Decisões incertas

Bruno Luís Pereira
Underground League
Published in
2 min readAug 14, 2019

A visão foi a mesma segunda e terça. Pela porta da sala de imprensa, entravam campeões brasileiros. Ao contrário do que sua glória passada mostra, estavam cabisbaixos, ainda tentando entender a recente eliminação nas semifinais da Segunda Etapa do Circuito Desafiante 2019.

Neste momento do ano, eliminação significou adeus às chances de chegar ao CBLoL, e também o encerramento do ano em pleno agosto.

Titan, Revolta, tockers e Zantins trocaram, em 2019, contratos e oportunidades certas de continuar jogando na elite do cenário pelos projetos de equipes que se encontravam no Desafiante. Ao serem eliminados, a incerteza dá o seu tapa mais forte: continuarão no Circuitão.

Imagem: BBL | Saymon Sampaio

Mas este não é um texto criticando suas escolhas. É um texto para você que teve o reflexo de pensar primeiro: “É, eles deviam ter ficado no CBLoL mesmo”.

A mediocridade é aceitada com muita facilidade numa cultura como a nossa. Dar o seu melhor quando 50% já é o suficiente? Melhor não.
Jogar para permanecer na elite, sem pensar em eliminatórias? Ok.
Ser reserva e não jogar, mas ainda assim estar na elite? Pode ser.
Se colocar em um desafio novo sem certeza de sucesso? Melhor não.

Porque trocar a rotina por um novo desafio muitas vezes é taxado de burrice, ainda mais quando qualquer mero deslize significa fracasso.

O que nos torna tão covardes assim?
Por qual motivo não conseguimos entender as escolhas de carreira de nossos ídolos, de nossas equipes?
Por que todos são mercenários?
Qual é a dessa aversão a não buscar o seu melhor?

Foto: BBL | Leonardo Sang

Às vezes esquecemos que o mais comum na carreira de qualquer jogador, é sair derrotado. Para cada equipe ser campeã do CBLoL, outras sete ficaram pelo caminho. Cinco recebem medalhas e aplausos, trinta e cinco se recolhem para seus aposentos, perguntando-se o que deu errado.

Para cada Titan tentando puxar sua equipe, há outros cinco jogadores do outro lado querendo tanto quanto ele vencer a partida.

Em um cenário que há anos têm nadado na praia apenas para morrer na areia em torneios internacionais, não sejamos medíocres. Não tenhamos medo do fracasso. A derrota acontece primeiro quando não nos desafiamos a algo novo, sem a certeza de um final feliz.

Ler a história é mais fácil que escrevê-la.

Sejamos, portanto, todos escritores.

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