmão era traficante”, “tenho rolos com a cidade inteira”, “faço sexo anal se o cara me deixar fazer nele”, “não deixo passar a mão”, “faz meses que não beijo alguém sóbria” e assim vai.
Pensei bem e, na verdade, é provável que todas elas tenham informações interessantes sobre mim, também. No caso da garota que me fez perceber isso, é algo tão particular que, se eu escrever e ela ler, terá certeza de que falo dela — e não tem nada a ver com sexualidade.
A gente vive reclamando sobre a superficialidade dos primeiros encontros, mas a verdade é que as pessoas se abrem nessas ocasiões sem se dar conta. Talvez a banalização do date gerada pelo Tinder tenha criado essa sensação — ou talvez ela seja mesmo verdade hoje, mas não sei opinar porque quando o aplicativo apareceu eu já namorava.
Eu canso só de ouvir as pessoas contarem dos dois, três encontros que tiveram em uma semana por causa do Tinder, mas acho que além do questionário padrão com “o que você faz?”, “onde estudou?” etc. a gente sempre acaba misturando informações que realmente mostram quem somos, mesmo que não percebamos. No fundo, primeiros encontros são mais legais do que parecem.
Sim, eu usei blink-182 no post.