Como estruturar a área de Content Design em Ops

Minha experiência na Unico, 1ª e maior IDTech brasileira

Glaucia Lopes
Unico

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Quebra-cabeça branco com uma peça faltando.

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que esse não é um guia de como uma área deve ser estruturada e muito menos um passo a passo do que deve ser feito para isso.

Esse é só o relato da experiência que tive nos meus primeiros meses de empresa e que, ao conversar com alguns colegas, entendi que poderia ser útil para outras pessoas.

Certo? Então vamos lá!

Desde as minhas primeiras conversas com o time da Unico, antes mesmo de ser contratada, pude perceber que o desafio na área de Content Design (ou UX Writing) era grande.

Por aqui, assim como em muitas outras empresas, UX e Product Designers são responsáveis pelo texto que vai em tela.

Normalmente, isso significa que o conteúdo textual não é trabalhado tão minuciosamente quanto poderia, já que designers acabam tendo que atuar igual Bombril: 1001 utilidades.

Mas apenas contratar UX Writers para cada squad também não parecia ser o ideal, já que não existia nenhum material que pudesse guiar essas pessoas pela linguagem que deveria ser usada em nossas plataformas, pelos padrões de escrita para produto e muito mais.

Por isso, era necessário dar um passo para trás e estruturar a área de Content Design desde o início, antes de contratar especialistas que atuariam diretamente nas squads.

E é aqui que eu entro, trabalhando junto ao time de Design Ops em Content Ops Design.

Por onde começar?

Lupa com foco em um ponto de interrogação.
Imagem do Freepik.

A primeira etapa era fazer um diagnóstico para entender como funcionava o processo de conteúdo em nossos produtos e as pessoas que estavam envolvidas nele. Afinal, precisamos saber como algo funciona antes de propor mudanças, certo?

Por isso, comecei estudando alguns materiais da área de Design e fluxos internos para entender como o conteúdo era trabalhado até então. Também conversei com profissionais de Branding que me explicaram tudo sobre a marca Unico, nossos princípios e aspectos da nossa voz que deveriam estar presentes em nossos produtos.

Além disso, marquei conversas individuais com alguns pontos focais do time de Design e também agendei dinâmicas com designers e researchers de cada produto.

O intuito dos papos era entender a visão de cada pessoa sobre a forma que o conteúdo textual era tocado — até para entender quanta abertura nós teríamos ao trazer iniciativas. Aqui, falamos sobre maturidade do time; quem se envolvia com conteúdo textual em cada equipe; nível de conhecimento de Content Design; e o que esperavam da área.

Já nas dinâmicas, eu sabia que estava falando diretamente com as pessoas que escreviam os textos que entravam nas telas. Por isso, fiz perguntas mais específicas: em que momento o conteúdo textual começava a ser pensado; se a parte de conteúdo era incluída em discoveries e posteriormente testada com pessoas usuárias; quais regras e padrões de escrita eram seguidos; quais as maiores facilidades e dificuldades de cada um com conteúdo textual; entre outras.

Com tudo finalizado, era hora de analisar os resultados.

Analisando o que foi dito

Vale comentar que deixei preparada no Notion uma tabela para registrar cada interação com o time durante as conversas e dinâmicas, além de anotar também minhas percepções sobre os materiais que estudei nesse período.

Tabela construída no Notion. Na Unico, chamamos as pessoas que trabalham aqui de “Seres”.

Essa tabela me ajudou a organizar as informações que eu recebia, tirar dúvidas sobre elas e até a compilá-las mais facilmente na etapa de análise.

Assim, com tudo reunido, cheguei nas principais dores e expectativas do time.

As dores representavam as dificuldades que designers e researchers tinham com relação ao conteúdo nas experiências. Já as expectativas mostravam o que essas pessoas esperavam da área de Content.

Já sei quais são as dores do time. E agora?

Com as dores e expectativas em mãos, pude perceber que algumas pessoas esperavam uma atuação minha super próxima às squads, auxiliando com texto e revisão no dia a dia — o que seria inviável considerando todos os produtos e times que temos na empresa.

Por isso, o primeiro passo foi definir o objetivo e os pilares de Content Ops Design, reforçando qual seria a minha atuação aqui (bem diferente da de uma pessoa alocada no produto) e deixando claro como eu estaria presente no dia a dia.

A partir dessas definições, pude também propor iniciativas que serviriam como antídotos para as dores apresentadas pelo time. Elas incluíam mentorias de Content, materiais como a checklist de conteúdo e até projetos em conjunto com a área de Branding da Unico.

Só tinha um pequeno problema: listei mais de 20 iniciativas que poderiam ajudar com as dores do time, e seria humanamente impossível entregar tantos projetos em um curto espaço de tempo.

Por isso, era necessário escolher o que seria feito primeiro.

Priorizando iniciativas

Mesa com materiais de escritório como canetas, notas adesivas e apontadores.
Imagem do Freepik.

O que me ajudou a fazer essa priorização foi entender quais eram as principais dores do time, ou seja, as que foram mais citadas durante as conversas (e que eu também tinha percebido durante minha análise dos materiais e fluxos).

Com elas em mãos, defini as iniciativas que poderiam solucionar essas dores rapidamente, ainda que não profundamente nesse primeiro momento.

Fiz isso porque sabia que muitas dores só seriam resolvidas de verdade com projetos gigantescos, como um Manual de Redação. Mas seria impossível entregar um material tão completo de forma rápida, já que precisaria de muitos estudos e validações.

Então recorri a projetos menores, que entregariam valor rapidamente para o time de Design e poderiam ser evoluídos no futuro.

Com tudo determinado, montei um cronograma com as iniciativas que seriam desenvolvidas ao longo dos meus 2 primeiros trimestres, já estimando quanto tempo cada uma levaria.

Hora de botar a mão na massa? Ainda não!

De nada adianta montar um planejamento de iniciativas e não consultar as pessoas que vão usá-las para ter certeza de que estamos na mesma página.

Por isso, montei uma apresentação para mostrar todos os achados, explicar mais uma vez meu papel aqui e, por fim, compartilhar o planejamento com o time.

A resposta foi (e continua sendo) incrível: muita gente animada com Content finalmente saindo do papel e ganhando vida aqui na Unico.

E as primeiras iniciativas já estão rodando a todo vapor!

Conclusão

No futuro, é possível que algumas iniciativas precisem ser alteradas; que prazos não funcionem e a gente precise montar um novo cronograma; que as dores mudem e seja necessário refazer o diagnóstico…

Mas tá tudo bem!

Mudanças são normais e frequentemente acontecem porque precisam acontecer. Não adianta nada se prender a algo se aquilo acabar trazendo um valor menor para o time.

Se for necessário, vamos mudar!

Queria deixar um agradecimento especial para os times de Branding e de Design da Unico e, principalmente, para meus colegas de Ops, que acompanharam todo esse processo e me deram diversas dicas e sugestões extremamente relevantes e úteis. É um prazer trabalhar com vocês. 💜

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Glaucia Lopes
Unico
Editor for

Content Ops Designer na Unico | Tradutora e revisora no UX Collective