Fui pedida em casamento.
E ela já ‘tá ali há algum tempo.
Afinal, você não conhece a pessoa da noite pro dia, né?
Ela veio como um amor de verão para mim.
Eu estava olhando para o teto num desses julho’s de 30 graus. Eu lembrei que a gente se conheceu ainda na infância.
E todas as vezes em que a gente trocava umas palavras, eu ia lá e mostrava para minha mãe o que se passava.
Mamãe ficava assustada, às vezes, com o que eu compartilhava… Afinal, eu só tinha nove anos. Mas já falava de amor.
Mas com 16, começou o flerte. Era verão como te falei. Eu estava assim olhando para o teto e uma coisa mexeu no meu peito:
Eu olhava para ela e sabia que ela queria ser minha.
A gente, então, sentou numa cadeira: ela em cima de mim; veio pro meu colo. Aconcheguei-a nos meus braços.
E eu a abracei sabendo que aquilo iria durar a eternidade.
Nossa primeira vez veio em questão de dias. Meu ato de amor para ela foi querer fazê-la sorrir: escrevi um livro.
Mas vieram as aulas depois daquelas das férias e, admito, uns rapazinhos da escola atrapalharam que eu a amasse devidamente.
Mesmo assim, no verão seguinte, a gente se viu de novo. E eu acordava cedo até dia de domingo para conversar com ela.
Mais uma vez, quis fazê-la sorrir de novo: aí veio outro livro.
Só que “sempre tem um mas”: eu tinha que estudar para o vestibular. E, com o tempo, fui deixando de dar atenção para ela.
Com o tempo, ela foi murchando perto de mim.
E eu comecei a ficar triste.
Mudei de cidade. Comecei a cursar faculdade. Paramos de nos falar um pouco. A gente se encontrava vez ou outra em conversas aleatórias de madrugadas mantidas à base de café e chocolates.
Eu tentava estudar, mas ela sempre vinha me chamar a atenção, mesmo que a gente não se falasse por MSN.
Mas eu estava, então, com 21 e ela queria me ajudar: queria me fazer um agrado; queria me levar para Minas. Eu me empolguei, então, e disse: sim, isso merece outro livro.
Quase reprovei em umas matérias da faculdade, mas eu sabia que eu tinha que fazer aquilo: não poderia deixar aquele amor morrer.
A viagem acabou que não deu certo. Mesmo assim, ela e eu mantivemos o contato por meio de um grupo literário. Só que era aquele “e aí, tudo bem? Sumiu…”.
Pois bem: agora, três anos depois, ela voltou pra minha vida.
E veio com força: tirou minhas noites de sono; veio consertar os pedacinhos do meu coração que restaram de relacionamentos com certos (ou incertos) homens.
Mas quer saber? Eu sei que eu vou sempre acabar voltando para ela.
Eu a observo nesse momento… Estamos de mãos dadas. E sei que a faço sorrir. E isso que sempre vai importar: eu fazer aquela menina sorrir.
Aquela menina sou eu. Aquela menina de 9 anos que escrevia poesias para a mãe. Aquela menina vai casar comigo.