A Bolha do Processo Criativo

Leco Vilela
Umbler News
Published in
3 min readMar 8, 2017

cri·a·ti·vi·da·de | sf — 1 Qualidade ou estado de ser criativo. 2 Capacidade de criar ou inventar; engenho, engenhosidade, inventiva.

Ao longo da minha carreira sempre tive curiosidade sobre como as pessoas criam. Seja no Teatro, espaço em que me profissionalizei, seja na dança, seja na pintura ou até mesmo dentro de agências de publicidade.

O Processo Criativo, sempre esteve presente no meu dia-a-dia e também como objeto dos meus estudos. Mesmo sendo algo completamente pessoal e intransferível, a forma como cada indivíduo cria passa obrigatoriamente por três etapas, sendo elas Referência, Ideia e Execução. Este caminho está relacionado diretamente com o nosso processo cognitivo, ou seja, a forma como compreendemos e armazenamos as informações e as experiências que temos ao longo da vida.

Referência

Esse estágio é o momento em que consultamos nossas referências internas e externas a fim de atingir determinado objetivo. Seja ele criar uma personagem ou o logo de um cliente. Do ponto de vista externo, fazemos benchmarking, estudamos o público-alvo e tentamos entender os interesses e comportamentos dos clientes. Por outro lado, quando buscamos referências internas, revisitamos, muitas vezes de forma inconsciente, todas as nossas vivências que são próximas ao objetivo em questão. Essa conversa entre o lobo temporal medial e o sistema extra-piramidal, é o que resulto nos insights que irão produzir as ideias.

Ideia

Este é o momento em que, as referências tornam-se ideias a fim de nos ajudar a alcançar o nosso objetivo. Num grupo de teatro este momento é estendido durante todo o ensaio, ou seja meses, para alguns pintores as ideias pipocam sem um momentos específico e muitas vezes aparecem enquanto os artistas se dedicam a outras obras. Já no ambiente corporativo, por uma questão de demanda, essa etapa recebe o nome de BrainStorm, considerando os estímulos neurológicos produzidos durante esse processo, o nome está corretíssimo.

Execução

Como o nome já sugere, é nesta etapa em que as ideias que mais se aproximam de resolver o objetivo são selecionadas, testadas e aplicadas. Ao materializar os insights que surgiram na etapa anterior, os indivíduos costumam a revisitar as referências e alinhar suas expectativas de acordo com o material criado.

Tá! Legal, mas Kiko tenho haver com isso?

O problema é que justamente na etapa mas sensível do processo que pecamos, a referência. Uma fez que nos condicionamos a focar nossa atenção somente ao nosso objeto de estudo primário, ou seja, atores estudando cênicas, pintores estudando plásticas e por ai vai. É muito comum nos vermos rodeados de informações que envolvem somente aquele que somos próximos ou que gostamos.

Outro fator que aumenta o problema é a tão falada “Bolha da Internet”. Cada vez mais algoritmos te entregam aquilo que você quer e afasta o diferente do seu dia-a-dia. Tornando cada vez mais difícil o processo de sair da sua zona de conforto, seja ela intelectual ou estética, por exemplo. Esse movimento fomenta um ciclo de retroalimentação, culminando em construções visuais muito próximas umas das outras.

É por essas e outras que precisamos exercitar cada vez mais a empatia para com o diferente e treinar o nosso olhar para entender outras coisas além da sua visão de mundo.

O etnocentrismo talvez seja o grande vilão do século XXI, e para combate-lo e necessário acima de tudo boa vontade para olhar para os outros lados e ampliar suas referências e dessa forma otimizando as suas criações, seja ela uma coreografia ou um painel de graffiti.

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Texto originalmente postado no LinkedIn — https://goo.gl/6UAa6m

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Leco Vilela
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Innovation Project Manager and Digital Product | Digital Marketing | Mentor at @mygwork - LGBT+ professionals & allies