Nós, homens, somos opressores

Leonardo Pereira
Uma Pera
Published in
2 min readJun 9, 2016

Eu não sei qual é a dificuldade dos caras em entender que o homem é, sim, um opressor. A gente vive botando as mulheres pra baixo descaradamente.

Anos atrás eu tive uma namorada que eu vivia censurando. Sempre a fazia trocar de roupa pra botar peças que não fossem “vulgares”, cheguei a fazer com que ela parasse de fumar e a proibi de beber. Pra nada disso eu tive que usar força física, bastou o terrorismo psicológico — e as famílias geralmente apoiam essas coisas, já que você posa como salvador, o carinha legal que tá tentando ajudar.

Mais pra frente, mesmo tendo dado uma melhorada, eu ainda não tinha dimensão do problema. Por exemplo: embora não fosse muito chegado a esse negócio de mexer com meninas pela rua, até o surgimento da onda feminista moderna eu nunca tinha parado pra pensar na bosta que é pra elas não poder caminhar tranquilamente sem serem incomodadas. Acho que pra mim valia o pensamento do “ignore e tá tudo certo, segue a vida, pare de reclamar”. Aliás, não faz muito tempo (talvez uns 3, 4 anos) eu chamei de exagerada uma conhecida que reclamou quando eu usei a palavra “vadia” numa conversa, mesmo que de forma genérica, pra xingar mulheres — ela tinha toda razão em me repreender, mas meu instinto de macho bateu forte na hora.

E eu não me engano. Embora hoje tenha mais consciência, eu muito provavelmente faço umas cagadas com a namorada atual, com amigas, com a mãe… Só que eu sou o esquerdo-macho em evolução, brigo comigo o tempo todo pra melhorar, torcendo pelo dia em que esse complexo de superioridade desaparecerá de vez da minha cabeça.

Homens, parem de reclamar de generalização e façam alguma coisa pra se policiar. A gente é ensinado desde o berço a tratar mulher com desrespeito, é natural que não entendamos o problema direito. Não precisa ter vergonha de admitir que tá errado, que não sabe como tratar da questão. Só parem de negar, porque cada um de nós conhece o machistinha de merda que vive no interior de si próprio, aquele monstrinho que tá sempre pronto pra dar as caras, mesmo sem ser provocado.

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