Pão & A Formação

Júlia Rossi
UNIV Inspire Br
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8 min readOct 9, 2020

Nomes: Júlia Rossi Donisete e Roberta Maria Rial Martins

Mentora: Lucilene Soares

RESUMO

O presente trabalho procurou uma abri uma reflexão sobre o pão e formação, na modalidade aperitivo, utilizando a metodologia de pesquisa bibliográficas. Ao trabalhar algumas de suas características- física, preparatória e suas várias nomenclatura- procurou fazer analogias com a formação.

O homem desde está à procura de algo que o engrandeça, que o torne melhor, o que ocasionou, em um homem perdido de si, e mergulhado na solvência das relações interpessoais, da moral, do formar-se. Assim como pão, que é composto por ingredientes líquidos e sólidos, e para o seu preparo é necessário tempo e esforço, possui em sua receita o fermento, do mesmo que a formação, ela leva tempo, exige esforço para crescimento; e como o fermento são as virtudes, elementos interiores que atuam no crescimento do pão e humano.

Desenvolvimento

Desde sempre, o homem está à procura de algo que o preencha, o surpreenda, o maximaliza, torne-o sendo o melhor em determinadas ocasiões, assim como cita Rafael Llano Cifuentes “Quer ser mais e mais e muito mais. Engaiolado no espaço e no tempo, quer expandir-se e abranger toda a beleza, toda perfeição, toda a harmonia, toda música, toda poesia, toda felicidade…” (1996, p.7), essa procura pelo “bem/bom”, foi se deteriorando durante os séculos, tornou-se uma busca de identidades/gêneros, a felicidade ficou engaiolada no dinheiro, a perfeição se igualou em ser o melhor, a harmonia está no silêncio, a beleza enquadrou-se nos padrões, a música está nos funks. Situações essas que se interpenetram para modular mundo complexo que se vivencia nas atualidades:

Mundo fragmentado, que se, antes, se escondia por detrás do positivismo, na ilusão da totalidade inquestionável, da segurança da ordem preestabelecida por um poder transcendental, assumido por representantes terrenos, institucionalmente legitimados, agora, se exibe de forma crua e inexorável, deixando às claras a falta constitutiva do sujeito, que busca preenchê-la por meios, ou seja, pelos meios que estão ao seu alcance, oferecidos pelo mundo globalizado… (Coracini. F. R. J. Maria, p. 17).

Uma ordem, da qual aqui revela um homem perdido de si, para encaixar-se, perde sua essência/valor, e, acaba tornando o herói, mas, preguiçoso, capitalista, assim como foi Macunaíma, considerado como o personagem literário do poeta moderno Mário de Andrade. Exemplo este que mostra o que não deve ser considerado o homem moderno, o herói, porque “existem princípios verdadeiro para uma vida proveitosa, e que as pessoas só podem conquistar o verdadeiro sucesso e a felicidade duradoura quando aprendem a integrar esses princípios a seu caráter básico” (Covey 1980), princípios que designam em ser letrado em alguma área do conhecimento, da ciência e/ou das línguas; ter seu caráter estacado nas virtudes: humanas e teologais; em entender que crescimento pessoal, também, está na família, na convivência com o outro, que “viver é dar-se ao outro”. O Filósofo Bauman, designa à sociedade líquida, como “liquefação ou solvência dos padrões da dependência e interação” (Coracini, 2005. p. 18), ou seja, a relações interpessoais, ficaram no imenso vácuo da: mensagem criptografada de ponta a ponta, o jantar em família é uma “passadinha rápida” no drive-trhu, a procura pelos alimentos rápidos (designados “fast-food”).

Então, há tantas situações que se interpenetram para construir a modernidade e o homem ‘Macunaíma’ (o anti-herói, o “anti-vrtudes”), isto é, onde a procura tornou-se perdida, os valores estilhaçaram, e os advérbios: rápido e efêmero se alastraram. Portanto, segundo Josemaria Escrivá: “Temos de considerar-nos uma pequena levedura, preparada e pronta para fazer o bem à humanidade inteira” deu-se a escolha do pão, pois, ele é um alimento e, carrega consigo umas tradições, e nele, há a presença do fermento. O ser humano necessita daquilo que o faz crescer e evoluir, de uma bússola que oriente seu rumo nas ondas desse mundo moderno, e, o formar-se, “formação moral, formação nas virtudes” (Faus 2013) seria a justificativa para a formação sólida. Uma comparação a se fazer aqui seria as virtudes o fermento na vida do ser humano, porque “acontece que as virtudes humanas… não surgem por geração espontânea”, é preciso empenho para adquiri-las, cultivar, para assim obter o crescimento, assim como o fermento para agir na massa “por um acaso: um padeiro esqueceu-se de assar um pedaço de massa, e ao dia seguinte… mesclou-o com a nova massa que estava elaborando, esses fez o papel do fermento na nova massa” (Brenda Zicarelli 2019, p.309). E o fermento, da mesma forma, que as virtudes são uma meio de ajuda para transformar a massa (comparando-a com vida) e/ou até multidões. Lembrando, a produção do pão não é somente fazer a junção de ingredientes, bater e colocá-lo para assar, tratando o como se fosse rápido esse processo; após a experiência de fazê-lo, foi observado há presença do esforço, não com sentido de força, mas, que é preciso ‘quebrar a cabeça’ para entender alguns processos, é preciso dá para o fermento um descanso para que alguns microrganismo desenvolvam e fazer crescer o pão; o ato de sovar o pão exige esforço, pois, é nesse processo que afetará na maciez. Então, a partir dos exemplos citados acima, a formação exige esforço, é preciso: querer e fazer, para assim evoluir; este querer está nos esforçar-se, diariamente, nos estudos, no cumprimento das tarefas exigidas pela universidade, deixar-se aderir as competências solicitadas, para torna-se um profissional bom. Agora, para formação espiritual, também, é necessário esforço, do mesmo modo que em uma faculdade, no qual as competências são as virtudes, o deixar-se aderir é executar as metas, e os estudo é ‘norma de sempre’ (Escrivá) para aqui tornar-se, não somente um profissional, mas, uma boa pessoa. Segundo Francisco Faus há, três possíveis métodos para formar-se, são eles: pela educação, pelo esforça-se e pelos atos deliberados, no qual pela educação, assim como na produção do pão tem sempre por perto, ensinando, moldando, colocando precisamente cada conteúdo exigido, cada ingrediente exigido; pelo esforçar, assim como o fermento, as virtudes exigem atos bons, ambiente adequado; enquanto o fermento necessita de determinados microrganismo, e determinados ambientes para conseguir crescer adequadamente. Não é simplesmente “deixar a maré me levar”, é preciso aderir formação.

O pão elaborado para esse trabalho foi pão de grãos, com seguinte receita: 1 colher de sopa de aveia; 1 colher de sopa de gergelim branco; 1 colher de sopa de gergelim preto; 1 colher de sopa de semente de linhaça; 250g de farinha de trigo; 30g de açúcar; 3g de fermento biológico seco; 180ml de leite; 1 ovo; 30g de sal; 25g de manteiga. Modo de preparo: Na batedeira una o fermento a farinha, misturando bem; adicione o açúcar, o sal e misture novamente. Em seguida adicione os grãos, o leite e o ovo. Bata a massa até que não grude nas mãos (aprox. 15 a 20 minutos). Ao atingir o ponto de véu, acrescente a manteiga até que se integre totalmente a massa. Bater (aprox. 12min) até que fique suave e bem integrada. Deixe a em um recipiente e cobre com plástico-filme, até duplicar o volume. Depois, dar-lhe a forma desejada e, deixa a crescer novamente até que obtenha uma textura macia e areada. Os grãos podem-se comparar as virtudes, mas, por quê? Porque, como dito anteriormente, o homem precisa estacar sua moral nas virtudes, como forma de tornar-se grande; e as virtudes são “que forjam o caráter e perfilam cada vez mais a personalidade” (Faus, 2014), assim como os grãos na massa, modifica a, dá outro sabor; percebe-se que há algo de diferente naquele pão, assim, como as virtudes, muitas das vezes, são hábitos bons, são pequenas atitudes para o bem, são algumas palavras que fazem a diferença numa pessoa, assim, ajudando a transformar multidões, dando ‘toque final’ tal qual os grãos; também, analogamente dizendo foi escolhido quatro grãos para representar as virtudes cardeais, são elas- prudência, justiça, fortaleza, temperança- sendo a primeira(prudência), quando o homem escolhe agir corretamente, isto é para o bem, “um ato prudente e um ato bom são substancialmente, a mesma coisa”( Pieper, 2018. p.18). Seria ela a virtude necessária para que o homem consiga ‘navegar’ nesse mundo, pois ela é a ela atua sobre todas as outras virtudes (Pieper, 2018). A justiça, trata-se da norma segundo a qual se deve dar a cada um o que é seu (Pierper, 2018). A virtude humana da fortaleza consolida-se e cresce com o nosso esforço (Faus, 2014). A temperança significa: realização da ordem e do equilíbrio em si próprio” (Pieper, 2018).

Outro elemento elaborado para esse trabalho foi Chutney de Uva, com se seguinte receita: 4 colheres de sopa de azeite; 3 xícaras de chá de cebola picada; xicaras de chá de uva roxa sem caroço; ½ xícara de açúcar; ½ xícara de vinho branco seco e sal a gosto. Modo de preparo: Numa panela aquecida em fogo baixo, coloque o azeite, a cebola e refogue por 10 minutos. Depois, adicione as uvas, o açúcar, o vinho branco seco e tampe a panela. Cozinhe por 20 minutos, apague o fogo, tempere sal a gosto.

E foi escolhida essa geleia para representar o fluido presente no mundo moderno, assimilando o açúcar e o sal às águas doces e salgadas, isto é, aos diferentes ambientes presentes nesta sociedade contemporânea.

Com tudo, ao decorrer do texto, observou-se a existência de um homem ‘Macunaíma”, fruto de uma sociedade solvida. E, sendo a formação acadêmica e as virtudes um meio para que consiga navegar nesta sociedade líquida, onde tudo é efêmero, de tal modo como é o pão, ele possui várias formas, pães com várias designações (de farelo, de batata, ciabata, de queijo), mas, não perde sua essência, seu valor, isto é, sua base é sempre farinha, água(leite), sal e fermento, ele seria um exemplo de como poderás navegar por meio dos estrondos líquido componentes da modernidade. Saber abarcar em si algo que o engrandeça: o fermento, assim como as virtudes na atuação da vida cotidiana; algo sólido: a farinha, assim como formação acadêmica/cultural; e, também ter o líquido, como os defeitos, mas, não os deixar dominar. Assim como no processo da produção do pão, ter a fortaleza de crescer através dos esforços, ter temperança em colocar, absorver cada ingrediente(conhecimento) de cada vez, não simplesmente misturar tudo, pois, isso que deixa o perdido.

Referências:

COVEY, Stephen. Os 7 hábitos das pessoas altamente muito eficazes. 18º ed. São Paulo: 2003.

FAUS, Francisco. A conquista das Virtudes. São Paulo: Cultor de Livros, 2014.

STORK, Yespes Ricardo; ECHEVARRIA, Aranguren Javier. Fundamentos da Antropologia: Um ideal da excelência humana. São Paulo:2º ed. São Paulo: Instituo Brasileiro de Filosofia, 2016.

PIEPER, Josef. Virtudes Fundamentais. São Paulo: Cultor de Livros, 2018.

LIMA, P. C. Célia Regina, (org). Leitura: múltiplos olhares (texto 1). Campinas, SP: Mercado da Letras; São João da Boa Vista, SP: Unifeob, 2005.

FAUS, Francisco. Fé, Verdade e Caridade: Formação doutrinal e espiritual. Disponível em: https://www.padrefaus.org/2013/10/14/formacao/. Acesso em 9 set. 2020.

CIFUENTES, Llan Rafael. Grandeza de Coração. São Paulo: Quadrante, 1996.

ZICARELLI, Brenda. Cozinheiro Profissional. Rosario, Argentina: Gaba, 2019.

Inconografia

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