A geração de ouro belga

Em busca de seu primeiro título, a badalada “geração de ouro” belga vai para sua terceira participação em Copa do Mundo visando o título no Catar

Murilo Martins
Universidade do Esporte
6 min readOct 28, 2022

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Time belga em amistoso contra Holanda (Foto: Photo News Belgium)

A seleção belga é uma das melhores seleções do mundo atualmente e ocupam a segunda colocação no ranking da FIFA para essa Copa do Mundo, atrás somente do Brasil. Um dos principais fatores que levaram os belgas para o pódio é a boa geração de jogadores que surgiram no país alguns anos atrás. A Bélgica vive sua melhor fase no futebol, com a chamada “geração de ouro” que possui nomes de peso como Eden Hazard, Kevin De Bruyne, Thibaut Courtois e Romelu Lukaku.

A Copa do Mundo de 2022 será a 14ª participação da equipe belga na competição. Na última edição, em 2018, fizeram a melhor campanha de sua história ficando na terceira colocação no quadro geral.

A Bélgica está no grupo F ao lado de Croácia, Marrocos e Canadá, sendo este último o primeiro adversário do time belga na competição.

2014

A “geração de ouro” em 2014 (Foto: reprodução)

Na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, a geração de ouro belga teve sua primeira oportunidade para provar e colocar seu país como uma das maiores seleções do momento. A expectativa era enorme em cima de um time muito talentoso e que possuía jogadores se destacando muito no cenário mundial.

Marc Wilmots, que foi o capitão da Bélgica na Copa do Mundo de 2002 e que teve um gol anulado nas oitavas de final contra o Brasil, era o treinador da seleção belga, que não teve vida fácil na fase de grupos e sofreu para vencer adversários como Argélia, Rússia e Coréia do Sul, mesmo sendo considerada ampla favorita. Ainda que com todas as complicações conseguiram se classificar como primeiro do seu grupo. Nas oitavas de final, enfrentaram os EUA, mais uma vez como favoritos e mais uma vez tiveram dificuldades para vencer os norte-americanos, em uma partida que só se encerrou na prorrogação.

Na fase seguinte, quartas de final, a equipe belga viu seu favoritismo ir embora, o adversário da vez era a Argentina de Lionel Messi. A Bélgica até tentou, mas quem venceu foram os hermanos e colocaram fim na participação da seleção europeia na competição.

2018

Bélgica na partida contra o Brasil na Copa do Mundo 2018 (Foto: soccer.ru)

A maior mudança da seleção da Bélgica, e talvez a principal delas, foi a mudança da comissão técnica. Marc Wilmots deixou o comando da seleção em 2016 e para seu lugar o escolhido foi o espanhol Roberto Martínez, que trouxe um novo estilo para sua seleção. Em 2018, a Bélgica chegou para a Copa do Mundo na Rússia como uma das principais candidatas ao título. A geração de ouro belga, que em 2014 deixou a desejar, chegou à Rússia com mais maturidade e experiência. A convocação foi praticamente a mesma de 2014 e se manteve o time principal em quase todos os jogos. A equipe belga estava no grupo G junto de Inglaterra, Tunísia e Panamá. Na fase de grupos a campanha foi impecável, três vitórias em três jogos.

Além das vitórias, a equipe mostrava um excelente futebol para quem assistia, provando que a geração belga alcançaria grandes feitos na competição. Nas oitavas de final, enfrentaram o Japão e para a surpresa de muitos, o jogo foi recheado de emoção. Os japoneses começaram abrindo 2x0 no placar e sem sinais de que iriam sair derrotados desse jogo, mas em menos de cinco minutos a Bélgica correu atrás e empatou a partida, que só foi ser decidida em um gol marcado aos 94 minutos de jogo por Chadli.

Após o sufoco contra o Japão, o adversário nas quartas de final era um gigante, a seleção brasileira. Um jogo extremamente parelho com duas das favoritas ao título. A partida foi emocionante, mas quem saiu vitorioso dessa vez, para a tristeza dos brasileiros, foi a seleção belga. A partir dessa vitória, foi confirmada que a geração belga era uma verdadeira pedreira e poderia disputar com qualquer adversário que cruzasse seu caminho.

Pela semifinal outra pedreira, a França. Os franceses tinham o jogador sensação da competição, Mbappé, e vinham de bons jogos após eliminarem a Argentina e o Uruguai. Mais uma partida extremamente equilibrada. Em 90 minutos de intensa disputa, os franceses levaram a melhor sobre os belgas, seguiram caminho até a final e foram campeões da Copa do Mundo. A Bélgica ainda teve mais uma partida contra um adversário que já haviam enfrentado nesta competição, a Inglaterra, na disputa pelo terceiro lugar. Os belgas repetiram o feito e venceram os ingleses, ficando com a terceira posição na competição.

Elenco belga com a medalha de terceiro lugar (Foto: instagram @fifaworldcup_es)

A participação da seleção da Bélgica na Copa do Mundo de 2018 na Rússia foi a melhor campanha da história do futebol belga, deixando para trás a campanha da seleção de 1986, que ficou em quarto lugar na Copa do Mundo daquele mesmo ano. Além de todos esses feitos, a Bélgica teve vários jogadores vencedores de prêmios individuais, Courtois foi eleito o melhor goleiro, Hazard venceu a bola de prata (segundo melhor jogador da competição) e Lukaku ficou com a chuteira de bronze (terceiro colocado na artilharia do campeonato).

2022

Seleção belga em amistoso contra País de Gales (Foto: reprodução)

A seleção da Bélgica chega para a Copa do Mundo de 2022 mais uma vez como uma das favoritas ao título, muito por conta da qualidade de seus jogadores da “geração de ouro”. Depois da Copa do Mundo de 2018 a seleção passou por reformulações, já esperadas, em relação à renovação do elenco tanto por jogadores que se aposentaram como por jovens jogadores que vieram a se destacar em seus times.

O time comandado por Roberto Martínez traz consigo o rótulo de “geração de ouro” e ainda não conquistou um título relevante dentre os campeonatos que disputou, o que pode trazer um peso e também um espírito de obrigação de vencer entre os jogadores. Eden Hazard, capitão do time, em uma recente entrevista comentou sobre o apelido que foi atribuído para sua geração:

“Acredito que vamos merecer quando vencermos algo. Claro, possuímos uma geração incrível de jogadores, mas ainda não vencemos nada. Se realmente quisermos merecer esse apelido de ‘geração dourada’, acho que é a única coisa que precisamos fazer.”

O retrospecto da Bélgica é um importante fator em que devem se agarrar, nos últimos anos estiveram sempre entre as melhores seleções do mundo nos rankings feitos pela FIFA, seus principais jogadores são destaques nas principais ligas europeias e possuem um ótimo staff técnico gerido por Roberto Martínez e auxiliado pelo histórico jogador francês Thierry Henry. Juntando todos esses pontos, é possível ver que a Bélgica tem tudo para chegar longe na Copa do Mundo e, quem sabe, vencer e também merecer o apelido de “geração de ouro”.

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