10 dicas práticas sobre adaptabilidade ágil

Daniel Bardusco
unboxlab
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13 min readDec 18, 2020

Caminhos para a não obsolescência em um mundo em transformação acelerada.

Detalhe da pele de um camaleão (foto por Isaac74 via iStock).

Durante o mês de novembro, tive a oportunidade de participar do “Kollegen-Campus 2020”, uma convenção anual internacional, cujo objetivo é fomentar a cultura de aprendizagem entre as empresas do Grupo Bertelsmann. Durante o evento, colaboradores com os mais variados backgrounds, nacionalidades e expertises puderam compartilhar entre si aprendizados, cases e experiências em palestras e workshops interativos. Este ano, devido a pandemia do coronavirus, o evento ocorreu totalmente online e foi nesse contexto que, nós do Unboxlab (laboratório de inovação da Afferolab), decidimos abordar os temas de adaptabilidade ágil, infoxication e lifelong learning de forma rápida, descontraída e útil.

Este artigo é um resumo de nossa apresentação.

A mudança é a única constante da vida — Heráclito

Mais do que nunca, nos sentimos desorientados em meio a um turbilhão de mudanças, algumas recentes e outras nem tanto, causadas pelo avanço tecnológico, que nos conduz aos limites da globalização e desafiam constantemente nossa capacidade de adaptação.

Novas tecnologias estão ditando a velocidade dessas mudanças e estão mudando fundamentalmente o mercado de trabalho como o conhecemos. Por quanto tempo vamos permanecer apegados às identidades rígidas que estabelecemos em relação às nossas carreiras? Aprender uma nova habilidade ainda precisa ser um movimento tão desgastante?

Para manter um registro dessas mudanças, de seus impactos e para gerar esse tipo de reflexão, o World Economic Forum publica anualmente “The Future of Jobs Report”. A edição de 2020 traz insights interessantes sobre as disrupções causadas pela pandemia de COVID-19, em um contexto mais longo de ciclos econômicos, além de perspectivas de novas mudanças em relação à tecnologia, empregos e habilidades nos próximos cinco anos.

Todo ano, um dos insights publicados é referente aos Future Skills, ou habilidades-chave para o futuro do trabalho. A lista com as 10 principais habilidades contém itens como “pensamento analítico”, “capacidade de resolução de problemas complexos”, “resiliência”, “criatividade”, “uso de tecnologia”, etc. Em teoria, esse seria o “gabarito” ou ao menos um norteador para que pudéssemos saber que habilidades desenvolver, investindo tempo e recursos, para nos tornarmos cada vez mais relevantes no mercado de trabalho, nos próximos cinco anos. No entanto, ao analisar os itens da lista, podemos perceber que:

· Essa lista de habilidades futuras nos diz apenas O QUE devemos que alcançar.

E na sequência, é natural perguntar:

· O que devemos fazer para chegar lá sem, por exemplo, nos sentir “infoxicados”?

· Existem maneiras mais simples para se fazer isso?

Talvez existam…

O Unboxlab, laboratório de inovação da Afferolab (do qual faço parte), vem pesquisando tendências sobre o futuro do trabalho já há algum tempo e, analisando tanto a lista de Future Skills do World Economic Forum (WEF), quanto a do Institute for The Future (IFTF), chegamos a duas conclusões:

· As habilidades listadas são Soft Skills (NÃO Hard Skills).

· Em essência, essas habilidades são sobre adaptabilidade e agilidade.

Sendo assim, podemos simplificar nossa vida, nos tornando bons, não em 10 coisas, mas em apenas duas (adaptabilidade e agilidade). Ficou mais fácil, não?

Perseguindo as 10 dicas presentes nessa lista, você estará desenvolvendo e praticando uma espécie de adaptabilidade ágil. Isso vai direcioná-lo de forma natural ao encontro das cobiçadas habilidades-chave para o futuro do trabalho (ou pelo menos assim espero! 😉).

1. Lifelong learning

A maioria das pessoas associa a aprendizagem com a educação formal na escola, faculdade, cursos, etc. No entanto, “escolaridade” é apenas um tipo de aprendizagem. A aprendizagem hoje se dá no fluxo da vida e não está mais restrita a um horário determinado, formato, instituição, tipo de mídia ou canal. Flexibilizar os limites e fronteiras que impomos a maneira como conduzimos o nosso próprio aprendizado, é o primeiro passo para que nos tornemos lifelong learners.

Canais de aprendizagem formais e informais presentes no nosso cotidiano.

Além disso:

· Lifelong learners são automotivados É uma prática contínua. Requer protagonismo.

Em seu livro “Inevitável: As 12 forças tecnológicas que mudarão o nosso mundo” Kevin Kelly, fundador da revista Wired, diz:

“Na era do ‘tornar-se’, todo mundo irá torna-se um novato. Pior: seremos novatos para sempre. Isso deveria ser o bastante para nos manter humildes.”

Por quê novatos para sempre? Como Kelly observa, a tecnologia e as ferramentas que usamos estão em constante mudança. Frequentemente, aprender uma nova ferramenta requer desaprender a antiga.

O conselho que o próprio Kelly nos dá sobre isso é:

“Fique bom no modo iniciante. Aprenda novos programas, faça perguntas idiotas, cometa erros estúpidos, solicite ajuda e ajude os outros com o que você aprende (a melhor maneira de aprender por si mesmo).”

O que precisamos, então é aprender a aprender. Uma espécie de meta-habilidade.

2. Meta-skills

Se podemos tornar nossas manhãs mais produtivas, tomando decisões sobre como tomamos decisões pela manhã, então é possível, por exemplo, aprender a aprender.

· Decidir sobre como tomar decisões.

· Tornar-se hábil na aquisição de habilidades.

· Aprender a aprender.

Não há uma receita para isso, mas algumas pessoas estão descobrindo como fazê-lo.

O futurista Tiago Mattos é cofundador do laboratório de exploração de cenários futuros Aerolito e membro do corpo docente da Singularity University.

Em sua busca incessante por autoconhecimento, Tiago percebeu que suas experiências de aprendizagem mais significativas aconteciam quando ele conseguia abrir mão de ideias preconcebidas, para suplantá-las com novos conceitos.

Em suas próprias palavras:

“Venho dissecando o processo por trás de algumas de minhas maiores experiências de aprendizado.”

Para isso ele criou o que chama de Matriz de Autoaprendizagem.

Matriz de Autoaprendizagem por Tiago Mattos.

Em entrevista recente, Tiago enumera cinco fenômenos que ajudam a definir o FUTURO DO TRABALHO. São eles:

1. Profissões se tornando habilidades

2. Empresas se tornando APIs

3. Hiperespecialistas se tornando multidisciplinares

4. Organizações se tornando escolas

5. Carreiras se tornando ciclos de aprendizagem

Sim, Tiago também tem muitas ideias sobre carreira. Sobre como encaramos o desafio de uma carreira moderna, mais especificamente, podemos dizer que Tiago vê isso como uma oportunidade.

Matriz de plano de carreira não linear por Tiago Mattos. Tradução livre.

Ao contrapor graficamente uma carreira linear a uma carreira não linear, ele chega a algumas reflexões interessantes. Por exemplo:

Ao agir como um intraempreendedor, você tem a oportunidade de passar por uma série de ciclos de aprendizagem dentro da instituição ou empresa na qual trabalha atualmente e definir uma identidade singular e flexível para sua carreira.

Tiago está “hackeando” o modelo de carreira. Talvez você também possa fazer o mesmo.

3. Aprenda fazendo

Você é familiar com o conceito de disciplinas?

As disciplinas são uma ramificação artificial, projetada para facilitar as práticas de ensino.

Como toda forma de categorização, as disciplinas ajudam inicialmente a quem está aprendendo um novo conceito. No entanto, este tipo de categorização pode se tornar uma amarra restritiva para o aprendizado que acontece na prática.

Já o conceito de transdisciplinaridade, trata da aquisição de conhecimentos de forma holística e contextualizada (na prática), rompendo as fronteiras entre as disciplinas.

O mesmo pode acontecer em uma carreira não linear. Quando estamos lidando com desafios práticos em nossas atividades durante um dia de trabalho, podemos sentir a necessidade de aprender algumas das práticas de outra profissão ou cargo. Esta é uma forma de upskilling na prática.

Aprender, agora faz parte do trabalho. Se o lifelong learning deve ser um ato deliberado e voluntário, como podemos fazer para manter a chama do interesse acesa? O que nos move a continuar a aprender? O que nos motiva?

Estamos falando de propósito (o famoso por quê).

Propósito:

· É a razão (pessoal) pela qual você continua fazendo o que está fazendo.

· Vai levá-lo a refletir sobre sua atividade atual.

· Pode ampliar seu autoconhecimento.

NICAILA OKOME apresentadora do SIDE HUSTLE (PODCAST sobre empreendedorismo), ressalta que você não precisa se dedicar apenas a sua carreira principal. E nem deveria. Uma paixão por uma atividade paralela pode contribuir de múltiplas formas para seu desenvolvimento pessoal e profissional. Nicaila está interessada em histórias de pessoas que perseguiram sua paixão e a transformaram em empreendedorismo, independente de sua carreira principal.

“As pessoas são ‘multiapaixonadas’. Muitos projetos paralelos são iniciados simplesmente porque as pessoas estão interessadas em muitas coisas diferentes. Isso não significa que você não esteja comprometido com seu trabalho, apenas significa que você tem outras atividades que lhe trazem alegria.”

Pessoas que iniciam seus próprios negócios como um projeto paralelo, acabam aprendendo uma série de novas habilidades de forma transdisciplinar. É uma forma de obter autoconhecimento. Nos ajuda a descobrir qual é o nosso propósito na vida. Este é o principal combustível para o aprendizado.

4. Mindset digital

John Maeda é um dos pensadores interdisciplinares mais proeminentes do mundo em tecnologia e design.

Em seu livro, “How to Speak Machine”, Maeda baseia-se em sua ampla experiência de engenharia a ciência da computação e design, para nos mostrar como empresas e indivíduos podem identificar oportunidades oferecidas pela tecnologia para fazer produtos inclusivos e que mudam o mundo — evitando armadilhas inerentes ao meio.

“Quando você está equipado com essa mentalidade computacional, os produtos (e experiências) que você desenvolve tornam-se fundamentalmente diferentes.”

A entrega de grandes experiências para seus clientes, usuários ou consumidores exige um pensamento interdisciplinar. Em um mundo cada vez mais digital, a tecnologia tende a permear inúmeras experiências (inclusive as de aprendizagem). Essa dimensão deve sempre ser parte de nosso mindset.

Fonte: CX Report 2020 by John Maeda. Tradução livre.

5. Colaboração distribuída

Em seu “CX Report 2020”, Maeda também destaca a importância da colaboração entre as equipes distribuídas nas empresas e como o COVID-19 nos impulsionou nessa direção.

Apesar de tudo, a pandemia acelerou nosso aprendizado no que diz respeito ao trabalho remoto. Sim, o trabalho remoto era um novo skill, para a maioria de nós antes da pandemia. Trabalhar em uma equipe distribuída é muito mais do que cooperar à distância, usando a internet.

É por isso que Maeda faz uma distinção entre cooperação e colaboração. E ressalta que para sermos mais eficazes e em linha com as constantes mudanças que vivemos, devemos buscar práticas colaborativas. Não apenas a cooperação do dia a dia.

Fonte: CX Report 2020 by John Maeda. Tradução livre.

6. Alfabetização em dados

RICARDO CAPPRA, PESQUISADOR, especialista em DATA SCIENCE, fundou um instituto internacional de pesquisa com a missão de preparar pessoas e empresas para um futuro mais analítico.

Interessado em temas como “infoxicação”, analytics, cibersegurança, fake news, data privacy, etc., ele publica anualmente o “Data Thinking report”, um compilado com insights e resultados de suas pesquisas.

Fonte: Data Thinking Report 2020 por Ricardo Cappra (Cappra Institute)

A intenção é compartilhar soluções e informação didática sobre cultura de dados em geral, contribuindo assim para a popularização de conceitos importantíssimos para que aprendamos a navegar com alguma clareza em um mundo dominado pelo fluxo de dados, desinformação e propaganda.

Ciência de dados, algoritmos e A.I. podem ser a solução para a infoxicação. Fonte: Data Thinking Report 2019 por Ricardo Cappra (Cappra Institute).

Segundo Cappra, é possível combater, por exemplo, a sobrecarga de informação à qual estamos submetidos diariamente, utilizando ferramentas e recursos da ciência de dados. Neste gráfico ele resume seis passos para o detox de informações, mas alerta que esse é um processo que requer “mão na massa”.

Detox de informação em 6 passos. Fonte: Data Thinking Report 2020 por Ricardo Cappra (Cappra Institute).

“Mão na massa”, pois existem dois caminhos para essa redução de informação:

· permitindo que outros, pessoas e máquinas, escolham o que virá até nós

· participar ativamente do processo de redução, tornando-o mais personalizado.

Esta é uma escolha individual e, em alguns casos, pode-se usar filtros (de dados) genéricos.

No caso de informações cruciais, devemos estar no controle da qualificação dos dados e da transformação em informação, pois isso irá interferir diretamente na nosso processo de tomada de decisão.

Saber como lidar com dados, como se proteger, usar as ferramentas corretas, interpretar dados e tomar decisões de forma mais certeira e ágil (sempre de forma embasada) é um novo skill que não podemos nos dar ao luxo de negligenciar.

7. Seja seu próprio curador de conteúdo

Essa dica é um desdobramento da anterior. Para reforçar o que foi dito e para não restringir o conselho ao uso de recursos de ciência de dados.

Muito importante lembrar que não existe uma “bala de prata” para essa questão mas podemos fazer algumas recomedações:

· Liste suas fontes de informação — sejam pessoais ou profissionais — e verifique se elas são confiáveis, relevantes, importantes ou urgentes.

· Encontre e selecione curadores de conteúdo e canais: sejam professores, escolas, blogs, influenciadores digitais, podcasts, publicações, etc.

· Seja autodidata, aprenda o que você gosta, no seu ritmo e busque outras pessoas para compartilhar experiências e descobertas.

· Seja um entusiasta de ciência de dados e tecnologia (ou pelo menos se habitue à elas).

8. Mindset de resolução de problemas

Pois é, para muitas coisas não existe receita, nem solução fácil. Isso acontece pois nem todos os problemas são de fácil resolução. Alguns problemas, principalmente problemas de negócio que envolvem soluções inovadoras, são complexos.

Cada vez mais a habilidade de lidar com problemas complexos, de forma criativa, está sendo requisitada e valorizada no mercado de trabalho. Mas como podemos ganhar certa fluência de forma ágil em algo tão abstrato quanto criatividade? Não seria ótimo se houvesse alguma ferramenta, metodologia ou processo que pudesse servir de guia na resolução de um problema complexo? Afinal ninguém gosta de problemas, certo?

Errado. Existe um certo tipo de profissional que adora problemas. Sem mais delongas, eu lhes apresento… o designer!

Um dia típico na vida de um designer.

Designers gostam tanto de problemas, que inventaram um framework para a resolução de problemas complexos.

Design Thinking é um processo criativo para a resolução de problemas complexos.

O framework do design thinking.

Ao olhar a figura, podemos ver que o ponto de partida é o entendimento do problema em um contexto real. Grande parte do processo é sobre entendimento do cenário e geração de ideias / alternativas. Quando a etapa de definição e tangibilização da solução finalmente chega, ela vem muito bem embasada e endereça de forma assertiva o problema inicial, levando em conta o contexto e as necessidades do usuário.

Não é necessário ser um designer para conhecer e se utilizar deste tipo de ferramenta. Apenas ter contato com certos conceitos-chave vai ajudá-lo a atingir um novo nível de clareza e agilidade na resolução de problemas complexos.

O Design Thinking possui 3 Pilares: empatia, colaboração e experimentação. Explorar esses pilares é ganhar fluência no mindset em si e é disso que estamos falando aqui.

O pilar da experimentação é crucial para nos ajudar a ser cada vez mais ágeis e adaptáveis. A capacidade de tangibilizar ideias para testá-las em contexto real (mesmo que através de um protótipo) e descartá-las rapidamente caso se mostrem inefetivas, de forma rápida e barata, é a melhor maneira de evitar desperdício de tempo e recursos na busca de resultados de negócio.

Através da EXPERIMENTAÇÃO, aprendemos:

· Que erros são oportunidades.

· A Relaxar.

· A ser curioso.

· Que existem outras possibilidades.

Quando a ideia vai para o papel: o primeiro passo para a tangibilização. Foto pelo autor.

9. Compareça

Se devemos nos acostumar a ser eternos novatos, então temos que estar preparados para estar sempre em posição de vulnerabilidade.

BRENÉ BROWN, PESQUISADORA que estuda os temas de CORAGEM e VULNERABILIDADE, considera isso inevitável. Para ela, o primeiro passo para que possamos conviver em paz com essa sensação constante de vulnerabilidade é desconstruir certas ideias preconcebidas que temos sobre o tema:

Mitos sobre a vulnerabilidade

1. vulnerabilidade é fraqueza.

2. podemos optar por não ser vulneráveis.

3. vulnerabilidade é indiscrição.

4. podemos ser vulneráveis em âmbito privado.

Em suas palestras, de forma bem empática, ela nos ensina que a vulnerabilidade pode funcionar a nosso favor quando admitimos que sem risco não há crescimento. Sem exposição não há reconhecimento. Sem experimentação (e consequentemente múltiplas falhas), não há inovação.

“Quando você encontra pessoas muito bem-sucedidos, percebe que o mantra dessas pessoas é frequentemente falhar com frequência e falhar rapidamente. Limpe sua bagunça, reúna seus aprendizados e siga em frente.”

Para ser capaz de falhar, você tem que comparecer. Se expor. Se colocar em uma posição de vulnerabilidade. Apareça. Saia de sua zona de conforto. O crescimento se dará naturalmente.

“Por mais perigoso e assustador que se perceber vulnerável possa parecer, não acho que seja tão perigoso ou assustador quanto refletir sobre os momentos de nossas vidas em que nos perguntamos o que teria acontecido se tivéssemos comparecido.”

10. Você está sobre ombros de gigantes

E lembre-se: você não está sozinho. Outros já começaram a desbravar esses caminhos antes de você. E estão compartilhando suas experiências e descobertas. Criando conexões. Ajudando-nos a ser cada vez mais ágeis em nossa adaptação. Alguns exemplos desses influencers, desbravadores, referências, foram citados neste artigo mas existem muitos outros escrevendo, pesquisando e criando neste exato momento. Aproveite-se disso! E compartilhe suas descobertas!

Em resumo

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Daniel Bardusco
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Innovation consultant and designer. My interests include design (and systems) thinking, service design and UX. Currently at Unboxlab, Afferolab’s innovation lab