Mudar dá trabalho

Adsson Santos
Universidade do Esporte
4 min readOct 3, 2022
ESPN/Twitter

Desde LeBron James, ninguém chega na NBA tão FAMOSO quanto Zion Williamson. Outros jogadores chegaram com altíssimas expectativas em relação a seu talento, como Luka Dončić, Kevin Durant e Ben Simmons, mas nenhum deles se iguala à popularidade da estrela do New Orleans Pelicans.

Zion ficou muito conhecido ainda no ensino médio, quando suas enterradas alucinantes e seu tamanho colossal rendiam alguns dos melhores highlights da internet. A questão, porém, era como jogaria quando finalmente deixasse de enfrentar caras com a metade do seu tamanho e um terço do peso.

É um jogador assim que você sempre procura quando está montando um time e foi sua presença que fez o Pelicans finalmente se sentir confortável em trocar Anthony Davis, o outro talento geracional que a franquia teve em mãos e não soube aproveitar. Franquias demoram décadas para ter caras assim na mão. O Pelicans teve dois em sequência e tem a obrigação de finalmente colher frutos. Muito mais carismático e com mais jogadas de efeito que o Monocelha, foi assim que Zion fez com que a finalmente a cidade de New Orleans se importar com basquete.

A NBA nunca viu um cara como Zion Williamson

Poucos são tão pesados e os que são não costumam correr e saltar como ele. O que não falta na história da liga são aberrações físicas, como Bill Walton, Blake Griffin ou Yao Ming, que passam a vida lidando com diversos tipos de lesões.

O New Orleans ainda não descobriu o que é preciso fazer para que sua explosão e força se mantenham como seu diferencial sem que ele se lesione com frequência. Só é preciso lembrar que as questões tática e física não são necessariamente um problema, são dúvidas que nascem do fato de Zion ser um jogador tão único. Ao driblar isso, ele pode se tornar um dos rostos do basquete no mundo na próxima década.

Por conta de Zion William Williamson, as expectativas sobre a equipe cresceram muito, e muito rápido. Zion ainda tem ajustes a fazer, tanto em estilo quanto em termos de físico, mas ainda assim muita gente ficou decepcionada com o time não ter ido longe nos Playoffs.

Zion conseguiu mostrar uma evolução assustadora: ele continuava muito mais forte e atlético que todos a sua volta, mas também provou que conseguia arremessar de média e longa distância, driblou de maneira incomum para sua posição e até sua visão de jogo pegou o mundo de surpresa.

A combinação de um físico único, com talento gigante e capacidade de crescer, aprender e se adaptar rapidamente é basicamente a receita de alguém que pode mudar o mundo da NBA.

Para essa temporada, o Pelicans parece criar um ambiente mais adequado para o desenvolvimento de Zion — Steven Adams será o pivô do time, liberando mais Zion nas pressões do garrafão — e também dando uns passos para frente, adquirir C.J.McCollum no meio da temporada no ano passado foi um grande benefício para o New Orleans Pelicans.

McCollum liderou os Pelicans à sua primeira vaga nos playoffs em quatro anos e colocou um susto saudável na primeira rodada no Phoenix Suns. CJ foi fundamental nos dois jogos obrigatórios do Torneio Play-In da NBA, com média de 25 pontos, 5 assistências e 4 rebotes em vitórias sobre o San Antonio Spurs e o Los Angeles Clippers, respectivamente.

Após o término da temporada dos Pelicans, McCollum imediatamente mostrou sua liderança veterana ao contatar ou chamar seus novos companheiros de equipe e colaborar com o front office, admitindo que o time não precisa fechar com o elenco que já tem, que há tempo e espaço para encontrar novos atletas e novas respostas. É claro que o time lutará pelos Playoffs (especialmente pela facilidade do “Play in”), mas as expectativas dão uma respirada. Ainda há muito tempo para Zion construir seu lugar no time e na NBA.

A versatilidade de Zion deve facilitar um pouco a vida do Pelicans e do técnico Willie Green. Ele não precisa encontrar soluções sozinho ou inventar cestas ou linhas de passe, podendo usar sua visão de jogo apenas para encontrar o MELHOR ÂNGULO para que a bola chegue aonde deveria mesmo chegar, em geral nos armadores cortando para a cesta rumo a bandejas simples.

O fato de Zion ser um excelente arremessador faz com que os marcadores adversários tenham que defendê-lo ainda mais de perto, o que abre muito espaço para infiltrações dos companheiros desde que ele encontre os caminhos corretos para os passes. Zion é um bom criador de jogadas que pode tirar de CJ e Ingram a OBRIGAÇÃO de ter a bola na mão e criar tudo, sempre.

Melhor ainda como segunda opção de criação, quando o ala se mexia sem a bola para arremessar, lance em que é MORTAL. Enorme, inteligente e com movimentos rápidos, completamente avesso às mecânicas desnecessárias, ele é justamente o homem certo para garantir que a bola chegue aonde deveria.

Se antes Zion era motivo pra se ver todos os jogos do Pelicans por conta de sua explosão e agressividades fora da realidade, agora o motivo é outro: conseguir ver ele se adaptar para jogar de um jeito diferente? Ele vai conseguir tirar o melhor do seu elenco? Pensem em um pick-and-roll com C. J. McCollum e Steven Adams, seguido de um bloqueio longe da bola para Bradon Ingramficar livre. Um sonho!

Ver Zion é um espetáculo fascinante em que um jogador completamente único, em físico e em modo de jogar, tenta descobrir seu espaço e seus modos de contribuir. Às vezes não dá nenhuma enterrada, e mesmo assim é apaixonante ver as maneiras que ele inventa para continuar sendo útil. Quem perder a chance de acompanhar esse desenvolvimento não sabe o que está fazendo.

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