Novamente, não foi dessa vez

Irreconhecível no Rift, LOUD joga mal diante da GAM e dá adeus ao Mundial de League of Legends

André Luís
Universidade do Esporte
6 min readOct 14, 2023

--

Colin Young-Wolff/Riot Games

Bizarro. Com apenas uma simples palavra é possível definir o que foi a última partida da LOUD no Mundial de League of Legends, dentre várias outras palavras cabíveis no contexto do que aconteceu na madrugada deste sábado.

No reencontro com a GAM, desta vez em jogo de vida ou morte valendo a classificação para a série qualificatória para a fase suíça (antiga fase de grupos), a expectativa acerca de um triunfo em cima dos vietnamitas não poderia ser outra: vencer, ainda mais pela vitória convincente na estreia diante deles.

Porém dentro de Summoner’s Rift nas duas partidas, o que aconteceu foi a provocação da ira dos torcedores brasileiros que acordaram às 4 horas da manhã para assistir seu representante na competição ser eliminado de forma pífia.

Colin Young-Wolff/Riot Games

Com escolhas de conforto no primeiro draft, dentre elas a famosa Ahri do tinowns, a LOUD teve um início promissor com Croc ditando as primeiras ofensivas brasileiras de Lee Sin, inibindo que Levi tivesse espaço na partida de Nocturne.

Porém, a LOUD tropeçou em seus erros, somados à afobação que apenas facilitou a GAM se recuperar dentro da partida. Com bastante ofensividade, a representante brasileira foi embalando no early game até os 15 minutos.

Na tentativa de um dive na T1 da rota do meio pra cima do Kiaya, a GAM respondeu bem e cobrou com abates em cima de Croc, Ceos e Route. Algo que tornou-se crucial para o vietnamitas assumirem as rédeas da partida.

Colin Young-Wolff/Riot Games

Bastou somente um erro para que a Verduxa se perdesse no Rift enquanto a GAM mandava e desmandava. Não importava o quanto tentasse reagir, era praticamente impossível que o Brasil virasse o mapa ao seu favor.

Route que até então era a melhor arma da LOUD, não teve vida fácil diante da GAM, que teve seu jogo fortemente anulado com as ultimates do selva vietnamita de Nocturne.

Colin Young-Wolff/Riot Games

O torcedor brasileiro ainda teve um suspiro de esperança aos 33 minutos com a eliminação em cima do Kiaya, mas Kati e Slayder de Viktor e Kai’Sa, respectivamente, acabaram com quaisquer chances. Em mais uma luta bem encaixada, a GAM fechou a primeira partida com vitória.

Se o desempenho no primeiro jogo foi decepcionante, o seguinte foi pior. A única diferença foi que a GAM precisou somente de 10 minutos para saber que o jogo já estava ganho.

Colin Young-Wolff/Riot Games

Robo e Croc protagonizaram um show de horrores na rota superior no dive para cima do Kiaya, até então parecia ser uma jogada tranquila. Só faltou que o Mega Gnar acabasse. Dois abates para o topo vietnamita ditar a rota.

Não suficiente, a LOUD começou a realizar uma turnê de horrores para dificultar qual seria a jogada mais bizarra protagonizada pela Verduxa. Mas Croc fez questão de não deixar dúvidas após morrer de maneira estúpida ao iniciar as galinhas na selva inimigo, com a GAM naquele momento se direcionando para o local após cancelar a chamada de Barão.

Colin Young-Wolff/Riot Games

A GAM com seu ímpeto em Summoner’s Rift, não deu espaço para que a LOUD esboçasse alguma reação. Até porque a própria nem deu indícios que voltaria na partida com a atuação apática até então.

Pela rota inferior, após Kiaya eliminar tinowns no outro lado do mapa, o representante do Vietnã apenas seguiu reto para fechar a série em 2 a 0, fazendo com que o Brasil mais uma vez deixasse o Mundial de forma amarga, com uma exibição apagadíssima.

Irreconhecível nas duas partidas, a LOUD caiu sem esboçar reação. A sensação que fica é a famosa frase: morreu sem atirar. Algo que cabe bem no contexto do revés para a GAM.

Decepcionante pelo fato de ser uma equipe em sua terceira participação consecutiva em campeonatos internacionais, o óbvio era esperar que finalmente o Brasil chegasse longe neste Mundial, mas tornou-se só mais um capítulo repetitivo da série de eliminações brasileiras.

Colin Young-Wolff/Riot Games

O mínimo que esperava-se era chegar na MD5 valendo a vaga na fase suíça do Mundial, porém nem isso foi possível. Nem mesmo sendo a mesma equipe nos últimos três internacionais representando o Brasil.

“Acho que sim (chegar na MD5). Tipo assim, obviamente nosso objetivo era maior que isso, né? Era para ir pra fase Suíça. Mas desde o primeiro jogo até o último a gente sempre sabia que não ia ser fácil. Pela toda história da nossa região, o nível da nossa região, então a gente sabia que ia ser totalmente difícil todas as séries” — disse Tinowns ao Mais Esports.

Segue-se o ciclo vicioso da equipe brasileira começar bem o Worlds, permitir o torcedor sonhar para que no final se transforme em um pesadelo. Porém, de tanta repetitividade, nem assusta.

O brasileirinho está mais capaz de tomar um susto com um êxito na fase de entrada do Mundial.

Desde 2016 com a INTZ, o Brasil não consegue avançar no Mundial. Mais uma vez, a região não deu indícios de evolução e segue na mesmice de estar atrasado em relação às demais.

“Realmente, poderíamos ter aproveitado mais os nosso treinos, muito frustrante perder tanto, nós perdemos bastante para as regiões Majors nos treinos e isso nos frustrou muito, eu mesmo fiquei bastante” — declarou Robo ao SBT Games.

Sem dúvidas essa LOUD era a equipe dentre as últimas que mais mostrou ter chances de desempenhar bem fora do país. Não só pelas sucessivas participações internacionais, mas também por ter desempenhado bem e deixado boa impressão a quem acompanhou, junto ao amplo domínio que estabeleceu dentro do CBLOL aos demais times.

Junto das explicações acerca da eliminação brasileira no campeonato, tinowns deixou em aberto a possibilidade da line-up não seguir junta para a próxima temporada. Somente em três oportunidades as equipes que foram jogar fora mantiveram suas equipes no ano seguinte: paiN (2015), KaBuM! (2018) e RED Canids (2021).

“Não sei quais serão os meus próximos passos” — revelou tinowns no Mais Esports.

Era uma equipe que poderia muito mais, porém, não foi capaz, assim como as outras que representaram o Brasil no Worlds. Sentiu-se falta do tinowns impactante como é visto no CBLOL, que não só o Croc mas também o Robo tivessem desempenhos melhores. Apesar das adversidades Route e Ceos mantiveram sua solidez na rota inferior.

“Não conseguimos nos entender, ficar na mesma página, algo que sempre conseguimos antes. Não acho que impactou tanto, mas querendo ou não, isso faz com que os jogadores percam a confiança e isso aconteceu neste Mundial. Essa é a lição que vou levar: não importa o quão ruim as coisas estejam, temos que permanecer unidos para evoluir, se não fica muito difícil ir bem” — disse Ceos ao SBT Games

Mais uma vez, saímos do Mundial com outra bagagem de experiência que deixa o questionamento: será que enfim servirá de algo?

Colin Young-Wolff/Riot Games

--

--

André Luís
Universidade do Esporte

Contando algumas histórias por ai. Jornalista em formação pela UFRN e membro do Universidade do Esporte.