Leão-do-Atlas em busca do primeiro título de Copa do Mundo do continente africano
Em cinco participações, a única vez que o Marrocos passou da fase de grupos foi em 1986, quando chegou às oitavas de final
Desde 2014, pesquisadores do Zoológico de Temara, no Marrocos, tentam provar que o Leão-do-atlas não desapareceu. O felino, famoso por ter enfrentado gladiadores no Império Romano, é símbolo do Marrocos e insígnia da seleção nacional de futebol, por representar a força, a majestosidade, a proteção e a dignidade do país.
São esses os princípios que guiarão a seleção marroquina até o Catar, em 2022, na busca pelo primeiro título de Copa do Mundo do país — e do continente africano. O que já adianto: não será tarefa fácil. Afinal, Bélgica e Croácia são os favoritos do grupo F, e o Canadá pode ser uma surpresa. Ainda assim, podemos esperar do Marrocos um elenco mais competitivo e preparado em relação à última edição do mundial, quando o país não conseguiu nenhuma vitória.
Futebol é herança Colonial
No Marrocos, o futebol é o esporte mais popular e praticado pelo povo. Sua chegada ao país se mistura com a história do lugar. No início do século XX, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Espanha — atuais potências no esporte — competiram entre si para dominar as terras do norte da África, uma das poucas partes do mundo que ainda não havia sido explorada pelos europeus.
Com o tratado de Fez, assinado em 30 de março de 1912, a soberania do Marrocos passou a ser responsabilidade da França. Domínio que durou mais de 40 anos, até a independência do país ser reconquistada, em 1956. Enquanto colônia, vários clubes foram criados no país para jogar na Liga Marroquina de Futebol, organizada pela Federação Francesa de Futebol.
A seleção do Marrocos foi criada em 1955 e a estreia internacional da equipe ocorreu em 1957, um ano após a independência do país. Naquele jogo, o Leão-de-Atlas enfrentou o Iraque, mas o resultado foi apenas um empate por 3 a 3 em casa.
Em Copas do Mundo, o Marrocos já participou de outras cinco edições: 1970, 1986, 1994, 1998 e 2018. A única vez em que o país passou da fase de grupos da Copa foi em 1986, edição em que chegou às oitavas de final. Nas outras quatro oportunidades os marroquinos foram eliminados na 1ª fase.
Eliminatórias da África, a mais cruel do mundo
Mesmo sendo composto por 54 países, o continente africano manda apenas cinco representantes para o Mundial. Tunísia, Camarões, Senegal, Gana e Marrocos são as seleções africanas que “carimbaram o passaporte” para a edição deste ano, que será disputado de novembro a dezembro.
A primeira fase das eliminatórias da África consiste em 14 confrontos de ida e volta entre as 28 piores seleções ranqueadas. Na segunda fase, as 26 seleções mais bem colocadas se juntam aos 14 vencedores da primeira etapa, nessa fase, as seleções são divididas em 10 grupos com quatro times cada. As 10 equipes vencedoras dos grupos da segunda fase são divididas em 5 chaves de 2 seleções que jogarão partidas de ida e volta.
Ao contrário do que acontece nas eliminatórias dos outros continentes, que distribuem vagas diretas na Copa, a fase final das eliminatórias na África é disputada em confrontos mata-mata, tornando a classificação mais difícil já que as equipes não podem cometer deslizes.
Como falei anteriormente, podemos esperar do Marrocos um elenco competitivo e preparado, um motivo para crer nisso é a campanha quase perfeita da Seleção nas Eliminatórias. Afinal, o Leão-do-Atlas não sofreu nenhuma derrota, acumulando sete vitórias e um empate. Assim, é uma das seleções africanas que geram grandes expectativas para boas partidas.
Jogadores que merecem nossa atenção
Surpreendendo fãs do futebol africano e torcedores da seleção, o Marrocos demitiu o experiente técnico bósnio Vahid Halilhodzic três meses antes do início da Copa do Mundo.
Em anúncio oficial, a federação justificou que a decisão foi tomada devido “diferenças de opiniões”. Enquanto comandava a seleção marroquina, Halilhodzic era conhecido pelo seu comportamento indisciplinado com atletas do time, deixando até de convocar jogadores como Ziyech e Mazraoui, que voltaram a ser convocados com a chegada do técnico Walid Regragui.
Hakim Ziyech
Sob o comando do novo técnico, Hakim Ziyech passa a ser um dos principais nomes da seleção marroquina. Natural de Dronten, na Holanda, Ziyech tem dupla nacionalidade e até jogou pelas seleções de base da Laranja Mecânica, mas preferiu atuar pelo Marrocos. Pelo Leão-do-Atlas, Ziyech soma 44 jogos com 17 gols e 10 assistências. Aos 29 anos, o meia do Chelsea terá a missão de comandar o ataque da seleção africana
Achraf Hakimi
O versátil lateral-direito Achraf Hakimi é, sem dúvidas, o maior destaque do Marrocos. Nascido na Espanha, o badalado lateral do PSG escolheu defender a seleção do país de seus pais pela primeira vez em 2016, e tem como principal recurso a velocidade, sendo o “motorzinho” do seu esquadrão. Aos 23 anos de idade, o jogador vai disputar o torneio pela segunda vez na carreira.
Azzedine Ounahi
Com apenas 22 anos, Azzedine Ounahi é uma das esperanças do Marrocos para surpreender e fazer uma boa campanha no Catar. A expectativa dos marroquinos sobre o jogador cresceu, principalmente, depois do jogo contra a República Democrática do Congo, nas eliminatórias da Copa. Os dois gols que ele marcou naquele jogo garantiram a vaga de Marrocos para o Mundial de futebol.
Nascido em Casablanca, ele atualmente veste a camisa do Angers, da França, e é famoso pelos seus passes precisos nas proximidades da área adversária e por sua habilidade nos chutes de longa distância.