Rei sem reino

Bruno Luís Pereira
Underground League
Published in
3 min readNov 13, 2019

Confesso que, mesmo como jornalista, o anúncio da venda da vaga do Circuito Desafiante da CNB e-Sports Club, que efetivamente encerra as operações da organização no competitivo de League of Legends, é dessas pautas que eu tenho medo: as que mexem com a nossa história.

Por mais dores que os resultados recentes trazem à CNB, para mim, a equipe sempre teve uma magia ao redor que nos faz deliciar a memória com as lembranças do passado, quase que extinguindo as dores do presente e as dúvidas do futuro.

Ao invés do rebaixamento em 2019 sem qualquer nome de destaque na equipe (à parte de pbO), ou os quase-rebaixamentos de 2016 e 2017 (em ambas, venceu a Série de Promoção), ficam os momentos de glória sem título.

A CNB, que desde 2018 utiliza o “Rei” como mascote, nunca precisou de fato de uma coroa para conquistar corações e o imaginário da torcida, fanática, que vivia de sufocos, dúvidas e lembranças. Porque a CNB sempre foi mais sentimento do que razão.

Porque mesmo quem não é Blumer, provavelmente vai lembrar da equipe que batia de frente com a paiN Gaming de 2013, ou a que conquistou imensa torcida no caminho para a final de 2014.

Alocs, Revolta, Leko, manajj e takeshi, o elenco que começou o sentimento Blumer (Foto: Riot Games)

Que sofreu o baque de suas saídas, mas deu a volta por cima juntamente com o trio LEP, Minerva e TinOwns, colocando a CNB naquela que seria sua última final de CBLoL, em 2016.

A retomada da CNB, na final do CBLoL 2016 (Foto: Riot Games)

Ou que voltou a ressuscitar o sentimento de SER CNB, através dos gritos de Rakin, naquela Escalada da Primeira Etapa de 2018, enquanto abatia oponentes sequencialmente com seu Azir para conquistar um Pentakill e trazer a plateia — do estúdio e a de casa — abaixo, com sua família presente e chorando como nunca com o orgulho que o filho voltava a colocar na mente e nos corações azuis-reais.

Rakin lidera a CNB na vitória contra a ProGaming por 3–2, na Escalada do CBLoL 2018 (Foto: Riot Games)

Mas, no final, esta foi a queda da CNB.

Se apoiar em diversos passados que ainda permaneciam vivos na nossa memória, mas sem acender novamente o fogo azul que a torcida tanto esperava, e tão pouco viveu recentemente.

Presa à memória, a CNB confrontou o seu presente com a proposta que queria desde 2015: formar novos jogadores.

Ao final, o museu de sentimentos deu lugar ao racionalismo, num cenário que navega sem ventos de mudanças para o League of Legends brasileiro.

A despedida da CNB fica de alerta. O passado pode ser nostálgico, mas sem o progresso do presente, não há futuro em League of Legends.

Símbolo da CNB desde que saiu das categorias de base em 2015, pbO foi rebaixado junto com a sua equipe (Foto: Riot Games)

Obrigado pelas memórias, CNB.
E boa sorte na formação de promessas para o nosso cenário.

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