Visita guiada até as nascentes urbanas em Foz do Iguaçu.

Da escola para o rio: ensino da ecologia através da conscientização socioambiental no meio urbano

Ramon Fernandes Lourenço
Histórias da Extensão
6 min readMay 9, 2017

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O aquecimento global, o contínuo desmatamento e o aumento de animais na lista de extinções são pautas que infelizmente já estamos acostumados, mas que em geral não damos muita atenção pois são realidades distantes de nosso cotidiano. Isto ocorre por nosso afastamento da natureza e talvez por não darmos conta como tais acontecimentos influenciam nossa vida por completo. Para reconectar o homem à natureza o Projeto de Extensão “Conhecer para Preservar meu Bairro” buscou desenvolver a compreensão do papel do ser humano como parte do ecossistema, conscientizando sobre a necessidade do reencontro entre homem e natureza.

“O Projeto Conhecer para conservar meu bairro procura, desde uma perspectiva investigativa, combinar atividades que instiguem em crianças de 8–11 anos, a curiosidade pela observação, reflexão, análise, e compreensão do entorno socioambiental em seus bairros. Esta proposta dá seguimento ao Projeto de Extensão Conociendo y preservando mi barrio, executado em 2014, e propõe sua ampliação a outras escolas, e modificações construídas coletivamente a partir do aprendizado obtido pela equipe. Através da avaliação da percepção socioambiental de alunos de Ensino Fundamental, o Projeto coloca em prática ações interdisciplinares que servem como base para pesquisas, e propostas de extensão futuras dentro desse âmbito”.

Sala de aula fora das paredes escolares: visita ao Rio Tamanduá

O primeiro ano do projeto, no Bairro Carimã, foi muito proveitoso, justamente pela abertura e participação de toda a comunidade escolar. O projeto ocorreu na Escola Municipal Augusto Werner, envolvendo alunos e professores, tanto nas atividades na escola quanto no próprio bairro. Como uma das atividades centrais do projeto, os “passeios” pelo bairro foram realizados em diversos formatos. Inicialmente os alunos foram conversar com moradores mais antigos, para conhecer a história do bairro, realizando entrevistas e rodas de conversa para tirar dúvidas sobre o local onde moravam e estudavam.

Após estas informações proporcionadas pelos moradores mais antigos, os alunos exploraram também as áreas onde há bosques e nascentes de rios urbanos da cidade de Foz do Iguaçu. No bairro Carimã está localizado o Rio Tamanduá, um dos principais rios da cidade, que é utilizado nos fins de semana como local de lazer dos moradores da região. Lá os alunos puderam realizar um passeio para conhecê-lo, já que muitos, mesmo morando tão perto, não o conheciam. Este é o momento em que as crianças tem a oportunidade de vivenciar a inseparabilidade entre homem e natureza, uma vez que o projeto explora de forma dinâmica e muito interativa as relações socioambientais no bairro.

Podemos ver toda esta interação no vídeo produzido durante o projeto, que mostra as crianças na nascente do rio, brincando, conversando e aprendendo:

Além da visita ao Rio Tamanduá, no ano seguinte do projeto, já em outra escola, os alunos percorreram a Trilha do Vietnã, na Vila A, onde puderam apreciar o meio ambiente e descobrir novas áreas e novas situações/sensações.

Visita realizada com alunos da Escola Municipal Presidente Getúlio Vargas.

Desafios: a importância de entender o contexto

Como toda ação desenvolvida na comunidade, um dos principais desafios é construir o entendimento e o engajamento necessário para as atividades. Como geralmente acontece, as equipes dos projetos iniciam os contatos com a comunidade com uma ideia e algumas linhas de ação de seu projeto, mas estas ideias vão sendo transformadas a medida que o diálogo com a comunidade avança, somando novas necessidades e iniciativas, mais urgentes a população envolvida na ação. E foi mais ou menos isto o que aconteceu com o projeto Conhecer para Preservar meu Bairro.

Em 2015 a proposta foi de trabalhar com a Escola Municipal Presidente Getúlio Vargas, buscando repetir as boas experiências desenvolvidas no ano anterior, principalmente com relação a criação da horta comunitária e dos passeios pelo bairro. Para a construção de uma relação saudável com a escola, o primeiro passo foi o diálogo com os responsáveis, apresentando aos membros da Escola a proposta do projetos, detalhando quais as ações seriam executadas e quem seriam os alunos atendidos pelo projeto.

Assim o projeto inicia o contato com os alunos, professores e a direção da escola, propondo a criação da horta comunitária em um canteiro na frente da escola, por ter maior visibilidade, tanto para os alunos quanto para a comunidade. Ter este canteiro visível é uma parte importante para fomentar a participação dos alunos, uma vez que isto facilita o acompanhamento do crescimento dos vegetais ali plantados, fruto do trabalho dos próprios alunos.

Assim, os trabalhos com os alunos são iniciados e a horta vai tomando forma. Mas logo que se inicia um problema surge, como toda atividade que envolve crianças e terra, gera também sujeira, e a sujeira foi pauta de um processo de construção de entendimento entre os membros do projeto, funcionários e a direção da escola. A situação só pode ser contornada com diálogo, buscando soluções para continuar com a participação dos alunos e o acompanhamento do desenvolvimento da horta na escola.

Pintura dos muros da escola

Para encerrar as atividades de 2015 na EMEF Presidente Getúlio Vargas foi realizada a pintura dos muros da escola, momento em que as crianças criaram uma frase para escrever no muro, desenharam e pintaram. No final, para fechar o ano, foram entregues a todos fotos e a camiseta do projeto, feita com o logo que as crianças escolheram.

Pintura de muros da escola EMEF Pres. Getúlio Vargas.

Para conhecer um pouquinho mais do projeto visite a página no Facebook:

https://www.facebook.com/conhecerconservarmeubairro/

Este é um relato baseado em entrevista realizada com a Profa. Ana Alice Eleuterio, que fez questão de encaminhar seus agradecimentos e dos outros coordenadores do projeto, Prof. Antonio de la Peña e da Profa. Marcela Kropf, aos bolsistas e voluntários do projeto, às professoras e à equipe das escolas, aos pais dos alunos e aos moradores dos bairros que depositaram na equipe do projeto sua confiança, permitindo compreender um pouco mais da história da cidade. Não só para as crianças, mas para a equipe, as atividades foram extremamente enriquecedoras.

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Ramon Fernandes Lourenço
Histórias da Extensão

Relações públicas na UNILA, mestre em Ciência da Informação e curioso sobre as formas como estabelecemos relacionamentos mediados pelas tecnologias.