A origem do tabu celeste

22 anos separavam o fim da freguesia uruguaia frente à brasileira, em Montevideu, nas eliminatórias

Marcos Vinicius Ramos
Universidade do Esporte
4 min readOct 18, 2023

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Foto: Edison Vara/PLACAR

É bem verdade que na Copa do Mundo em que o Brasil conquistou o pentacampeonato, o ciclo nas eliminatórias até à principal competição entre seleções não empolgou. O retrato da situação até se classificar para o torneio disputado no Japão e na Coreia do Sul, em 2002, era realmente preocupante e o país especializado em levantar o troféu mais cobiçado do mundo corria o risco de ficar fora da disputa.

Há 22 anos, a seleção brasileira entrava em campo pressionada diante do Uruguai, em Montevidéu, na estreia do técnico Luis Felipe Scolari com a camisa verde e amarela. O começo do trabalho de Felipão, marcou o último jogo antes do início do tabu em casa, frente à equipe brasileira que durou pouco mais de duas décadas e acabou na última terça-feira, 17.

Era o início do sonho do penta para Scolari, que até àquele 01 de julho de 2001 era considerado um pesadelo e você saberá o porquê.

Foto: Vitor Silva/CBF

Antes, é interessante falar sobre a derrota que marca o fim desse tabu. Em 2022, no quarto jogo sob o novo comando, Fernando Diniz conheceu seu primeiro revés, logo diante do Uruguai, por 2 a 0, no Estádio Centenário, em Montevidéu. As coincidências entre as derrotas separadas por pouco mais de duas décadas ficam só no início do trabalho e o desempenho aquém do esperado longe dos seus domínios.

O Brasil, mesmo sem somar pontos nesta 4ª rodada, é ainda o 3° colocado da competição, com sete pontos somados e dificilmente ficará fora da próxima Copa do Mundo, em 2026, que terá 48 seleções, com seis vagas diretas e uma pela repescagem garantida para os países sul-americanos.

Desde da criação do formato atual das eliminatórias, em 1995, a seleção brasileira sempre terminou na liderança após o encerramento da competição, com exceção do ciclo entre 1998 e 2002, quando Felipão vivia num cenário incomum na ocasião.

Foto: Reprodução ESPN

Voltando ao contexto histórico: foram 12 dias de concentração e 17 treinamentos até a estreia do novo comandante, em 2001. Luiz Felipe Scolari, era o quarto comandante do Brasil em um intervalo de três anos — passaram anteriormente como técnicos: Vanderlei Luxemburgo, Candinho (Técnico interino) e Emerson Leão — , o gaúcho chegava como uma espécie de treinador-bombeiro que tinha a missão de apagar o incêndio dos maus resultados, apaziguar os bastidores e garantir o esquadrão brasileiro na Copa do Mundo do ano seguinte.

Restavam apenas seis jogos pela frente, o primeiro dessa empreitada fora de casa, e a esperança por uma vitória na casa do adversário estava na convocação das estrelas mundiais brasileiras. O time titular foi a campo com novidades, entre elas, Rivaldo, Cafu e Roberto Carlos, que haviam ficado de fora da última lista de convocados de Emerson Leão contra o Peru.

A expectativa era de uma sequência de vitórias nas eliminatórias para afastar a má fase e tirar o Brasil da situação delicada que estava após a derrota contra o Equador e o empate contra a seleção peruana. No Estádio Centenário, 61.249 pessoas estavam presentes no jogo que marcaria o início da caminhada até o pentacampeonato da amarelinha.

Contudo, a trajetória não começou como todos imaginavam, a atuação de Scolari e seus comandados fez jus ao lugar ocupado pela seleção na tabela. Nem mesmo os astros do Barcelona, Real Madrid e Roma foram capazes de encorpar uma seleção desestruturada. Os destaques individuais na europa até colaboraram com o resultado negativo, em Montevidéu.

É preciso falar sobre a atuação de Cafu, campeão do mundo em 1994, vice em 1998, parecia um novato na seleção brasileira frente ao habilidoso Recoba. O meia uruguaio fez fila na defesa montada por Felipão e sofreu pênalti após falta dentro da área feita pelo lateral direito.

Da marca da cal, Magallanes colocou o Uruguai na frente do placar, e foi o dono do gol solitário da última derrota do Brasil antes da queda do tabu neste 17 de outubro de 2023. O centroavante da celeste mostrou que era preciso mais do que uma troca de comando para a engrenagem verde e amarela se organizar.

Sempre é bom lembrar que a reformulação ocorreu e isso todo mundo guarda na memória, mas o que fica escanteado nas recordações é o processo até lá, apenas nove jogadores convocados para o duelo da 13ª rodada das eliminatórias seguiram na família Scolari até a aguardada Copa do Mundo de 2002.

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Marcos Vinicius Ramos
Universidade do Esporte

Estudante de jornalismo. Aspirante a escritor. Fanático por futebol.