Milagres acontecem, Abdelhak Nouri é um deles

Lúcia Oliveira
Universidade do Esporte
3 min readApr 2, 2020

Nascido em Amsterdã, descendente de marroquinos, Abdelhak Nouri, que completa 23 anos hoje, trilhou sua carreira nos campos desde muito novo. Em 2014, com apenas 17 anos, esteve na lista dos 40 melhores jogadores jovens do The Guardian. No futebol profissional, estreou em março do ano seguinte, no time B do Ajax (AFC 2), num cenário que já o considerava uma promessa do mundo da bola. Ainda assim, Abdelhak parece ter sido esquecido por muitos.

Foto: Reprodução/ProFootball

Em 2016, foi considerado o melhor jogador da temporada 16/17, enquanto atuava pelo AFC 2, e, para o ano seguinte, garantiu uma vaga no elenco principal do Ajax. O que ninguém sabia, porém, era que Abdelhak sofreria, em campo, um incidente que o faria parar de jogar.

O Lindenstadion, em 8 de julho de 2017, recebeu um amistoso entre Ajax e Werder Bremen. O jogo já favoreceia o Werder em 2 a 1 no placar, quando, aproximadamente, aos 21 minutos do segundo tempo, Nouri desabou no gramado. O atendimento médico ao jogador foi feito, não com tanta rapidez, e ele foi levado ao hospital por um helicóptero. Inicialmente, seu quadro era tido como estável, mas, cinco dias depois do acontecido, o Ajax informou que Abdelhak havia sofrido um colapso em campo, o qual lhe rendeu danos cerebrais permanentes.

Foto: Reprodução/Getty Images

A promessa do Ajax entrou em coma e aos poucos seu estado foi melhorando. Em 2018, conseguiu se comunicar com seu familiares, por meio de gestos com suas sobrancelhas e sua cabeça. Porém, sua consciência ainda não podia ser considerada estável ou boa. Nos campos, o camisa 34 do clube neerlandês ainda era lembrado. Muitos de seus amigos prestaram inúmeras homenagens durante jogos, além da torcida.

Naquele mesmo ano, a equipe de Amsterdã declarou que houve falha durante o atendimento prestado ao jogador e que, caso as ações necessárias tivem sido feitas em campo, Abdelhak poderia estar em melhores condições médicas. De acordo com o clube, após uma investigação inicial, o uso de um desfibrilador poderia ter evitado a gravidade do caso e, além disso, a demora em atender o jogador também contribuiu negativamente.

Foto: Catherine Ivill /AMA/Getty Images

Mesmo diante de todas as dificuldades, após dois anos e oito meses em coma, Nouri acordou. Apesar disso, sua saúde permanece frágil e ele ainda está muito debilitado, porém, mesmo assim, ontem, 1, o Ajax rescindiu o contrato que manteve por todo esse tempo com o jogador, alegando que o clube vem sofrendo com a pandemia do novo coronavírus e, por isso, precisará fazer corte de gastos.

Abdelhak parece ter sido abandonado pelo clube que tanto quis atuar, pelos dirigentes que tanto o admiraram quando ele chegou à elite da equipe neerlandesa. Agora, ainda que não saibamos o que de fato acontecerá, o sentimento de solidariedade fica, assim como todas as boas energias que por todo esse tempo foram enviadas a ele.

--

--

Lúcia Oliveira
Universidade do Esporte

Amante da comunicação, da escrita, da fotografia, do futebol, da literatura, do jornalismo, entre outras coisas. Escrevo para eternizar e vivo para escrever.