Ni No Kuni: Whath of the White Witch

Por Dentro do Jogo | Resenha

Karla Pinheiro
umlugarparatodasascoisas
8 min readJun 17, 2020

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Ni No Kuni simplesmente foi o jogo que a época, me fez comprar um PS3 só para poder jogá-lo e, acho que isso diz muita coisa, fora a certeza de que com Studio Ghibli e Level 5 trabalhando em conjunto, só poderia sair coisa boa.

O game é um JRPG que teve seu primeiro lançamento para Nintendo DS somente no Japão em Dezembro de 2010 e se apresentava como Ni No Kuni: Dominion of the Dark Djin, saindo para o ocidente em 2013 tendo Whath of the White Witch como subtítulo em uma versão aprimorada para PS3. O jogo surgia de cara nova, totalmente reformulado e trazendo em sua campanha algumas novidades, tornando-o muito mais bonito e atraente com novos gráficos, mais história, línguas adicionais e com elas, a oportunidade para que mais pessoas pudessem aproveitar dessa experiência.

Hoje, o game conta com mais uma versão para Nintendo Switch e uma remasterização para PC e Playstation 4, também tendo uma sequencia de nome Ni No Kuni II: Revenant Kingdom lançada em 2018, mas que difere muito de seu antecessor ao abandonar certos aspectos, tanto em narrativa quanto em jogabilidade.

História

Devido a um acidente logo no início do jogo, que acaba sendo causado por sua desobediência, Oliver acaba perdendo sua mãe, ficando sozinho e de coração quebrado, termo que é usado muito durante o jogo ao encontrarmos várias pessoas no mesmo estado só que, pelo mal tê-los consumido através de seus próprios sentimentos e aflições.

Oliver, mergulha em profunda tristeza e derrama suas lágrimas em Drippy, uma espécie de fada adormecida em forma de boneco, que por sua vez conta a Oliver sobre a existência de outro mundo (Ni No Kuni) e que ele precisa ajudá-lo pois Shadar, o The Dark Djinn, um mago muito poderoso, está quebrando o coração das pessoas e com isso tem trazido conflitos para ambos os mundos.

O interesse do garoto aparece quando Drippy, conta da chance de salvar a sua mãe nessa empreitada e de fato ele parte tendo essa motivação, mas no decorrer Oliver se preocupa cada vez mais em ajudar as pessoas daquele mundo, restaurando os corações de todos e demonstrando sua coragem e a bondade existente em seu próprio coração.

A história Também é regada de piadinhas e bom humor, rendendo até cena de stand up no meio do jogo! Fora os diversos trocadilhos como “Sua Meowgestade” que estarão sempre presentes.

Temos muitos personagens carismáticos, como o próprio Mr Drippy (mun!), o rei de Ding Dong Dell, um personagem de uma quest enorme que faz lembrar o mago Howl de “O Castelo Animado” também do Ghibli e é claro, o mal humorado Swaine e seu sarcasmo e a doce e corajosa Ester, cada qual com suas personalidades bem definidas até onde o jogo as mostram.

Gráficos e animações

Com o seu lindo cell shading, e selo Ghibli de qualidade, estúdio responsável por primores como “My Neighbor Totoro”, “The Howl Moving Castle”, “Spirited Away” fica responsável pela arte do game e talvez por isso que passamos por belos cenários e cidades, que é onde o estilo do estúdio mais brilha. Há lugares como Ding Dong Dell que são realmente únicos e cheios de detalhes, já o design dos personagens humanos são bem simples, como quem acompanha os filmes do Ghibli já está habituado, mas conseguem exprimir na sutileza de seus traços a sua individualidade, sabendo manter um certo charme para cada um. Já os Familiars são bem mais elaborados, entregando criaturinhas carismáticas e diferenciadas, que provavelmente te fará querer carregá-los em sua party.

Jogabilidade

De fato por termos criaturas lutando ao nosso lado para nos ajudar em batalhas, acaba não tendo como não o associarmos a Pokémon neste quesito. NNK segue com uma mescla de ação com a tradicional batalhas por turnos podendo se mover e interagir com outros elementos durante o confronto. De início as batalhas podem parecer fáceis, mas ao progredir no game é acrescentado mais e mais possibilidades te dando um leque de opções que vai depender muito da sua estratégia em campo.

Lutamos com os familiars, as diversas criaturas espalhadas por Ni No Kuni, criaturas estas capturáveis, que contam com uma gama de poderes e signos que dependendo do seu adversário pode ser mais fraco ou mais forte. Além disso os familiars também contam com espécies diferentes, atributos a melhorarem conforme avança e por que não? Evoluções!

Além dos familiars, temos Oliver, que, mesmo em aprendizado, interpreta o papel do mago, fora e dentro de batalha, além de sempre poder contar com os membros humanos da sua party, seja em movimentos pré-determinados ou usando-os em batalhas no lugar de Oliver. Cada qual com suas próprias habilidades e seus próprios familiars que é claro, também são jogáveis. A alteração entre familiars e pessoas pode ser feita a qualquer momento durante luta o que dá uma agilidade as batalhas tornando-as mais dinâmicas.

Há vários outros sistemas interessantes no jogo como:

Alquimia, onde criamos de armas à alimentos que aumentam os atributos dos nossos familiars.

Locket, onde Oliver guarda virtudes em excesso de algumas pessoas para dar a outras que estão sem, consertando assim, os seus corações.

Feitiços, estes usados fora de batalha. Oliver possui poucos de início mas, assim como tudo em seu livro, (o lindo Wizard’s Companion) mapas, alquimia, enciclopédias, etc, você vai coletando-os pouco a pouco.

Dublagem e Música

A dublagem do jogo se mostra excelente em todos os seus personagens. Eu pessoalmente tenho o hábito de ver o que é original japonês em Japonês mas a dublagem em inglês, da qual testamos também, não fica devendo em nada.

Muitas coisas em um game devem conversar entre si e estar ali para lhe possibilitar imergir em seu mundo, com a música não poderia ser diferente, dando carga emocional na aventura e, a trilha de Ni No Kuni, encabeçada pelo maestro, compositor e diretor musical japonês Joe Hisaishi, que possui diversas trilhas também do Ghibli em seu repertório, nisso em nada deixa a desejar, contribuindo para boa parte das cenas tanto encorajadoras, quanto tocantes. Temos a divertida “Neko Kingdom’s Castle Town” em Ding Dong Dell, a evocativa “Fragments of Hearts” ou apenas “Field” em sua versão instrumental, a doce “Miracle ~Reunion~” ou o seu arranjo em “Arie ~Recollection~” e a versão do “Main Theme” em “To the Decisive Battle” que consegue ser grandiosa e igualmente linda. Joe, mais uma vez, parabéns!

Contras

Uma coisa um pouco irritante é a inteligencia artificial de seus aliados em batalha, roubando suas orbs de hp/mp e cancelando por vezes o seu turno em prol do deles e gastando a sua MP junto. Sendo um gol contra, toda vez..

O game também é um pouco fácil. Se quiser jogar com desafio de verdade, comece no Hard, desative qualquer tipo de ajuda como os guias no mapa e realmente se perca dentro da aventura. E outra coisa, se resolver pegar o easy não pegue os Tokos, uma espécie de familiar que aparece em dada parte do game lhe dando muita experiência cada, dependendo da sua paciência, isso vai facilitar a sua vida mais do que deveria e vai tornar os inimigos feitos de papel, tirando um pouco da graça e até a utilização das estratégias de signos, etc.

Há outro ponto negativo no jogo mas como abordá-lo seria spoiler, por estar diretamente ligado a sua história, não o mencionarei aqui, só digamos que algumas adições que o game recebeu na sua campanha em sua versão atualizada para consoles de mesa, são tanto desnecessárias quanto redundantes tornando-as totalmente dispensáveis.

Jeepers Creepers!

Ni No Kuni pode ser resumido em três palavras: Imersão, contemplação e comoção. E mesmo parecendo ter um viés mais infantil, toca de um jeito muito sutil e delicado em temas como amadurecimento e depressão. Não tendo medo de construir para desconstruir personagens quando precisa e em alguns momentos, subverter as expectativas do que se espera que o jogo te dê como recompensa por estar seguindo essa jornada.

Ele tem tudo o que um RPG deve ter, dungeons diversificadas, lugares diversos, criaturas fantásticas, magias, raças, cavernas, dragões e muito mais, com uma jogabilidade que não fica devendo.

A história do jogo apesar de ser simples é o que rege e cativa todo o game e muito difere das histórias de hoje em dia, tendo muito disso devido a Oliver e da própria aventura que se segue.

Ni No Kuni faz Jogá-lo ser um pouco como ler um livro de fantasia, trás um sentimento de aventura que tivemos com livros que crescemos lendo.

Nosso protagonista não é um grande guerreiro ou um cara forte com uma espada, mas sim uma criança, e por criança digo criança das antigas, trazendo uma espécie de inocência como não se vê muito hoje em dia.

Ni No Kuni pode ter lá seus problemas, mas ainda assim consegue ser um excelente jogo. Não é para todos. Não é para poucos. Mas é para aqueles que assim como eu, desejam desbravar um mundo fantástico junto a uma jogabilidade que o torna atrativo e divertido até em fim podermos nos despedir daquele mundo.

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Karla Pinheiro
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Escrevo para desanuviar a mente, organizar as idéias e dar uma opinião que ninguém pediu | Textos, devaneios e pseudo versos | Twitter: @kahmundongo