TRAUMA NO COLETIVO

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14 min readJul 2, 2016
Texto: Luis Felipe Matos, Matheus Martins e Nathalia Amaral
Fotos: Luis Felipe Matos / Supervisão: Luciana Kraemer

Ao andar pelas ruas de Porto Alegre, utilizando o transporte público, o cidadão sabe do risco que corre de sofrer com a criminalidade que vem aumentando nos últimos anos. Os registros da Polícia Civil apresentam que o número de assaltos a ônibus apenas nos primeiros cinco meses de 2016 já corresponde a 57% do total de casos do ano passado.

As estatísticas dos últimos dez anos mostram que o auge da violência aconteceu em 2007, quando foram registrados aproximadamente 3500 casos de roubos em todo o sistema de transporte público da capital gaúcha. Dentre estes, 2300 aconteceram em ônibus. Entre os anos de 2008 e 2012, houve uma redução desse número. Porém, essas ocorrências aumentaram consideravelmente desde então.

Dados da Polícia Civil mostram o avanço dos assaltos ao transporte público da capital nos últimos onze anos

A crescente onda de violência, que atinge a todos, reflete diretamente na saúde daqueles que convivem diariamente neste ambiente hostil.

Como os motoristas, cobradores e fiscais das linhas de ônibus da capital que trabalham entre seis e oito horas para cumprir tabelas e itinerários perigosos, sob forte estresse emocional.

Eles estão na linha de frente entre os criminosos e os passageiros. Basta visitar qualquer final de linha de ônibus para ouvir relatos desses profissionais sobre a violência no transporte coletivo da capital gaúcha.

O motorista Gilmar Alves, 37 anos, relatou um assalto sofrido pela dupla de colegas que conduz o mesmo carro que ele, no turno anterior. Eles foram atacados por dois assaltantes armados com facões na linha T11 da Carris. Isto ocorreu na tarde de 24 de junho, mesmo dia da entrevista. “A gente fica sem reação. Não temos segurança, mas temos que trabalhar”, desabafa.

Gilmar Alves já perdeu as contas da violência sofrida dentro dos ônibus

Ele já perdeu a conta de quantas vezes foi assaltado enquanto trabalhava. Gilmar é motorista há 16 anos, sendo os últimos seis na Carris. “Já virou rotina e está cada vez pior. Perdi dois celulares, porque eles matam por qualquer porcaria e temos que entregar tudo para não arriscar a nossa vida.”

Para o motorista da Carris, Renan de Carvalho Franco, 32 anos, o estado de alerta é constante. “A gente desconfia de tudo e de todos. Com o tempo, dá para perceber quem tem intenção de assaltar e quem não tem. Mas o que podemos fazer? Só o que eles pedem.”

Motorista Renan de Carvalho Franco relata como foi sentir a violência na pele

Há cerca de dois anos, Renan sofreu um sequestro na linha T11, próximo à Avenida Nonoai. “Subiram quatro guris bem arrumados e passaram a roleta. Na Cavalhada, eles anunciaram o assalto. Cada um deles tinha uma pistola. Mandaram que eu seguisse em frente e fomos até a entrada da Restinga, onde fizeram a limpa no ônibus.”

Sempre que são vítimas de assalto, os trabalhadores cumprem um afastamento mínimo de sete dias e, juntamente com a empresa, precisam registrar, além do Boletim de Ocorrência, a Comunicação de Acidente de Trabalho — CAT — obrigatória segundo o Regulamento da Previdência Social, estabelecido pelo decreto 3.048 de 6 de maio de 1999.

Os rodoviários relataram que existe uma pressão por parte das empresas para que os profissionais voltem a trabalhar o mais rápido possível. “No processo de afastamento o próprio médico da empresa pressiona o funcionário a voltar. Eles acham que sabem mais do que a gente sobre o nosso sofrimento. Não pensam no trabalhador, só pensam na empresa”, revela Gilmar Alves.

A vida após o trauma

Existem casos em que a violência sofrida ultrapassa o limite. Esta é a situação de José Luiz de Macedo Lopes, 48 anos, pai de dois filhos. Motorista de ônibus por onze anos, quatro deles na empresa Viação Transporte Cavalhada — VTC, período em que foi assaltado doze vezes quando trabalhou na linha Cruzeiro, Zona Sul de Porto Alegre.

Numa sexta-feira à noite, em 19 de dezembro de 2008, aconteceu o fato que mudou a vida de José Luiz. Ele conta que, naquele dia, o cobrador com qual costumava fazer as corridas estava de folga. Quem assumiu a roleta foi um colega que tinha pouco mais de um mês de empresa e os dois estavam no último turno da tabela da linha.

“Um rapaz, que eu já conhecia por ser assaltante, embarcou e imediatamente rendeu o cobrador com uma faca.” José Luiz conta que, com o colega habitual, já havia conseguido reagir a outras tentativas de assalto. O bandido queria descer logo e o cobrador novato alertou sobre o assalto, pedindo para abrir a porta.

José Luiz, percebendo o nervosismo do parceiro, começou a discutir com o assaltante. Ele freou o ônibus, o criminoso caiu e o motorista tentou desarmá-lo. O motorista não conseguiu pegar a arma e foi esfaqueado no abdômen. Em meio a tudo isso, os passageiros chamaram a Brigada Militar, que logo em seguida chegou no local, prendendo o rapaz.

José Luiz não percebeu, naquela hora, que estava ferido. “Quando baixou a adrenalina que eu fui sentir. Tinha sangue por toda a minha camisa e escorria pela calça. E, nessa hora, passou muita coisa pela minha cabeça. Era perto do Natal e eu pensei que não comemoraria as festas de final de ano com minha família”, conta.

Um brigadiano o acalmou. Prestaram atendimento de emergência no local. O motorista conta que, ao entrar em contato com a empresa para relatar o ocorrido, a resposta o teria surpreendido: “Eles, mesmo sabendo que eu tinha sido esfaqueado, me pediram para levar o carro para a garagem, porque não tinha mais ninguém para buscar. Depois eles mandariam alguém me levar para o hospital. Não Acreditei.”

No pronto-socorro, José Luiz se queixa ainda que o assaltante teve prioridade no atendimento para realizar o exame de corpo de delito, enquanto ele, ferido, esperava. Sua última lembrança do episódio foi a do criminoso olhando para ele e sorrindo. “Fiquei revoltado! Como um bandido tem prioridade? Eu que sou trabalhador, fui esfaqueado e ainda tive que esperar? Ele saiu de lá rindo na minha cara, mesmo com uma ficha corrida de mais de dois metros, como me contaram”, desabafa.

Uma semana se passou, até que um funcionário da empresa foi a sua casa para saber se ele poderia voltar ao trabalho. “Nenhum assistente social, ou alguém do RH entrou em contato comigo antes disso.” O colega que apareceu era o fiscal da garagem. Não havia condições para voltar. O sofrimento não era apenas físico.

O motorista entrou em licença por 15 dias, pela empresa. José Luiz não conseguia dormir e, quando o cansaço era mais forte, os pesadelos lhe atormentavam. “Era sempre o assaltante entrando na minha casa, rindo e matando a minha família. Eu ficava paralisado, não conseguia mexer o corpo, só assistia a tudo”, descreve as cenas perturbadoras que interrompiam seu sono.

Esses episódios fizeram com que o motorista buscasse ajuda. Começou a fazer tratamento psicológico que não foi o suficiente. Ainda era atormentado pelos pesadelos. O humor começou a mudar. Ele estava mudando. “Eu estava muito irritado o tempo todo. Comecei a ficar agressivo. Comprava briga por tudo. Isso foi piorando a relação com a minha família. Minha mulher passou por tudo isso comigo, sempre me apoiou, mas eu sabia que estava fazendo mal para ela e para os meus filhos.”

No ano de 2009, aposentou-se por invalidez. Isso garantiu a ele uma renda mensal. Porém, teve que entregar a carteira de motorista ao Detran, pois fora considerado inapto a dirigir. Desde 2011, corre na justiça um processo por danos morais, materiais e custas médicas a serem cobrados da empresa VTC. Existe ainda outra ação judicial, aberta no mesmo ano, relativa a horas extras e insalubridade. Para esta, o Tribunal Regional do Trabalho, em oito meses, deu ganho de causa parcial a José Luiz, obrigando a empresa a pagar as horas extras devidas.

A relação com a família e com os amigos se tornou, para ele, insustentável. Ele achava que fazia mal a todos em sua volta, mesmo com o apoio que recebia. As coisas foram piorando. Procurou, então, a ajuda de um psiquiatra que prescreveu um tratamento à base de medicamentos. Até encontrarem uma combinação de remédios que não causasse maiores efeitos colaterais, demorou.

José Luiz decidiu isolar-se. Depois de episódios agressivos, inclusive com a esposa e com o filho, ele optou por morar sozinho no sítio. “Eu não consegui mais. Não sou mais o mesmo. Estava fazendo mal para eles. O cara que eu sou agora é diferente de antes e só quero o melhor para a minha família.”

Atualmente, faz uso de 18 medicamentos para tratar a depressão e os demais problemas ocasionados pelo trauma, como a pressão cardíaca que precisa ser controlada. Sua irmã, Adriana Lopes, 47 anos, descreve a mudança de José Luiz. “Ele sempre foi alegre e divertido. Gostava das festas e de reunir a família. Agora, ele está diferente, fechado, solitário. Senti muita tristeza, pois sempre fomos muito próximos e agora nos vemos muito pouco. Ele se afastou de todos”, conta ela.

A vida do motorista aposentado transformou-se profundamente. “Mudou tudo. O fato em si me mudou muito, com certeza, mas o tratamento também foi complicado. Afetou muito a minha vida, inclusive a amorosa. Eu já não sou mais um bom marido. Eu sei disso. Também, não sou mais um bom pai. E, eu tinha muito orgulho de ser um bom pai. Hoje, eu não estou mais tão presente na vida da minha família”, desabafa.

No sítio, a rotina é tranquila. José Luiz alimenta as aves (galinhas, marrecos e patos). Lá, ele mantém uma horta e tem a companhia de uma cachorrinha chamada Nala, nascida há poucos meses. Busca conforto nos livros de autoajuda. Atualmente, está lendo o livro O Demônio do Meio Dia, de Andrew Solomon. E, em alguns finais de semana — muito poucos, segundo ele — recebe a visita de familiares.

José Luiz entende que para resistir a tudo isso, só o tratamento à base de remédios não dá conta. Tentou o espiritismo, foi a três sessões mas sentiu que não lhe trazia conforto. Devoto de São Jorge, o motorista construiu um altar cumprindo uma promessa e, diariamente, pede ao Santo Guerreiro força para enfrentar os desafios.

José Luiz convive até hoje com o trauma causado pela violência sofrida em 2008. Assim como ele, muitos sofrem de um mal chamado Transtorno do Estresse Pós-traumático — TEPT. Para entender um pouco mais sobre o TEPT, suas causas e consequências na vida dessas pessoas, entramos em contato com a psicóloga Ana Cristina Souza, do Centro Clínico Gaúcho.

O transtorno do estresse pós-traumático — TEPT — é reconhecido como um transtorno mental e categorizado dentro dos transtornos de ansiedade. Para que ocorra o seu desenvolvimento é necessário que o paciente viva ou testemunhe uma situação envolvendo morte ou séria ameaça à integridade física.

Ainda, é necessário que a pessoa reaja com medo, horror ou impotência. Esta última condição é muito importante, pois por mais catastrófico que seja um evento traumático, as pessoas reagem de formas diferentes a ele. O que aterroriza uma pessoa pode ser algo quase indiferente para outra. O TEPT é gerado pelo modo como a pessoa interpreta a situação ocorrida.

Muitas vezes, o evento traumático ocorre em situações de trabalho, como assalto a ônibus (no caso dos motoristas e trocadores) ou a bancos (bancários). Como um dos sintomas do transtorno é evitar situações e pessoas que lembrem o trauma, o paciente nesta condição terá dificuldade para retornar ao seu trabalho. Isto pode ser extremamente incapacitante, se pensarmos que a pessoa exerceu determinado ofício durante toda a vida e se vê, subitamente, impedida de fazê-lo.

Os sintomas do TEPT podem ser pesadelos e lembranças espontâneas, involuntárias e recorrentes do evento traumático, evitação de qualquer estímulo que possa desencadear lembranças traumáticas como situações, contatos ou atividades que possam se ligar às lembranças traumáticas; diminuição do interesse afetivo por atividades e pessoas que anteriormente eram prazerosas; reações de fuga exageradas; episódios de pânico (coração acelerado, transpiração, calor, medo de morrer…); distúrbios do sono; dificuldade de concentração; irritabilidade; hipervigilância (estado de alerta); sentimentos de impotência e incapacidade em se proteger do perigo; perda de esperança em relação ao futuro; e sensação de vazio.

Para enfrentar este problema no dia a dia, a melhor coisa é procurar ajuda profissional para uma avaliação e possível tratamento. O tratamento preferencial é a Terapia cognitivo-comportamental — TCC, complementada, em algumas ocasiões, com o uso de fármacos como os ansiolíticos ou os antidepressivos de última geração. Quando os tratamentos são associados (psicoterapia e uso adequado de psicofármacos), tem-se obtido melhores respostas terapêuticas. Os objetivos do tratamento do transtorno do estresse pós-traumático estão voltados a: diminuir os sintomas, prevenir complicações, melhorar desempenho na escola ou no trabalho, melhorar relacionamentos sociais e familiares, e tratar algumas comorbidades associadas (como depressão e alcoolismo).

As chances do quadro do transtorno do estresse pós-traumático se estabilizar com tratamento adequado são altas. Com o tratamento adequado, depois de algum tempo, a pessoa vai gradualmente retomando a normalidade de vida.

Muitas vezes, pessoas com estresse pós-traumático tendem a isolar-se em casa e evitar o retorno a sua vida diária. A dica para quem convive com essas pessoas, tanto família como amigos e colegas de trabalho, é orientá-las a buscar ajuda profissional, de psicólogo ou psiquiatra preferencialmente.

Ana Cristina Souza — Psicóloga

Uma força especial para enfrentar o crime nos coletivos

Em 2015, uma grande onda de assaltos a ônibus foi registrada na zona leste de Porto Alegre. As investidas dos criminosos estavam focadas na região entre as avenidas Protásio Alves, Ipiranga, Antônio de Carvalho e Saturnino de Brito. Com a situação, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre — Stetpoa — organizou o recolhimento dos ônibus às garagens das empresas e mobilizou motoristas, cobradores e fiscais em uma caminhada pelas ruas do centro da capital gaúcha.

Sandro Abbàde, vice-presidente do Stetpoa contou como a organização mobilizou os trabalhadores. “Recolhemos os carros em protesto pela falta de segurança. Caminhamos em direção ao Centro da capital para reivindicar uma audiência com o secretário Biolchi.” Abbàde ressaltou a importância da união entre todas as categorias de trabalhadores do transporte público — ônibus, lotações e táxis — para o sucesso das manifestações.

No celular, foto recebida pelo Whatsapp mostra arma de brinquedo utilizada em um assalto

Reuniões entre os setores envolvidos ocorreram no Palácio da Polícia. Como resultado, algumas medidas foram tomadas para tentar solucionar a situação. Entre elas, a criação da Patrulha Temática do Transporte Público, pela Brigada Militar, e a troca de informações entre trabalhadores, empresas, sindicato e as polícias de forma mais ágil através do aplicativo Whatsapp.

As iniciativas não impediram que fosse registrado um aumento de 76% no número de assaltos a ônibus, em comparação ao ano de 2014. Em 2016, a Secretaria de Segurança Pública, em conjunto com a Polícia Civil e apoio das empresas e do sindicato, criou uma força especial para coibir esses ataques.

Em uma peça disponibilizada no prédio da 2ª DP localizada no terreno do Ministério da Agricultura, na Getúlio Vargas, e montada com mobiliário doado pelo Ministério Público estabeleceu-se a base da Força-tarefa do Transporte Público de Porto Alegre.

Criada para unir esforços, visando dar maior agilidade na obtenção de dados e identificação de suspeitos, o grupamento une policiais de todas as delegacias. A força-tarefa recebe materiais e informação diretamente das empresas, sindicato e trabalhadores do setor.

Conforme dados registrados pela Força-tarefa desde o início de sua operação, o maior número de assaltos ao transporte público está ocorrendo na região central de Porto Alegre

Na Carris, essa linha direta funciona em conjunto com a força-tarefa. É a empresa de transporte coletivo que mais possui assaltos registrados em Porto Alegre. Somente neste ano, foram 95 roubos registrados em veículos da concessionária em um total de 894 registrados entre todas as empresas. São 15 pessoas trabalham em frente a monitores somente para identificar possíveis delitos.

Francisco Carlos Pereira é o responsável por esse monitoramento na empresa. Segundo Pereira, a Carris sempre primou pela segurança de seus funcionários. “A companhia faz parte de um grupo formado por companhias de todo país, chamado Transporte Seguro. Nesse grupo, trocam-se ideias para ações que visam uma melhor segurança no transporte”, comenta.

Conforme revela Pereira, todos os 358 carros da empresa possuem câmera de segurança. Para o atendimento aos funcionários que foram vítimas de assalto, a empresa orienta que, os motoristas façam o boletim de ocorrência juntamente com o fiscal e o cobrador. Os trabalhadores também passam por uma avaliação psicológica, e alguns são afastados para tratamento.

As ações da força-tarefa estão promovendo mais interação entre todos os protagonistas envolvidos. Para o sindicato, essa foi a maior conquista a suas reivindicações relativas a segurança do setor. Mas muita coisa ainda precisa ser feita para resolver essa questão crítica e devolver a segurança para trabalhadores e usuários do sistema de transporte coleetivo de Porto Alegre.

Até a publicação desta reportagem, não obtivemos retorno aos nossos contatos com a Associação das Empresas de Transporte de Passageiros de Porto Alegre — ATP e com a empresa Viação Transporte Cavalhada — VTC.

Tensão na madrugada

Madrugada do dia 23 de junho, por volta das 00h30. Ouço disparos de pistola, distantes. Os minutos passam e o barulho vai aumentando. Percebo que já não são apenas pistolas. O som está cada vez mais próximo. Sinto medo e corro para o quarto da minha mãe. Os tiros continuam por cerca de meia hora, até surgirem as sirenes das viaturas da polícia. Fomos dormir tensas, sem fazer ideia do que havia ocorrido.

Naquela manhã, todos os vizinhos estavam apavorados comentando que um ônibus havia sido queimado e que os bandidos ameaçaram de morte o motorista, chegando a encharcá-lo com gasolina.

Nos dias que sucederam ao atentado, a circulação da linha 376-Herdeiros / Esmeralda foi interrompida. As consequências do crime não afetaram diretamente a minha rotina, pois não costumo utilizar essa linha. Apesar do susto daquela noite, sinto que a violência não estava tão próxima a mim.

Então, buscando mais informações sobre o caso para que pudéssemos complementar esta matéria, descubro que, em fuga, os criminosos passaram em frente a minha casa. Por essa razão, o som dos disparos foi tão próximo. Talvez, devido ao nervosismo não percebi ou não acreditei que tivesse sido a poucos metros da minha janela.

Em seis anos, morando no bairro Santa Cecília, na divisa entre Porto Alegre e Viamão, jamais havia passado por uma situação como essa. Se, para os moradores foi assustador, não consigo imaginar como está reagindo quem sentiu tudo isso na pele. Neste caso, o motorista.

Nathalia Amaral — repórter

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