Galinhas na caçamba
Se te perguntassem se há algo para se comemorar no dia de hoje (28 de fevereiro), provavelmente você poderia dizer que palmeirenses e gremistas teriam essa chance — claro que de alguma forma os rivais desses também.
Mas, talvez para sua supresa, hoje se comemora (?) o dia da ressaca. Pois é, pelo menos é o que se encontra em calendários por aí e, ao que tudo indica, esse dia foi reservado para que o brasileiro pudesse se conscientizar a respeito dos excessos alcoólicos. Aliás, ALIÁS, por coincidência, ou não, o dia fora designado para logo após o carnaval.
Talvez você pode encontrar alguns artigos escritos nos jornais de hoje a respeito disso, dando algumas dicas de como passar por esse momento em que o corpo parece estar mandando uma mensagem a você: “QUAL O SEU PROBLEMA?”.
Lendas no futebol que circulam o tema não faltam, seja jogador chegando pra treinar de ressaca, seja jogando de ressaca. Os finais desses contos também são diversos, com alguns sendo dispensados ou afastados do time, assim como de alguns que, mesmo que com bafo de álcool, acabam por fazerem partidas memoráveis chegando até decidirem o jogo.
O folclore do futebol brasileiro estabelece uma dicotomia entre os jogadores já denominados como bad boys, jogadores-problema, bandidos do bem e os jogadores de condomínio.
Pois é, mais uma briga pra você escolher um lado.
Brincadeira! Hoje é domingo, tem final de copa do Brasil e certamente vale mais uma ressaca boa disso, do que a ressaca de cabeça quente de discussões bobas.
Portanto, caso você esteja de ressaca, a recomendação é o artigo escrito por Kingsley Amis, tanto pra te tirar um riso, como pra tentar melhorar esse estado de sentir como a barata de Metamorfose, de Franz Kafka.
Para terminarmos, seguimos a recomendação do cronista literário britânico, vale algumas leituras para tratarmos a ressaca metafísica, mas aqui vai uma de futebol que, para variar, foi contada pela Trivela.
O fato foi tirado de uma entrevista de Jürgen Klopp para um documentário da Amazon Prime Vídeo sobre o Borussia Dortmund, em que relata sobre a conquista da Bundesliga de 2011.
“Não recordo de muita coisa que tenha sentido. Estava realmente bêbado, algo que deu pra notar em algumas entrevistas. Mas eu me lembro de uma coisa, não tenho certeza se falei antes com alguém.
Eu acordei em um caminhão dentro de uma garagem, depois daquela noite. Estava sozinho. Eu me lembro disso, mas não tenho nem ideia do que aconteceu nas horas anteriores.
Assim que eu saí do caminhão entrei em um grande pátio de fábrica e vi a silhueta de um homem. Era Aki Watzke. Assobiei e vi que ele diminuiu o passo. Éramos as únicas pessoas naquele enorme espaço.”
É preciso explicar que Aki Watzke é Hans-Joachim Watzke, diretor executivo do Borussia Dortmund.
A história continua com ambos saindo do local precisando ir até o local onde continuariam as celebrações do título, mas as ruas estavam fechadas justamente em razão da festa do título alemão, mas ainda assim passavam alguns carros ali.
Então, conseguiram com que uma caminhonete parasse, mas cujo motorista relutou muito para conceder uma carona até o centro. Então, quando o dirigente tirou 200 euros do bolso, a viagem iria seguir seu rumo.
“Aki se sentou na frente e eu fiquei atrás, batendo minha cabeça. Ouvi um cacarejo e pensei que estava sonhando, mas a caçamba estava cheia de galinhas.
Então precisamos atravessar os bloqueios nas ruas. Aki gritava pela janela e as pessoas diziam: ‘Oh, Herr Watzke! Passe, por favor!’. Mas não me lembro de muito mais”.
