O Peixe virou isca de Galo
O duelo de aspirantes à Libertadores foi definido somente aos 46 minutos do segundo tempo
O desafio que aguardava o Atlético na noite desta quarta-feira não era nada fácil. Recebeu o Santos na Vila Belmiro e saiu vencedor por 2 a 1. Além disso, é a primeira vitória do Atlético na casa santista desde 2009, quando venceu por 3 a 2 o time de Neymar. O retrospecto após aquela partida era de 12 duelos, com 11 derrotas e 1 empate. O jogo foi marcado por erros individuais que ajudaram a construir o resultado final.
Além do tabu e da campanha fraca como visitante, os desfalques também tornaram o desafio mais complicado para o Galo. Keno, que cumpriu suspensão pelo terceiro cartão amarelo e Rubens com virose, responsáveis pelo lado esquerdo do alvinegro, não foram para o jogo.
A ausência da dupla também foi sentida na construção do jogo da equipe: Keno é o melhor ponta esquerda do time, já Rubens é quem mais acerta passes com média de 40 passes e 89% de aproveitamento por jogo. Além disso, os dois são peças fundamentais nas bolas paradas, o lateral nas cobranças e o ponta nas rebatidas e finalizações. Pávon formou o ataque com Hulk e Ademir, e Dodô entrou na lateral-esquerda.
O jogo começou sob o controle do Santos, com o time paulista ditando o ritmo, espaçando o ataque e acuando o time mineiro no campo de defesa. Otavio e Zaracho encontraram dificuldades para entrarem no jogo e conseguirem reter a posse para aliviar a pressão imposta pelo adversário. Sem sucesso na troca de passes, o time recorreu às bolas longas para ligar defesa e ataque, sempre buscando a referência do Hulk. No saldo do duelo, o centroavante levou a melhor no enfrentamento com o zagueiro Eduardo.
O time mineiro demorou para conseguir colocar a bola no chão. Chegou bem em um chute de Pavón, que parou na boa defesa de João Paulo. Depois, o Santos continuou tendo as melhores chances. Marcos Leonardo não estava com uma boa pontaria, além da excelente atuação de Everson, o Peixe não conseguiu fazer nenhum gol.
Com dois laterais-direitos de ofício em campo (Nathan Santos e Felipe) Ângelo também caindo pelo lado direito, o Peixe explorou os desfalques alvinegros e a insegurança de Dodô e Pávon. Em um momento do primeiro tempo, Cuca inverteu Ademir e Pávon procurando melhorar a recomposição defensiva, mas logo desfez a alteração e voltou ao posicionamento original.
O Galo ainda contou com a má atuação de jogadores importantes. Zaracho cometeu alguns erros técnicos grosseiros e pouco apareceu na frente. Otávio mais uma vez mostrou qualidade no passe, mas parece mal na questão física. O meia está lento na leitura das jogadas e execução das jogadas e prendeu demais a bola no meio-campo em uma região de intensa pressão do adversário.
Mas somente aos 25 minutos do segundo tempo, o time marcou. Depois de boa jogada individual de Guga, Nathan dá muito espaço para o cruzamento, Bauermann erra no meio e Felipe Jonatan fura ao tentar afastar e a bola ficou limpa para Hulk finalizar. Com muita categoria o camisa 7 do Galo fez o primeiro gol da noite.
Destaque para o senso de posicionamento do atacante, que foge da zona de pressão para receber livre, e para o movimento rápido de chute que pegou de surpresa o goleiro Pedro Paulo. Logo na sequência, Marcos Leonardo saiu cara a cara com Everson e teve ótima chance para empatar. Contudo, o camisa 9 parou no goleiro.
O gol foi a injeção de confiança que o Atlético precisava para crescer e equilibrar o jogo. O time ensaiou mostrar que pode enfrentar qualquer um no campeonato de igual para igual. Mas não estava nos planos um pênalti de Junior Alonso aos 40 minutos. O jogador paraguaio perdeu uma bola para Ângelo e ainda derrubou o atacante santista dentro da área. Pênalti que Marcos Leonardo cobrou e empatou a partida para o alvinegro.
O empate, porém, durou pouco. Isso porque, na saída de bola, Nacho recebeu lançamento em velocidade e foi derrubado por Nathan Santos, que foi expulso. Na cobrança, o meia argentino deu a vitória para os mineiros.
Ainda não é o que a torcida do Santos espera. A derrota para o Atlético dentro de casa é frustrante, claro. Mesmo batendo de frente com um dos melhores elencos do Campeonato Brasileiro, o resultado negativo mostra que ainda tem muita coisa para melhorar na Vila.
O time está claramente no caminho certo e é questão de tempo para que o projeto do time e de Orlando Ribeiro se fortaleça ainda mais. As trocas de comando deixaram o elenco perdido, mas a evolução no trabalho do treinador brasileiro é gigante. Há um conceito, uma forma de jogar.
Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. O Peixão não conseguiu ser competitivo durante os 90 minutos diante do time mineiro, que sobrou fisicamente. Em determinado momento, os visitantes tomaram conta da partida e o jogo virou ataque contra defesa no segundo tempo — até o pênalti cometido por Júnior Alonso
No entanto, a torcida do Santos vai dormir com o pensamento que poderia ter sido diferente. É que o time começou o jogo melhor o e viu o Galo ganhar por 2 a 1, com dois gols em erros individuais
Os erros foram decisivos para o resultado e, principalmente, o placar. Foi pesado que os três gols do adversário tenham sido ‘culpa’ do próprio time. E isso não quer dizer tirar o mérito do bom e bem treinado time de Cuca.
Praticamente livre do rebaixamento, o Santos sonha com a Libertadores, mesmo que seja algo mais distante. O duelo de hoje foi um teste importante para entenderem o nível em que o Alvinegro se encontra no futebol brasileiro.
Já o Atlético finalmente voltou a vencer duas em sequência. Longe de ser brilhante e perfeito em todos os seus setores, mostrou mais consistência defensiva do que vinha exibindo nos seus últimos jogos, Hulk voltou a boa fase e o time, coletiva e taticamente, mostrou depois de muito tempo uma coesão interessante e, para muitos críticos, até então totalmente inexistente.
Com dois gols e um lance polêmico reclamado pelo adversário e como não poderia ser diferente, ainda suscitam opiniões divergentes dos analistas de plantão, o certo é que o Galo conseguiu parar o atacante Marcos Leonardo, um dos maiores artilheiros da atualidade no futebol brasileiro, mesmo correndo muitos riscos. No geral, mesmo sem a posse de bola, o Atlético fez o suficiente para sair vencedor.
O time inegavelmente mostrou evolução. E sabe que ainda está longe de seu último objetivo nesta temporada e que só vai alcançá-lo jogo a jogo, um passo de cada vez. Difícil, porém possível. Mas, fora das quatro linhas as coisas continuaram e continuam confusas e preocupantes. Melhorou, está no caminho certo, mas ainda tem um longo caminho pela frente.