Estamos desaprendendo?

Syl Ramon Verjulio
unboxlab
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3 min readFeb 3, 2021

Interessante esse papo sobre desconstrução no reality show Big Brother Brasil 2021 e também muito curioso acompanhar o conflito geracional na série Cobra Kai, da Netflix. Não entrarei em nenhuma polêmica, mas, diariamente a gente se depara com novidades e muitas vezes elas são extremamente conflitantes com algum comportamento ou com alguma técnica que a gente já tinha aprendido e incorporado antes.

Em geral, a gente sabe que precisa aprender continuamente. Temos que aprender, aprender rápido, aprender sempre, porém, uma das coisas mais importantes é ter consciência de que também precisamos desaprender.

Em linhas gerais, para aprender algo, o processo é mais ou menos assim…

Primeiro a gente precisa ter acesso a informação, ao conceito ou ao comportamento “novo”. Na sequência, a gente julga (com os critérios antigos) se aquilo está fazendo sentido ou não. Nosso cérebro rapidamente gera uma influência de que vai ser trabalhoso mudar a rota, o melhor é seguir como tudo já estava. Em alguns casos, o cérebro sugere que mudar significa perder e não necessariamente ganhar. Por exemplo, perder privilégios. Isso pode nos confundir. Por isso, é preciso muita atenção. Depois, vem aquele momento de pensar mais sobre o assunto e aos poucos vamos nos convencendo (ou não) de que adotar o novo fará sentido. É o sinal verde ou vermelho para agirmos de forma diferente.

Na série Cobra Kai, prometo não dar spoiler (rs), o personagem Johnny Lawrence (William Zabka), precisa lidar com várias “novidades” culturais e tecnológicas que hoje são importantes, mas, que na década de 80, não eram. Essas novidades requerem adaptações nas atitudes de Johnny. É interessante observá-lo e também tentar compreendê-lo.

Isso reforçou para mim o quanto parece inviável aceitar o novo (conflitante) sem nos desfazermos do velho. Por exemplo, a galera dos anos 90 aprendeu durante a infância muitas brincadeiras que hoje em dia não cabem mais. Utilizando novas lentes, a gente percebe que algumas brincadeiras não tem mais graça, que não são legais, que são excludentes e que podemos brincar de outras formas. A evidência dessa reaprendizagem é quando a gente adota um vocabulário não racista, descarta brincadeiras homofóbicas, não atribui apelido às pessoas por sua forma física etc. A empatia é um instrumento poderoso de reflexão e de desaprendizagem nesta parte comportamental.

Penso que para contextos técnicos e profissionais é o mesmo esquema.

Continuamente precisamos desaprender modelos de trabalho, processos, ferramentas, a forma como a gente se comunica etc. Somente assim estaremos mais receptivos a incorporar os novos jeitos de fazer e de pensar. Aqui, a experimentação é um grande instrumento. Experimentar novos modelos, novas tecnologias e novas possibilidades facilitam o desapego de antigos jeitos de fazer. Experimentar é um critério importante para a reflexão do que faz sentido em nosso contexto. E dessa forma, os resultados obtidos passam a ser determinantes pra gente reaprender e incorporar (ou não) as novidades.

Bom, este texto foi um pensamento em voz alta. Nada muito profundo, é verdade, mas é sempre uma oportunidade para trocar ideias.

Estamos desaprendendo? :-)
Ou será que estamos acumulando conflitos? :-P

Para outras reflexões sobre aprender, desaprender e reaprender aproveito para sugerir meu outro artigo que tem foco justamente em como podemos nos adaptar de forma ágil a todas essas “novidades”: https://medium.com/unboxlab/adaptabilidade-%C3%A1gil-e-transdisciplinaridade-7628a717861c

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Syl Ramon Verjulio
unboxlab

Thinker e maker para coconstrução de futuros mais empáticos, relevantes e inovadores. #designthinking #learning #innovation