Rei sem reino
Confesso que, mesmo como jornalista, o anúncio da venda da vaga do Circuito Desafiante da CNB e-Sports Club, que efetivamente encerra as operações da organização no competitivo de League of Legends, é dessas pautas que eu tenho medo: as que mexem com a nossa história.
Por mais dores que os resultados recentes trazem à CNB, para mim, a equipe sempre teve uma magia ao redor que nos faz deliciar a memória com as lembranças do passado, quase que extinguindo as dores do presente e as dúvidas do futuro.
Ao invés do rebaixamento em 2019 sem qualquer nome de destaque na equipe (à parte de pbO), ou os quase-rebaixamentos de 2016 e 2017 (em ambas, venceu a Série de Promoção), ficam os momentos de glória sem título.
A CNB, que desde 2018 utiliza o “Rei” como mascote, nunca precisou de fato de uma coroa para conquistar corações e o imaginário da torcida, fanática, que vivia de sufocos, dúvidas e lembranças. Porque a CNB sempre foi mais sentimento do que razão.
Porque mesmo quem não é Blumer, provavelmente vai lembrar da equipe que batia de frente com a paiN Gaming de 2013, ou a que conquistou imensa torcida no caminho para a final de 2014.
Que sofreu o baque de suas saídas, mas deu a volta por cima juntamente com o trio LEP, Minerva e TinOwns, colocando a CNB naquela que seria sua última final de CBLoL, em 2016.
Ou que voltou a ressuscitar o sentimento de SER CNB, através dos gritos de Rakin, naquela Escalada da Primeira Etapa de 2018, enquanto abatia oponentes sequencialmente com seu Azir para conquistar um Pentakill e trazer a plateia — do estúdio e a de casa — abaixo, com sua família presente e chorando como nunca com o orgulho que o filho voltava a colocar na mente e nos corações azuis-reais.
Mas, no final, esta foi a queda da CNB.
Se apoiar em diversos passados que ainda permaneciam vivos na nossa memória, mas sem acender novamente o fogo azul que a torcida tanto esperava, e tão pouco viveu recentemente.
Presa à memória, a CNB confrontou o seu presente com a proposta que queria desde 2015: formar novos jogadores.
Ao final, o museu de sentimentos deu lugar ao racionalismo, num cenário que navega sem ventos de mudanças para o League of Legends brasileiro.
A despedida da CNB fica de alerta. O passado pode ser nostálgico, mas sem o progresso do presente, não há futuro em League of Legends.
Obrigado pelas memórias, CNB.
E boa sorte na formação de promessas para o nosso cenário.