Carlos Eduardo sabe o que fazer

Goleiro alvinegro defende dois pênaltis no dia do seu aniversário e garante o ABC na final do primeiro turno do Campeonato Potiguar

Hildo Nogueira
Universidade do Esporte
4 min readFeb 29, 2024

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Carlos Eduardo: Sorriso e vibração após levar o ABC para a grande final / Foto: Gabriel Leite / UDE

No último sábado, o enredo abecedista na temporada continuou o mesmo. Novamente com sofrimento, mais uma classificação importante foi conquistada sem que o desempenho fosse satisfatório. E nessa história que conta com a participação de vários personagens, o papel principal mais uma vez ficou com o defensor da meta alvinegra: o aniversariante do dia, Carlos Eduardo.

Era um confronto do qual se esperava equilíbrio, pois o Santa Cruz de Natal fez uma boa primeira fase, se mostrando organizado e extremamente competitivo, apesar das dificuldades de não ter um grande poder de investimento.

O ABC jogava em casa, com mais recursos técnicos, mas com problemas de desempenhar o que se espera. Logo de cara, com o gol dos visitantes marcado por Paulinho aos 9 minutos, se aproveitando de recuo errado de Diego Jardel, o centroavante tricolor tentou assumir o protagonismo da narrativa.

Artilheiro isolado do Estadual com 6 gols, Paulinho infernizou a defesa alvinegra / Foto: Gabriel Leite / UDE

Mostrando agilidade e técnica para levar a melhor no duelo contra os defensores, o camisa 9 do Santinha teve mais duas grandes chances: na primeira, driblou o arqueiro do Mais Querido e acertou a trave. Na segunda, aos 32 minutos, não perdoou novo vacilo da defesa e ampliou. Uma atuação espetacular que foi potencializada por um ótimo jogo do time visitante no primeiro tempo.

Na jogada individual, uma notável carência do setor ofensivo do Elefante, a resposta imediata dos donos da casa só poderia sair de um animal mais veloz. Douglas Skilo foi muito bem pelo lado esquerdo e deixou Daniel Cruz na boa para diminuir o placar aos 36 minutos: 1 a 2. A desvantagem de um gol acabou sendo um lucro gigante para o ABC na etapa inicial.

Daniel Cruz abraça Romário na comemoração do primeiro gol do ABC: Partida muito ruim do lateral em todas as fases do jogo / Foto: Gabriel Leite / UDE

A segunda metade trouxe mudanças significativas na trama da partida. O alvinegro da frasqueira não mudou muito, mas teve sua reação facilitada quando a equipe de João Paulo precisou mexer em suas principais peças.

Paulinho pediu para sair com menos de 10 minutos e esse momento foi um recado para a equipe de Rafael Lacerda partir ainda mais para cima em busca do empate.

Com outras alterações no setor ofensivo, o Santa Cruz não conseguiu manter o mesmo nível e se complicou por não produzir novamente o toque de bola refinado da primeira parte. Com isso, deixou o gigante que necessitava do resultado mais próximo do seu gol. E aí não teve jeito, Walfrido empatou de cabeça aos 22, em cobrança de escanteio de Wallyson e empatou o jogo. O ABC não jogava bem, mas estava de volta para retomar seu destaque.

Até o apito afinal, o alvinegro tentou explorar as deficiências do Santa, mas pouco incomodou. As tentativas pelo lado de campo só terminavam em cruzamentos e jogadas mal concluídas. No fim, o 2 a 2 foi um resultado justo pela queda de rendimento técnico e físico do tricolor na segundo tempo, deixando um sentimento para a jovem equipe de que a chance de liquidar a fatura nos primeiros 45 minutos foi desperdiçada.

Na hora da decisão, o guardião alvinegro apareceu para levar o time para a final / Foto: Gabriel Leite / UDE

E então veio a disputa de pênaltis, que é talvez o principal momento onde surgem os heróis e vilões no futebol. O que acontece ali, principalmente em fases decisivas, fica marcado por muito tempo. A responsabilidade maior é atribuída aos cobradores, mas é a grande chance para os goleiros se destacarem. Na semifinal entre ABC e Santa, quem foi buscar o seu lugar na história foi Carlos Eduardo.

Criticado no início da temporada e alternando a titularidade com o ídolo Wellington que não conseguiu se firmar, o gaúcho de Porto Alegre, aos poucos foi ganhando a confiança da Frasqueira.

Com intervenções importantes, aparecendo até mais do que o esperado em um time com muitos problemas, Cadu se firmou na posição e vinha de atuação decisiva no meio de semana na classificação preta e branca contra o Treze na Copa do Brasil.

Poucos dias depois, aproveitou mais uma oportunidade de consagração e defendeu as cobranças de Rafael Mandacaru e Pedro Teixeira. Triunfo alvinegro nos pênaltis por 4 a 2 e vaga na final do primeiro turno contra o maior rival, o América.

No aniversário de 32 anos, Carlos Eduardo compartilhou presentes com o torcedor do ABC / Foto: Gabriel Leite / UDE

Certamente foram dias de glórias para o goleiro que lutou bastante para vivenciar tudo isso, pois foi titular em poucos momentos de sua longa carreira. No entanto, o dia 24 de Fevereiro de 2024 será ainda mais especial pelo feito alcançado na data em que completou 32 anos.

Um parabéns especial que Carlos Eduardo recebeu do torcedor do ABC, dos seus companheiros e certamente do técnico Rafael Lacerda, que na coletiva pós-jogo falou que já não sabia mais o que fazer para que o seu time desempenhasse melhor. Mas na hora da decisão, não se preocupe Rafael. Não se preocupe porque Carlos Eduardo sabe muito bem o que fazer.

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