A EDUCAÇÃO E A AUTOEDUCAÇÃO REVOLUCIONÁRIA

Um artigo que procura demonstrar a importância revolucionária para a autoeducação, um texto emulativo aos camaradas com problemas nos estudos comunistas.

theoriapura
Unidade e Luta
4 min readAug 5, 2017

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Muitos companheiros se frustram diante dos problemas em prosseguir os estudos de maneira ininterrupta, por que sentem necessidade de retornar mais e mais os estudos para conseguir um conhecimento sólido de determinado assunto e, nesse processo, muitas vezes se deixam levar pelo desânimo que sabota a sua estudiosidade, se desdobrando em procrastinação que não desenvolve outra coisa senão mais desânimo, completando a tríade dialética da estagnação.

Isso acontece por razão de múltiplos fatores. Os companheiros confundem uma leitura com a vida de estudos e o resultado não poderia ser outro senão a decepção. A vida de estudos de maneira alguma é um exercício retilíneo, um processo no qual você inicia a partir do estágio zero e vai passando de fase progressivamente até chegar ao tão almejado e utópico conhecimento absoluto. A descrição que fiz se trata da leitura, quando você inicia a leitura de um romance, vai evoluindo de maneira progressiva até chegar ao seu desfecho, onde se encerra a trama. Mas isso sob nenhum aspecto é análogo à vida de estudos de um marxista-leninista revolucionário.

O estudo do revolucionário nunca será um processo retilíneo, embora sempre seja progressivo. A necessidade de retornar ao estudo dos clássicos constantemente para o entendimento abrangente do materialismo dialético não representa a estagnação tão temida pelos camaradas, mas a evolução constante no aprendizado da filosofia. Existe na natureza e na sociedade a lei da transformação de quantidade em qualidade e essa também se aplica aos nossos estudos. Quando precisamos fazer um retorno ao estudo de um conhecimento que não temos domínio, é o sinal marcante que estamos dando um salto qualitativo no espírito, pois significa que os conhecimentos que estamos adquirindo não se comporta sobre a base que nós mesmos criamos. A partir disso existe a necessidade de reforçar o que está frágil, preencher o que está vazio para se criar uma nova base onde se erguerá um conhecimento sólido como uma rocha, resultado de um salto de qualidade adequadamente percebido pela consciência.

O desânimo rende frutos opostos. O efeito do encontro da nossa consciência mesma com a sua negação (o conhecimento que há-de-vir) cria uma sensação de ansiedade incontrolável. Nós queremos ser inteligentes e não entendemos que o salto qualitativo dos nossos estudos só acontece a partir do acumulo de outros conhecimentos. A ansiedade e o desconhecimento dessa lei que rege os nossos estudos criam juntos o desânimo. O desanimo é o extremo oposto do salto qualitativo: diante da necessidade de melhorar para prosseguir, o desânimo nos joga no caminho contrário e vai corroendo pouco a pouco os frutos de todo o estudo. Em vez de transformar a quantidade acumulada em qualidade ele vai eliminando os seus acúmulos e você fica cada vez mais convencido de que não é capaz.

O desânimo, contraditoriamente, surge no mesmíssimo instante que a maravilhosa sensação de que está prestes a dar um salto de qualidade. Alguns contemplam tudo o que tem para estudar encantados, com a certeza de que quando dominarem todo aquele conhecimento — que representa apenas uma fração da totalidade — fará um ótimo proveito dele ensinando aos companheiros em prol da revolução. Outros se deixam levar pela ansiedade e se desanimam, deixam a vida de estudiosidade e muitas vezes se tornam imprestáveis, largam da prática partidária por não conseguirem convencer a si próprios da necessidade de construir o socialismo, pois até para isso é necessário um repertório mínimo que surge dos estudos.

A paciência é a principal aliada dos revolucionários em sua prática partidária e em seus estudos. A natureza não é burlável e as leis da dialética não são relativas, então é preciso compreender a si próprio como natureza pensante. Se aprofundando cada vez mais no conhecimento que você tem de si mesmo, os seus estudos continuarão sendo não-retilíneos, embora harmônicos e organizados.

Isso vale para a prática no sentido de que todos nós temos a plena ciência de que o socialismo não surgirá da noite para o dia. A sua construção é o resultado do esforço de gerações de revolucionários nessa direção e só pode se concretizar com a continuidade desses esforços no tempo presente.

A temperança e a estudiosidade são virtudes diferentes, mas formam uma simbiose tornando-se inseparáveis. Quando tomadas em conjunto forjam o bom revolucionário na prática marxista-leninista e no estudo contínuo.

E isso também se aplica a todos os assistentes de células, que muitas vezes resumem os estudos coletivos a meras leituras de textos teóricos, enquanto que elas devem ser realizadas em conjunto com uma profunda reflexão sobre o estudo e a prática, as formas como elas se relacionam com a atual etapa da revolução do nosso país, a importância de consultar as mais brilhantes mentes do marxismo-leninismo para ampliar o nosso horizonte de investigação de forma que o mundo se torne mais inteligível e nossas análises mais profundas, científica e filosoficamente.

Hoje os mais importantes cientistas e filósofos do proletariado não se encontram mais em vida. Os seus respectivos legados são eternos, bem como o seu exemplo de conduta em vida. Mas além de suas biografias que nos inspiram, os camaradas deixaram vastas obras literárias, filosóficas e científicas onde apresentam toda a sua visão de mundo, suas análises, seus métodos e seus posicionamentos diante dos eventos históricos que nós não presenciamos, mas podemos compreender de forma ampla a partir da ótica daqueles que defenderam os interesses do proletariado em todas as circunstâncias que se encontravam.

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