Economia e virtudes humanas em tempo de pandemia no Brasil: um olhar à luz do Distributismo

Yasmin Carneiro
UNIV Inspire Br
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25 min readOct 7, 2020

Resumo

Desde 2013, o Brasil vem enfrentando inúmeras crises políticas e econômicas que levam ao flagelo das classes menos favorecidas; o que faz com que o país ocupe o ranking dos países mais desiguais do mundo. Contudo, o ano de 2019 foi de muito otimismo na economia brasileira, com investimentos na bolsa de valores com seus níveis mais elevados, retomada do emprego e um movimento de reformas institucionais. Porém, durante a pandemia do Coronavírus, em 2020, esse movimento foi interrompido, e uma crise de saúde e econômica atingiu o Brasil, e todo o mundo, o qual evidenciou os problemas econômicos e sociais que já estavam latentes na sociedade. Com o fechamento do comércio, devido ao isolamento social, e o aumento do desemprego, houve uma mudança no comportamento dos brasileiros em relação ao consumo, que se voltou mais para o mercado interno. Esse comportamento evidenciou traços fortes dos brasileiros, como a solidariedade, o que pode ser o início para uma nova forma de pensar a economia. Essas características se aproximam bastante da Filosofia Distributista, uma via que leva em consideração o homem e sua dignidade. Diante disto, este trabalho tem como objetivo analisar como o Distributismo, uma filosofia pautada nas virtudes humanas e na Doutrina Social da Igreja, pode orientar as relações humanas, sociais e econômicas, em busca de um bem social maior.

Palavras Chaves: Economia, Virtudes Humanas, Distributismo.

Abstract

Since 2013, Brazil has been facing countless political and economic crises that lead to the scourge of the less favored classes; which makes the country rank among the most unequal countries in the world. However, the year 2019 was one of great optimism in the Brazilian economy, with investments in the stock market at its highest levels, a return to employment and a movement of institutional reforms. However, during the Corona virus pandemic in 2020, this movement was interrupted, and a health and economic one hit Brazil, and the whole world, highlighted the economic and social problems that were already latent in society. With the closing of trade, due to social isolation, and the increase in unemployment, there was a change in the consumption behavior of Brazilians, which turned more to the domestic market. This attitude showed strong traits of Brazilians, such as solidarity, which can be the beginning for a new way of thinking about the economy. These characteristics are very close to the Distribution Philosophy, a way that takes into consideration the man and his dignity. Faced with this, this work aims to analyze how Distributism, a philosophy based on human virtues and the Social Doctrine of the Church, can guide human, social and economic relationships in search of a greater social good.

Keywords: Economy, Human Virtues, Distributism.

Índice

Introdução

Estágio da economia brasileira no período de pré-pandemia

Comportamento dos brasileiros no período de pandemia

Distributismo e virtudes humanas

Considerações Finais

Referências Bibliográficas

Introdução

O Brasil enfrenta inúmeros problemas sociais e econômicos, oriundos de uma matriz de concentração de riquezas e terras e mais uma sequência de políticas “inconstantes”, somado a um alto índice populacional. Possivelmente, o país seria um exemplo fidedigno à crítica que o autor Britânico G. K. Chesterton faz à sociedade moderna, pois possui uma falta de visão unificada do estado social ao qual se quer alcançar. Como o mesmo autor explica na metáfora[1] a seguir, o segmento de várias ideais (políticas/sociais), tal como acontece no Brasil, é como uma pessoa que decide pintar um mundo de azul e em outro momento muda para o amarelo, depois vermelho e nunca vê completar sua obra em cor alguma, por não definir um objetivo único (CHESTERTON, 2012).

O emprego de políticas e ideias sociais no Brasil é um verdadeiro arco-íris dentro da parábola do Chesterton, o que se deve a uma falta de consciência de que se trata de um país com características únicas, diferente dos demais. Isto levou a nação a não pensar em um modelo próprio e a “importar” outros modelos, que nem sempre foram capazes de comportar suas necessidades sociais e econômicas. Essa visão de Chesterton sobre o mundo moderno se aproxima bastante do que o sociológico Bauman define como modernidade líquida, uma sociedade fluída marcada por constantes transformações. Segundo o autor,

O que todas essas características dos fluidos mostram, em linguagem simples, é que os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. Os fluidos, por assim dizer, não fixam o espaço nem prendem o tempo. Enquanto os sólidos têm dimensões espaciais claras, mas neutralizam o impacto e, portanto, diminuem a significação do tempo (resistem efetivamente a seu fluxo ou o tornam irrelevante), os fluídos não se atêm muito a qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la; assim, para eles, o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca ocupar, espaço que, afinal, preenchem apenas “por um momento”. Em certo sentido, os sólidos suprimem o tempo; para os líquidos, ao contrário, o tempo é o que importa. Ao descrever os sólidos, podemos ignorar inteiramente o tempo; ao descrever os fluidos, deixar o tempo de fora seria um grande erro. Descrições de líquidos são fotos instantâneas, que precisam ser datadas (BAUMAN, 2001, pág. 08).

Nesta sociedade pós-moderna, as relações econômicas não se estabelecem por laços e sim por facilidades. Os consumidores preferem comprar marcas famosas e caras, como o Louboutin, do que um sapato produzido por uma produção familiar; isso se deve pela influência de duas variáveis: a facilidade de consumo — pois se pode adquirir qualquer bem de qualquer lugar do mundo -, e a frivolidade consumista — oriunda de um comportamento utilitarista que leva a uma busca incansável de maximização do prazer e fuga da dor, fruto do individualismo. Esse comportamento torna as relações econômicas frágeis, líquidas, superficiais. Isso faz com as pessoas sejam atingidas por uma grande angústia, pois a liberdade excessiva, fruto dessa liquidez, gera uma instabilidade, principalmente nas relações trabalhistas. Por um lado, não se sabe até quando se terá um emprego seguro, por outro as relações se detêm à network e não possuem laços, não há o pertencimento a uma comunidade.

Porém, fenômenos culturais, como os ocorridos no período de pandemia, que serão descritos neste trabalho, fez com que o olhar da população se voltasse para problemas sociais da comunidade geral. Este comportamento dos brasileiros se dá pelo que se pode intitular “virtudes sociais brasileiras”[2], o que mostra que é possível criar um modelo econômico muito mais próximo do que se idealiza na Filosofia Econômica do Distributismo e do que orienta a Santa Sé, na Doutrina Social da Igreja (DSI).

O modelo econômico atual, pautado pela globalização e nas leis de livre mercado, mostra-se insuficiente para o bem estar social no Brasil, o que pode ser evidenciado nas crises econômicas dos últimos anos e intensificado no período de pandemia. Segundo Bauman (2001), essa liquidez nas relações econômicas, fruto da globalização, não pode ser superada, pois as sociedades tendem a dois extremos, segurança exagerada, fruto de uma solidez que pode gerar escravidão, ou liberdade em excesso, fruto das relações fluídas, que leva ao caos. Diante disto, este trabalho tem como objetivo analisar como o Distributismo, uma filosofia pautada nas virtudes humanas e na DSI, pode orientar as relações humanas, sociais e econômicas, em busca de um bem social maior. Para isso, foi realizada uma pesquisa em noticiários, sites e redes sociais sobre como o brasileiro tem se comportado no período de pandemia. Também foi levado em consideração relatos de pessoas que vivenciaram algum tipo de mobilização em suas cidades.

Na primeira parte deste trabalho será realizada uma descrição do estágio da economia brasileira no período de pré-pandemia, elencando os seus entraves sociais e humanos, deixados pelo atual modelo capitalista que apresenta fortes sinais de esgotamento, como insustentáveis condições de enriquecimento de poucos, exploração do trabalhador, agressão ao meio ambiente, frutos de duas motivações: de um lado, a cegueira humana ao lucro e, de outro, da busca insaciável de bem estar e consumo. Em seguida, far-se-á uma descrição do comportamento dos brasileiros no período de pandemia, que apesar de ter apresentado profundos malefícios para a população, corroborou a característica natural de solidariedade e coletivismo no movimento geral e voluntário de ajuda ao próximo. Por fim, será apresentada uma análise do Distributismo como alternativa às falhas do modelo socioeconômico praticado no Brasil, em que a distribuição seria a primeira resposta a essa problemática brasileira, uma vez que essa terceira via põe sua motivação nas relações econômicas e sociais pautadas na família e na comunidade; sendo fundamentadas nos bons relacionamentos humanos e na visão de cooperação, em que a divisão e o poder social são movidos por uma ação humana ao bem, sem acumulação ou controle governamental para isso.

1. Estágio da economia brasileira no período de pré-pandemia

No Brasil, o modelo econômico é majoritariamente capitalista que é caracterizado por flutuações com períodos de crescimento e declínios (LUCAS, 1976). Declínios esses, que no país tem sido de grande prejuízo à população, acentuando a concentração de renda, castigando-a ao desemprego e a insegurança da inflação. No período de 2014 a 2016, o Brasil esteve em uma fase de contração no ciclo econômico, sendo considerado o período de pior crescimento dos últimos 120 anos, o que diz o economista Marcel Balassiano (2020). Furtado (2005) descreve que a transição do sistema colonial para o capitalista no Brasil foi o ponta pé para a estrutura desigual dos dias de hoje, pois não foi algo pautado na criação de uma sustentabilidade, para aqueles que não eram detentores dos meios de produção, ficando grande parte da população a margem do sistema, tornando uma grande massa sem oportunidade de produzir ou mesmo de trabalhar por falta de postos de trabalho assalariado a todos.

Um exemplo disso, é que não houve uma divisão de terras, fazendo com que no Brasil atual, menos de 1% das propriedades agrícolas possuem cerca de 45% da área rural e outorgam cerca de 43% do crédito agrícola do Brasil e, contudo, são os pequenos proprietários que produzem mais de 70% da produção de alimentos (CHIARETTE, 2016). Juntamente a isso, os interesses agrícolas ameaçam a biodiversidade, a ganância tem destruído as florestas para fins puramente econômico como: comércio de madeira, plantações e criação de gado. Há também, uma falta de preocupação da população, hedonista e materialista, que prioriza seu consumo e bem estar e pouco preocupa com as produções do lixo que é jogado na natureza. Porém, buscar o equilíbrio entre consumo e preservação deve ser tomado como prioridade, já que o Brasil é reconhecido por conter os mais ricos biomas do mundo, tendo seis terrestres e três grandes ecossistemas marinhos, possuindo mais de 103.870 espécies de animais e 43.020 espécies de vegetais conhecidas no país. A variedade de vida abriga mais de 20% do total de espécies do planeta (MMA,2020).[3]

Um segundo exemplo de causa para o aumento da desigualdade e, consequentemente, da pobreza, é o desemprego. Este aumentou consideravelmente em 2015, como pode ser observado no gráfico abaixo, sendo o fator principal responsável pela queda do poder de compra das famílias brasileiras. (NERÍ, 2018)

Gráfico1: Saldo do Emprego no Brasil 2012–2019. Fonte: IPEADATA, 2020

Como é possível observar no gráfico, o saldo negativo do emprego vem crescendo desde 2011, com seu menor nível em 2015 com recuperação de 2016 a 2019. O desemprego é sinal de desajuste do mercado de trabalho. Ele gera receio ao consumo, pois os empregados reprimem a demanda por bens e serviços, o que por fim, reduz o lucro e o investimento empresarial, retrato da engrenagem capitalista girando para trás. O desemprego gera uma maior oferta de mão de obra, o que cria um poder de domínio da classe empresarial para com a classe operária, classe essa, que tem seu olhar voltado apenas para o lucro. Com isso, a classe trabalhadora brasileira se sujeita a exploração que se dá em péssimas condições de trabalho, cargas horárias extensivas, salários baixos e até mesmo escravidão. Devido a liberdade e a facilidade na quebra dos contratos de trabalho, o empregado fica suscetível e angustiado, sem solidez, com receio de perder seu trabalho e aqueles que estão em um busca por postos de trabalho também estão em angustia, pois não sabem quando voltarão a ter renda.

Concomitante a isso, uma crise fiscal crônica no Brasil, por via dos aumentos de gastos públicos nas sazonalidades eleitorais e corrupção, gera muito desgaste econômico, o que leva a questionar a ideia de centralização do Estado como não sendo a resposta às falhas do modelo capitalista. O que existe na verdade, é uma grande máquina pública brasileira cara e pesada para a sociedade e que pouco consegue dar retornos efetivos a mesma, principalmente pela constante dissolução e não completude das suas políticas e ações. Assim, a não completude de políticas públicas no Brasil está muito ligada a dicotomia “ora esquerda ora direita” na direção do governo, com visões de estado social muito diversas, o que traz à luz a crítica de CHESTERTON (2012), do mundo azul, em que o Estado brasileiro não consegue se pintar de cor alguma, e ao que o BAUMAN (2001) atribuiria como liquidez, fazendo com que Estado não chegue a solucionar integramente e de forma sustentável os problemas da população.

Junto a isso, as realidades nas condições de vida das pessoas, tais como saneamento, condições de moradia, educação, segurança, saúde, nutrição, são elementos considerados para medir o índice de pobreza, que é medido recentemente pelo Banco Mundial no indicador social chamado índice de Gini[4]. Nesse indicador, o Brasil apresenta um dos índices mais desiguais do mundo, sendo de 53,9% (0,539) em 2018. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD,2018), o índice de pobreza no Brasil aumentou em 11.2% de 2016 para 2017 (NERI, 2018). Isso levou o Brasil para o ranking mundial, numa posição afrente apenas de 6 países Africanos, ao 7º país mais desigual do mundo, entre países de economia bem mais enfraquecida, sendo maior que países latinos, como Paraguai e Nicarágua. Países como Noruega, Suíça e Irlanda, que são os melhores no ranking, são países que apresentam maior qualidade e equidade na educação, acesso à saúde, instituições inclusivas, proteção social, condições de trabalho, distribuição justa de salários, oportunidades de trabalho, acesso à tecnologia.

Gráfico 2: Índice de Gini Brasileiro de (2012–2018). Fonte: (PNUD, 2020)

É possível ver no gráfico uma redução da desigualdade em meados de 2012 a 2014 e, logo após, um aumento do índice, o que resulta que em “10% dos mais ricos do Brasil concentram 41,9% da renda total do país” (PNAD, 2018). A diferença entre ricos e pobres cresceu, sendo que 1% são os mais ricos e ganham mais de 33 vezes a renda dos 50% mais pobres; este contingente representa 23,3 milhões de pobres no país. Em salários, isso significa que 1% possui o equivalente a uma renda anual de US$ 176 mil que é o equivalente a um salário de R$ 68 mil por mês, bem distante do salário-mínimo de R$ 1.045 da maioria da população brasileira.

Dados como esses, ilustram como é importante colocar a redução da desigualdade social no topo da agenda nacional brasileira. Uma combinação de intervenções de bom senso é necessária para garantir a justiça em impostos, redução de subsídios para os ricos e implementar políticas de oportunidades a pequenos investidores. Recentemente, houve uma melhora lenta e gradual na economia brasileira não tão efetiva, devido à alguns entraves, como a greve dos caminhoneiros em 2018, e a guerra comercial entre EUA e China, que afetou diferentemente os números percentuais do crescimento brasileiro. Ainda assim, independente desses acontecimentos, houve otimismo na economia brasileira, com investimentos na bolsa de valores com seus níveis mais elevados, retomada do emprego e um movimento de reformas institucionais, capaz de criar boas expectativas para 2020, visto que em 2019 o PIB cresceu por volta de 2%. (BALASSIANO, 2020). Porém, este otimismo foi interrompido pela crise mundial da saúde oriunda de uma virose, que está regendo uma alta mortalidade, uma crise na saúde, esgotamento dos recursos privados e públicos, assunto que será melhor exposto na próxima seção.

2. Comportamento dos brasileiros no período de pandemia

Em dezembro de 2019 foi diagnosticado o primeiro caso do novo Coronavírus (COVID-19) na China. Em pouco tempo, o vírus já havia espalhado por todo o planeta, o que gerou uma situação de pandemia mundial. As autoridades governamentais começaram a decretar que a população vivesse um período de isolamento social. Escolas, academias e todo comércio tiveram que fechar as portas, com exceção dos estabelecimentos que prestam serviços essenciais.

Trabalhadores perderam seus empregos, pequenos empresários não conseguiram se sustentar, outros tiveram que se reinventar. O novo Coronavírus acabou por evidenciar a crise econômica que já se perpetua há muitos anos. Diante dessa situação, duas preocupações, dentre outras, tornaram-se centrais nesse período no Brasil (e no mundo): a primeira era a prestação dos serviços de saúde de qualidade para toda a população e a segunda era a crise econômica que estava por vir. No entanto, as duas estavam intimamente ligadas. Por um lado, a política de saúde necessitava de mais repasses de verbas para conseguir se manter no período de pandemia (compras de equipamentos de proteção individual, contratação de funcionários etc.) e por outro, a economia precisava estar funcionando para que pudesse ter esses repasses, bem como para a manutenção e o crescimento do emprego e renda.

O esgotamento causado pela pandemia devido à falta de recursos na política de saúde, mortes pelo COVID-19, aumento do desemprego, fechamento dos comércios, pela baixa atividade econômica oriunda do período de isolamento social, formam fatores maléficos para a economia brasileira como um todo. Porém, impulsionadas pelas “virtudes humanas brasileiras”, as comunidades se viram preocupadas com o bem estar do homem em si e não mais tanto com a sustentabilidade do macro ecossistema da economia brasileira. Nesse sentido, houve um movimento dos brasileiros de afloração do seu espírito de caridade que pode ser visto em algumas iniciativas, tais como:

· Grupos de pessoas se organizaram para arrecadar alimentos e montar cestas básicas para os menos favorecidos e pessoas que perderam seus empregos na pandemia;

· Artistas mobilizaram lives para arrecadação de suprimentos aos hospitais e para manutenção de entidades filantrópicas, que também trabalhavam atendendo os mais vulnerável;

· Igrejas também usaram sua influência para reduzir os malefícios da pandemia;

· Houve também adeptos da campanha “Adote um Hostel”, e com a baixa do turismo no Nordeste a campanha foi um meio desses estabelecimentos se manterem no isolamento.[5]

· A população começou a comprar em lojas/mercados do bairro para que as famílias, donas desses estabelecimentos, não ficassem sem renda. Inclusive, houve grupos que fizeram listas com o nome dos estabelecimentos, serviços prestados e contato e distribuíram por suas cidades pedindo que a população priorizasse o consumo interno, como por exemplo, em Santana (Ba)[6].

· Prefeituras fizeram campanhas para que a população comprasse no mercado interno, a fim de ajudar na economia de cada localidade, fazendo com que o dinheiro permanecesse na própria cidade. Um exemplo desse incentivo foi a campanha de Barra Funda (RS)[7] para incentivar a compra no comércio local.

Com efeito, é importante salientar que todas essas ações foram desenvolvidas pensando no bem comum, valorizando todas as áreas de trabalho, sobretudo aquelas que eram menos visíveis e que diante desse cenário, as pessoas puderam perceber a importância e a necessidade dessas funções para que a sociedade pudesse funcionar plenamente, mostrando que a aplicação das virtudes humanas, com o trabalho bem feito, assíduo e harmônico, assim como um olhar sensível para a dignidade de cada ser humano, sem explorá-lo, mas dando meios para que ele possa cumprir bem a sua função, é o que tem feito muitas famílias se manterem e muitas empresas continuarem com as suas portas abertas diante de uma das mais graves crises econômicas, visto que houve uma sensibilização das pessoas, que a levaram a prática da solidariedade e do bem, olhando o outro com mais caridade. Assim, algumas empresas brasileiras conseguiram honrar com o salário dos seus funcionários e os mantiveram empregados, mesmo que isso tenha exigido uma diminuição no lucro da empresa.

Se a pandemia exemplificou que há possibilidade de manter as relações econômicas de forma mais humana, é preciso tomar conhecimento de que há algumas empresas que já adotam uma forma de gestão mais humanizada, com base nos valores da DSI, desde antes da pandemia e que mostram ser possível a concretização de uma terceira via para o modelo econômico atual. Uma dessas iniciativas é a Economia de Comunhão (EdC), desenvolvida pela comunidade dos Focolares. Ela foi fundada em maio de 1991 em São Paulo por Chiara Lubich e “envolve empresários, trabalhadores, gestores, consumidores, poupadores, cidadãos, pesquisadores, operadores econômicos, todos empenhados em vários níveis a promover uma prática e uma cultura econômica voltada para a comunhão, a gratuidade e a reciprocidade, propondo e vivendo um estilo de vida alternativo àquele dominante no sistema capitalista”[8].

Um exemplo de empresa que trabalha com a Economia de Comunhão é a Live Safety. Em entrevista, Diógenes Monteiro, fundador e CEO da empresa, informou que durante a pandemia a empresa não sofreu muito impacto financeiramente e que

A nossa empresa teve que se adaptar ao novo contexto, e rapidamente conseguimos colocar em casa 80% de toda a equipe para trabalhar em home office e apenas eu e alguns colaboradores permanecemos trabalhando todos os dias, com as devidas proteções.

Logo no começo do mês de março, colocamos as pessoas do grupo de risco em quarentena, distribuímos a todos, máscaras, luvas e produtos de higiene, como álcool em gel e clorexidina 0,2%.

Também temos sido solidários aos motoristas das transportadoras que nos visitam durante a semana e distribuímos também para eles produtos de higiene e máscaras, inclusive algumas que adquirimos com outra empresa EdC.

Temos recusado alguns serviços que eventualmente colocariam nossos funcionários em risco de contágio, mesmo que financeiramente signifiquem um bom negócio, porque nossa prioridade é a vida dos nossos colaboradores. Tenho conversado todos os dias, tanto com funcionários do grupo de risco quanto aqueles que estão à frente junto comigo, para saber o que pensam, se estão tendo alguma dificuldade financeira, se têm se alimentado bem, e procuro auxiliar principalmente os mais vulneráveis[9].

Outras empresas precisaram se reinventar, como é o caso Gicalli[10], uma empresa que trabalha com confecção de bolsas, mochilas, nécessaires, estojos e brindes personalizados e que também é adepta à Economia de Comunhão. Percebendo que muitas pessoas, principalmente do grupo de risco, não possuíam máscaras, a empresa começou a produzir máscaras para doação, a fim de fazer a diferença e, em pouco tempo, começaram a receber encomendas de diversas redes de farmácia na região. Além disso, segundo a proprietária da empresa, Jussara Gomes, em entrevista ao site da Economia de Comunhão, afirma que “Temos muitas mulheres que moram na zona rural e não possuem outra fonte de renda, além daquela do marido. Então, propus a elas que prestassem serviço para a empresa: nós mandamos o material e elas costuram e confeccionam bolsas e brindes para a nossa empresa”[11].

Percebe-se que essa empresa, além de exercer a virtude da justiça, também exerceu o princípio da subsidiariedade. Este conceito se refere a dar as condições para que uma pessoa supere a situação em que está vivendo, o famoso “ensinar a pessoa a pescar e não somente dar o peixe”. Quando a Gicalli oferece uma oportunidade para essas mulheres, mais do que resolver um problema pontual, está proporcionando que elas sejam autônomas e se sustentem por si só. Isso é a verdadeira virtude da justiça.

No início da pandemia, uma pesquisa da NIELSEN COMPANY (2020)[12] já apontava essa tendência da população a orientar-se ao consumo local, que havia crescido em 7%. Esse fortalecimento das comunidades e do pensamento local está intensamente ligado à filosofia Distributista, que incentiva o homem a cuidar do seu meio (família, comunidade, cidade) por meio do desenvolvimento das virtudes, o que será analisado na próxima seção.

3. Distributismo e virtudes humanas

Sabe-se que o capitalismo está baseado na acumulação de bens e propriedades e, o socialismo em uma espécie de “bem comum” em que todos são donos de tudo, mas é o Estado que detém tudo. No entanto, ambos os sistemas não têm como centro o valor do homem em si, mas a acumulação, a matéria, a propriedade. Dentro dessa perspectiva de busca da redução da desigualdade no Brasil, cabe refletir se há um modelo econômico social que tenha seu foco na valorização do homem comum e que possa ser colocado em prática.

Ambos os modelos econômicos apresentam falhas insustentáveis e não tratam o ser humano na sua essência. O Capitalismo é um sistema baseado na maximização do lucro, e busca isso à custa do trabalho exaustivo, eliminando a dignidade humana e o transformando em uma máquina de engrenagem, e o socialismo, por sua vez, busca eliminar a propriedade privada e colocá-la nas mãos de um governo centralizado.

É possível perceber na sociedade hodierna uma distorção dos valores, o que torna as relações humanas cada vez mais superficiais e depreciativas. Consoante a isso, G.K. Chesterton (2012), afirma em Ortodoxia, que o mundo não é mal, pois está cheio de virtudes, só que distorcidas. Isso se confirma no modelo socioeconômico praticado no Brasil pós-moderno, que é majoritariamente capitalista e, não diferente do socialismo, utiliza as virtudes, sobretudo da justiça e da laboriosidade só que de forma equivocada.

Desse modo, os dois sistemas limitam a liberdade do homem, tornando a sociedade injusta, e a justiça é uma virtude considerada, desde os tempos dos filósofos antigos, como um elemento extremamente importante para a integridade do mercado. No entanto, ao fazer uma análise histórica, é possível perceber que o período do Iluminismo, movimento de liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia na Inglaterra nos séculos XII e XIII, desconstruiu o conceito de justiça, fazendo com que as pessoas acreditassem em uma falsa ideia dessa virtude, em que só seria possível adquirir por meio de um planejamento centralizado pelo governo (PEREZ, 1980). Nesse caso, o homem é “objetificado”, reduzido a uma insignificância material, que serve apenas para produzir lucros. Além disso, em todas as épocas houve uma paralela crítica ao movimento de sacralização da propriedade privada por correntes de cunho Marxista.

Concomitantemente, o comunismo e algumas correntes socialistas reivindicam, como solução para todos os desajustamentos sociais, como os descritos na primeira parte do trabalho, a abolição da propriedade privada dos bens de produção, assim como um controle social na distribuição dos bens que se podem desfrutar pessoalmente. Contudo, Aristóteles e outros filósofos afirmaram que a posse dos bens é algo natural ao homem, que por sua vez seria algo difícil de ser mantido e violado (PEREZ, 1980). Assim, o trabalho é a primeira manifestação do domínio sobre as coisas e o meio ordinário para adquirir o direito de propriedade sobre os bens concretos, de forma que cubra as próprias necessidades corporais e espirituais e promova, ao mesmo tempo, o progresso e o bem-estar da sociedade (PEREZ — 1980).

Análogo a isso, na obra “A República”, de Platão — filósofo clássico da Grécia antiga — afirma que para a sociedade ser justa os indivíduos precisam ser justos, e isso só acontece se cada um cumprir a sua função; no entanto, os indivíduos só podem cumprir a sua função e fazê-las bem, se junto a essa virtude da justiça estiver associado a virtude da laboriosidade, sendo que nenhuma virtude se sustenta sozinha, mas funciona como uma engrenagem, em que todas se interligam umas nas outras para que possam funcionar plenamente. Diante da má aplicação dessas virtudes, é possível observar no Brasil uma sociedade líquida, como conceituou o sociólogo polonês BAUMAN (2001), em que as relações humanas e as aplicações das comunidades são superficiais e, por isso, não leva a um desenvolvimento pleno da sociedade.

Trazendo para as relações econômicas, que é o tema deste trabalho, percebe-se que há uma liquidez maior nas relações globalizadas de hoje do que na que existia nos primeiros burgos da Baixa Idade Média. Antes o sapateiro produzia o produto por completo e demorava um tempo para finalizar um par de sapatos. Hoje, com o desenvolvimento da tecnologia e da programação, produzem-se muito mais pares de sapatos em grande escala e em um tempo muito curto. Porém, embora se produza mais e com mais rapidez, ainda há muitas pessoas que não possuem um par de sapatos para calçar.

O papa Leão XIII, preocupado com esse esquecimento humano nas relações econômicas, refletidas na exploração do empregado e com a agitação dos movimentos sindicais no período das Revoluções Industriais, escreve, em 1891, a encíclica Rerum Novarum, que versa sobre a dignidade humana e sobre o bem comum na vida em sociedade, que foi o primeiro documento que deu origem a Doutrina Social da Igreja (DSI) que trata das condições dos trabalhadores. Tema esse que é identificado como um gargalo social no Brasil.

Nesse ponto, a DSI tem como base o texto bíblico que diz que “O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no Jardim do Éden para cultivá-lo e para guardá-lo” (Gn, 2,15). Isto é, o homem é administrador dos bens terrenos e deve fazer usufruto desses bens, cultivando-os e guardando-os. Ou seja, o homem deve agir como administrador dos bens terrenos e utilizá-los para o seu bem-estar e dos demais.

Segundo a DSI, o homem é um ser relacional, isto é, precisa relacionar-se com os demais para viver, de forma direta e indireta. O homem vive em comunidade, não consegue viver sozinho, depende do outro, consciência de dependência que foi revivida na pandemia no Brasil. Desde o início da sua existência, uma pessoa depende de alguém: para a existência de um embrião é necessário à existência de um pai e uma mãe. Depois, nas relações sociais e econômicas, também mantém essa dinâmica relacional. Por isso, a dignidade do homem deve ser sublinhada nas várias relações estabelecidas entre os humanos.

A pessoa só pode sobreviver e desenvolver-se com a ajuda dos outros. Para ser homem, não basta viver numa boa relação com Deus; além disso, o ser humano deve ter muito cuidado para viver numa boa relação com os outros. Isto começa com a família; diz respeito ao círculo dos amigos, e, finalmente, a toda a sociedade. Fundamental para a dimensão pessoal da pessoa é que fomos criados como homem e mulher (Gn 2,23). Desde o princípio, homem e mulher possuem a mesma dignidade. Enfrentam a sua vida, ajudando-se e complementando-se mutuamente. Deus torna fecunda nos filhos a união amorosa do homem e da mulher. Por isso é que a família é a célula obrigatória de toda a sociedade (DOCAT, 48).

Nesse sentido, a DSI entende que todas as pessoas são iguais, pois possuem a mesma dignidade, e ao mesmo tempo, cada uma com suas capacidades e singularidades, pode potencializar suas qualidades para melhorar o mundo em que vive. Ao mesmo tempo em que o homem se iguala aos demais por meio da dignidade humana, ele é singular, pois cada indivíduo é único e diferente de todos os demais.

Diante do exposto, reafirma-se que os atuais modelos econômicos são insuficientes e maléficos para a sociedade, visto que um explora e outro a torna preguiçosa, no sentido de que a virtude da justiça é transgredida com a falta de divisão de bens, já tão marcantes no Brasil, e a resposta que buscam empregar são a não ação da população que espera que o estado tudo resolva. Analisando isso, foi desenvolvida uma terceira via, pautada justamente na busca de uma justiça pura e em uma laboriosidade empreendedora, denominada de Distributismo, a fim de ser uma alternativa para as falhas desses sistemas.

Para isso, o Distributismo orienta a economia por meio da solidariedade e a ampla difusão da propriedade privada, garantindo a liberdade econômica (Sociedade Chesterton Brasil, 2019). Para o Brasil um movimento social nesse sentido se faz relevante, tanto vindo daqueles 1% mais ricos quanto daqueles que são majoritariamente detentores de terras.

Desse modo, o Distributismo almeja ampliar a propriedade para o maior número de proprietários e acabar com a concentração da propriedade nas mãos de poucos ou do Estado. Além disso, desenvolver um mercado que visa o bem comum e incentivar o homem empreendedor, que serve uns aos outros e que consiga enxergar o indivíduo, ao contrário do que acontece no Brasil atual, em que o coletivo está acima do indivíduo, sem levar em consideração as necessidades pessoais de cada um com a presente extrema desigualdade (Sociedade Chesterton Brasil, 2019). Mas, se é assim que se deve ser entendido o bem comum, o que significa dar ao homem a parte que lhe cabe e realizar a justiça distributista? Significa dar a cada membro individual da comunidade de acordo com a aptidão e a capacidade de cada um.

Considerações Finais

Diferente do modelo econômico brasileiro, o caráter distributista não está preocupado em atingir o mais alto rendimento industrial ou de equilibrar a produção e o consumo, mas de conservar e desenvolver os dons naturais, as capacidades e as virtuosidades dos indivíduos, colocando toda a atenção no homem e na sua dignidade, de forma a oferece-lhe bons meios de trabalho. Assim, para o Brasil, dentro dessa ótica vê-se necessário a ampliação de estruturas básicas ao desenvolvimento humano, como a educação de qualidade, bons meios de moradia e acesso a saúde.

Tendo isso, o brasileiro terá a capacidade de ser um homem empreendedor que fornece a sua força produtiva para a família e a comunidade, que na visão do Distributismo e na da DSI, é o desenvolvimento de pequenos ecossistemas que gerará um país de equidade.

Para isso, precisa-se criar no Brasil relações sólidas, deixando de lado a perspectiva liquida e globalista, e colocar em seu lugar núcleos sociais sustentáveis, visto que na perspectiva de BAUMAN, a liquidez nas relações econômicas não poderia ser superada, pois nunca alcaçaria um equilíbrio. Porém, esse pessimismo se deve por pensar que a superação se faria de uma forma marco, como um grande barco. No entanto, a proposta de Chesterton (2012) e da DSI é colocar essas superações em pequenos botes, que faria a sociedade como todo ir mais longe, para que quando esta estivesse em crises e “grandes tempestades”, os barcos à deriva seriam socorrido pelos outros, não afundariam todos juntos em um mesmo Titanic.

Mas, para que isso ocorra é necessário investir em formação, para que as pessoas descubram que há uma oportunidade de melhora nas relações econômicas e para que o Distributismo seja conhecido não só como uma utopia, mas como uma filosofia que pode ser colocado em prática.

Referências Bibliográficas

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CHESTERTON, G.K. Ortodoxia. 2ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2012.

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PNUD; Sintese — Relatório do Desenvolvimento Humano 2019. Disponível em <http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr_2019_pt.pdf> Acesso em 27/09/2020.

[1] (…) Suponhamos que um homem quisesse um tipo particular de mundo; um mundo azul, por exemplo. Ele não teria motivo para queixar-se da leveza ou rapidez de sua tarefa; poderia labutar por um longo tempo na transformação; poderia ir trabalhando (em todos os sentidos) até que tudo fosse azul. Poderia ter aventuras heroicas: a aplicação dos últimos retoques num tigre azul. Poderia ter sonhos mágicos: o surgimento de uma lua azul. Mas se ele trabalhasse com afinco, esse reformador idealista certamente deixaria o mundo (segundo a sua visão) melhor e mais azul do que o encontrara. Se alterasse uma folha de capim por dia para a sua cor preferida, ele avançaria lentamente. Mas se todos os dias alterasse a cor preferida, não poderia avançar absolutamente nada. Se, depois de ler um novo filósofo, ele começasse a pintar tudo de amarelo ou vermelho, seu trabalho seria jogado fora: não haveria nada para mostrar, exceto alguns tigres azuis andando por aí, espécimes de seu mau estilo da fase inicial. Essa é exatamente a posição do típico pensador moderno (CHESTERTON, 2012, pág. 102).

[2] Capacidade de cuidar e desejar o bem do próximo, incômodo com a desigualdade social, relações comerciais de trabalho não só motivadas pelo lucro.

[3] https://www.mma.gov.br/biodiversidade.html

[4] O índice varia de 0 a 1; quanto mais perto do 0, mais igual em distribuição de renda é o país. Disponível em: <https://datos.bancomundial.org/pais/brasil?view=chart>. Acesso em 04/10/2020.

[5]A campanha consistia em adquirir uma estadia e em troca a pessoa recebia em casa um brinde que lembrasse a região do Nordeste. Disponível em <https://www.instagram.com/p/CAYBdmjFF8w/?igshid=1ryqhsf980szk.> Acesso em 04/10/2020.

[6] Disponível em <https://instagram.com/divulgadelivery_?igshid=9dke97f4mthk>. Acesso em 04/10/2020.

[7] Disponível em <https://barrafunda.rs.gov.br/noticias/item/campanha-compre-no-com%C3%A9rcio-local-valorize-nosso-munic%C3%ADpio.html/>. Acesso em 04/10/2020.

[8] Disponível em <https://www.edc-online.org/br/quem-somos/o-que-e>. Acesso em 03/10/2020.

[9] Disponível em <https://www.edc-online.org/br/empresas-br/best-practices/16303-covid-19-e-edc-brasil-diante-da-pandemia-saude-e-integridade-dos-funcionarios-em-primeiro-lugar.html%20>. Acesso em 03/10/2020.

[10] Disponível em <https://www.lojagicalli.com.br/>. Acesso em 03/10/2020.

[11] Disponível em <https://www.edc-online.org/br/empresas-br/best-practices/16261-covid-19-brasil-as-invencoes-e-reinvencoes-da-gicalli-diante-da-crise-do-coronavirus>. Acesso em 03/10/2020.

[12] Empresa de pesquisa que estuda os consumidores em mais de 100 países para lhe oferecer a visão mais completa das tendências e dos hábitos ao redor do mundo, não apenas em termos dos lugares ou das pessoas que se analisa, mas na maneira pela qual há insights podem lhe ajudar a crescer os negócios.

Autoras: Cláudia Gonçalves Santos; Cláudia Patrocínia Mendes Ferreira; Rafaela Piquet; Verônica Monique Freitas Maynart Celestino e Yasmin Gomes Carneiro.

Mentora: Márcia Villegas

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