Eu nunca joguei o Exodia no mar

Bruno Luís Pereira
Underground League
Published in
4 min readAug 13, 2018

Apesar de ser extremamente contra o uso do termo “Exodia” pra falar sobre Yang, Revolta, tockers, micaO e Jockster, eles ganharam o direito de poderem ser considerados uma unidade depois de tanto tempo juntos e tantas conquistas (três Etapas do CBLoL, um IWCQ, participação no Mundial 2016, etc). E confesso também que acho engraçado o quanto a torcida, os adversários e, às vezes eles, abraçam essa alcunha.

Depois de ganhar a primeira partida da série contra a Keyd, a paiN foi zoar e aí life snakes (Foto: Twitter)

Quando a Vivo Keyd decidiu arriscar e juntar novamente os cinco jogadores, a equipe instantaneamente se tornou a favorita pra levar a Primeira Etapa 2018. Depois de perderem a invencibilidade contra a ProGaming e a final contra a KaBuM, parei de chamá-los de Exodia por acreditar que deveriam, juntos, buscar uma outra identidade para o seu jogo.

A Segunda Etapa 2018 começou melhor, mas logo desandou, e nem um título do Rift Rivals 2018 (mais convincente que o de 2017) foi capaz de desarmar o bonde que descia a ladeira a 1000 tweets enfurecidos/hora.

Com quatro derrotas seguidas, o peso do investimento da organização, a pressão da torcida e as milhares de dúvidas em cima de cada um dos jogadores, a Keyd entrou em campo na Semana 7 sem depender somente de si para conseguir a última vaga na Escalada — no começo da Etapa, eu previa eles no Top 2.

E mesmo assim, eu não tinha dúvidas de que eles iriam ganhar de 2–0 da CNB. Ou que iriam bater a IDM/RPG por 3–0 na Primeira Fase da Ecalada.

Sinceramente, acho que poucos tinham.

E não é nada contra a CNB ou a IDM. E sim em relação aos cinco jogadores.

Quando as costas estão contra a parede é que vemos o verdadeiro potencial de cada um (Foto: Riot Games)

No topo, Yang luta com Mylon e LEP pelo título de melhor Topo da história do país. Na selva, Revolta é considerado o melhor por uma boa margem. Tockers, apesar de polêmico e na dele, é o jogador que mais venceu Etapas do CBLoL na história. MicaO foi o primeiro brasileiro a atingir o milésimo abate, e Jockster dá alguns ks (ah, e é considerado por muitos o melhor Suporte BR).

Não importa o tamanho da zoeira da comunidade ou as enrascadas da tabela que os próprios cinco se colocam. No final do dia, todos sabemos o quão habilidosos eles são, e o tamanho da fera que viram quando não há nenhuma outra opção senão “vai ou racha”.

Isso me remete um pouco o IWCQ 2016, disputado no Brasil. A INTZ quase foi eliminada na Fase de Grupos por tropeços bobos pra Oceania (classic) e LAN, nos três primeiros dias. Com a eliminação batendo na porta, venceram Dark Passage (Turquia) e Albus NoX Luna (Russia), os melhores adversários, para prosseguir e vencer a vaga no Mundial 2016 com um 3–2 épico contra os turcos em Curitiba.

A apoteose do Revolta, astro do Legends Rising — Temporada 2, após a conquista do IWCQ 2016 em Curitiba (Foto: Bruno Alvares/Riot Games)

Naquele IWCQ 2016, a INTZ esteve a um jogo de ser eliminada da contenção para o Mundial 2016. Nesta Semana 7 da Segunda Etapa 2018, a Keyd também estaria no fim da linha pela busca da vaga no Mundial 2018 caso não vencesse — de preferência rápido — uma CNB que liderou mais da metade do campeonato. E ainda assim as dúvidas eram poucas.

Sempre reiterei em entrevistas ou perguntas de canto que nunca torci para nenhum time (e mantenho isso, viu?), porque o que eu gosto mesmo, desde quando comecei a jogar em 2010, é ver a perspectiva dos jogadores frente às adversidades.

Por isso pessoas como takeshi, brTT, Tay, Turtle, Rakin e outros jogadores — entre os quais os cinco do “Exodia” — tem o meu respeito e admiração.

Sempre funcionei melhor sob pressão, e acho do caral** quando alguém opta por ir pra cima quando a opção mais fácil é se render ou deixar levar. Quando a situação é tão ruim que ninguém espera nada, e ainda assim a vitória parece ser questão de obrigação. Não é fácil se motivar e partir pra cima. Por isso, o respeito está em escolher lutar pelos companheiros e por si próprio.

No entanto, a cada degrau da Escalada que a Keyd sobe, com ele sobe a barra de tudo: de pressão, da concorrência (que também tem seus medos e sonhos) e mesmo de não se deixar levar pelos elogios.

No topo só ficam os fortes, e provar uma vez que você é o melhor não é o suficiente.

Foto: Riot Games

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