Allez le Bleus

Atual campeã e um dos carrascos históricos do Brasil, a França chega ao Catar com favoritismo e em busca do tri

Januncio Jr.
Universidade do Esporte
5 min readOct 15, 2022

--

A seleção Francesa é uma das favoritas para a Copa do Mundo de 2022, já participou de 14 edições da competição e sediou a Copa duas vezes: 1938 e 1998. Conseguiu chegar a 3 finais (1998, 2006 e 2018). Uma das 7 campeãs mundiais, tem 2 estrelas no seu uniforme.

FOTO: Franck FIFE/ AFP

O 1° título foi em 1998, dentro de casa, vencendo o Brasil por 3 a 0. Depois de 20 anos, a França conquistou novamente a taça em 2018 contra a Croácia por 4 a 2 e se tornou bicampeã mundial. Além disso, os Blues são um dos carrascos da seleção brasileira, já conseguiram eliminar 2 vezes nas quartas de final (1986 e 2006) e venceram na final em 1998.

Mas nem sempre foi assim…

Durante as décadas de 30 e 70, a França não era uma referência na Copa do Mundo, na maioria das vezes parando na primeira fase ou até não se classificando para o mundial.

Entretanto, nesses anos a melhor classificação da seleção foi um terceiro lugar em 1958, quando chegou a uma semifinal contra a seleção brasileira e perdeu por 5 a 2.

Um dos destaques daquela Copa foi o atacante francês Just Fontaine, que até hoje é o maior artilheiro de uma única edição, com 13 gols em 6 partidas, inclusive, marcou 1 dos 2 gols da França nesta semifinal. Além disso, é o 4° maior artilheiro da história, atrás apenas dos jogadores: Miroslav Klose (16 gols), Ronaldo (15 gols) e Gerd Müller (14 gols).

Após 2 anos, em 1960, encerrou a carreira na seleção nacional em virtude de lesões. Sua última partida foi em 11 de dezembro de 1960, pelas eliminatórias para o Mundial de 62, depois de ficar nove meses parado após uma fratura da tíbia.

Um mês depois, teve novamente a mesma lesão e dessa vez ela fez com que encerrasse a sua carreira aos 27 anos, um fim de carreira triste para um dos maiores jogadores da França.

FOTO: FIFA.com

Em 1982 houve uma mudança, ficou em 4°lugar na competição. Em 1986, foi a 1° vez que eliminou a seleção brasileira em uma Copa, liderados por Michel Platini, em um empate de 1 a 1 nas quartas, a partida foi para prorrogação e depois pênaltis: 4 a 3 a favor da França e a seleção brasileira foi eliminada.

Depois de ficar fora das Copas de 1990 e 1994, a França retornou como país sede em 1998 — foi a primeira Copa com 32 seleções. A França tinha uma geração conhecida como Black-blanc-beur (negra-branca-árabe, em tradução livre), muitos jogadores eram imigrantes ou descendentes de imigrantes de países que foram antigas colônias francesas.

Foi com essa geração que a França se sagrou campeã pela 1ª vez, uma conquista muito significativa, por causa da representatividade presente nos jogadores da seleção, inclusive, o principal jogador era Zidane, um descendente de argelinos.

Na época, a França era marcada pela xenofobia e a divisão racial, mas com esse triunfo dentro de casa, o sentimento de união dava a esperança de que a conquista, por meio desse time multiétnico, traria um futuro de igualdade e de oportunidades no país.

FOTO: FFF

Altos e baixos no século XXI…

Se em 1998 foram campeões, a história foi diferente em 2002. A França era a atual campeã e não conseguiu passar da 1ª fase — assim ressurgindo a maldição da campeã.

Em 2006, quase se sagrou campeã novamente. Chegou até a final contra a Itália, mas perdeu nos pênaltis. Os Blues até saíram na frente com um gol de pênalti de Zidane, porém os italianos empataram ainda no 1° tempo.

O resultado levou para prorrogação e foi nela que aconteceu uma das cenas mais marcantes da Copa de 2006, a cabeçada de Zidane no peito de Materazzi a dez minutos do final do jogo, após ouvir insultos do adversário. Zidane foi expulso e viu do vestiário, a França perder a final nos pênaltis (5 a 3). Essa foi a última partida dele como profissional.

FOTO: Peter Schols/Reuters

Em 2010, se repetiu a mesma história de 2002 e mais uma vez a França foi eliminada ainda na fase de grupos. No Brasil, conseguiu superar os adversários da fase de grupos e só foi eliminada nas quartas para a Alemanha, que se tornaria a campeã da edição.

Em 2018, a França vinha para a Copa com um amargo vice-campeonato da Eurocopa de 2016 — estava jogando dentro de casa quando perdeu para Portugal por 1 a 0 durante a prorrogação, quando era considerada favorita após eliminar a Alemanha na semifinal. Um pouco de sofrimento para a geração que em 2 anos se tornaria campeã mundial.

Na Copa, a trajetória inicial foi tranquila, passou em 1° do grupo. Entretanto, nas oitavas teve um jogo complicado contra a Argentina, com virada dos hermanos e precisou revirar o resultado para 4 a 3 ao apito final. As partidas seguintes foram relativamente tranquilas: 2 a 0 sobre Uruguai e 1 a 0 em cima da Bélgica.

Então, ao chegar na final enfrentou a Croácia, que não era nenhuma das favoritas a ir para final e muito menos ser campeã. O duelo final foi um grande resultado, 4 a 2 em uma final de Copa do Mundo e com gol de um garoto de apenas 19 anos, Kylian Mbappé. Esse garoto ainda se transformou no jogador mais jovem a marcar um gol em uma final de Copa do Mundo desde Pelé, em 1958.

Agora a seleção francesa vem rumo ao tri e defendendo o título de campeã. Ela está no grupo D e tem as seleções da Austrália, Dinamarca e Tunísia como as suas primeiras adversárias no torneio. Será que a França conseguirá vencer mais uma vez a Copa do Mundo?

FOTO: EFE/EPA/Facundo Arrizabalaga

EXTRA: A Maldição da Campeã…

Essa história de maldição começou em 1950, quando a Itália não conseguiu passar da primeira fase da Copa, mas a Copa anterior à de 1950 havia sido em 1938, doze anos antes de 1950 — por causa da 2° Guerra Mundial.

A eliminação brasileira em 1966 foi a primeira vez em que a seleção então campeã não passou da primeira fase. Já no século XXI, a maldição se repetiu em 2002 com França, em 2010 com a Itália, em 2014 com a Espanha e em 2018 com a Alemanha. A única seleção que conseguiu “escapar” da maldição foi o Brasil em 2006.

--

--

Januncio Jr.
Universidade do Esporte

Estudante de jornalismo (UFRN) e integrante do Universidade do Esporte