Pep Guardiola e a sua obsessão por artilheiros

Poucos treinadores tiveram tantos atacantes viciados em bola na rede

Gabriel Gomes
Universidade do Esporte
7 min readOct 25, 2022

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Quando você pesquisa sobre Pep Guardiola no Google, os resultados vão mostrar que ele é o melhor treinador do mundo (apesar de ter ganho o prêmio uma vez) ou um dos melhores técnicos da história. Eu concordo com essas afirmações.

Desde quando nasci, nenhum treinador foi tão brilhante como Pep. Mas você também pode encontrar sobre o “tiki-taka” que era tão falado sobre o Barcelona da sua época, mas que ele, em seu livro, revelou odiar e que a sua equipe não jogava daquela forma. Mas pouco fala sobre a sua ótima relação com os artilheiros para quem teve tantos atacantes letais em seu comando.

Guardiola e um dos seus maiores pupilos: Gabriel Jesus (Foto: Reprodução/ESPN)

Começando pelo cara da foto, Gabriel Jesus surgiu como uma explosão no futebol brasileiro. Em pouco tempo, o atacante foi decisivo em títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro pelo Palmeiras. Pep Guardiola ligou para Gabriel Jesus e pediu a sua contratação por 32,75 milhões de euros.

Em 2020, o técnico espanhol chegou a declarar que o atacante brasileiro era o melhor do mundo na posição só pela sua contribuição ao time, que também ficou muito marcada na Copa do Mundo de 2018. Ao lado de Pep, Gabriel Jesus participou de 236 jogos, marcou 95 gols e teve uma média de 0,4 gols por jogo.

Pep Guardiola e Thierry Henry (Foto: Reprodução/Internet)

Ídolo do Arsenal, carrasco do Brasil, eu não consegui acompanhar a carreira de Thierry Henry por perto, mas revendo a final da UEFA Champions League entre Barcelona e Arsenal, o que esse cara fez naquela partida foi loucura, assim como em toda a sua carreira, ele foi um dos atacantes mais brilhantes da história. E a relação com Pep ainda melhorou o seu futebol.

“Pensei que conhecia futebol, mas quando cheguei ao Barça fui reprogramado e reprogramado. Guardiola ativou meu cérebro em um nível tático espetacular,” disse Henry.

O francês, que até chegou a criticar o Mbappé por não fazer as funções que seu treinador pede, foi reprogramado por Pep, conquistou dois campeonatos espanhóis, a Copa do Rei, a Champions League, a Supercopa da Espanha, da UEFA e o Mundial de Clubes, marcou 30 gols em 74 jogos e também teve uma média de 0,4 gols por jogo.

Pep Guardiola e o CRAQUE David Villa (Foto: Reprodução/FCBN)

Acho que poucas pessoas na América do Sul amam o David Villa como eu. Um dos maiores presentes da minha vida foi ter ganho a camisa do David Villa da Copa do Mundo de 2010, mas aqui estou para falar da relação do histórico camisa 7 com Pep Guardiola. Em recente entrevista, o ex-jogador espanhol falou sobre o que achava do seu ex-técnico:

“Guardiola é um dos maiores treinadores da história do futebol e me sinto orgulhoso de ter trabalhado com ele. O estilo dele é ter a bola, tentar ser ofensivo e atacar, e quando você perde a bola você tem que recuperá-la o mais rápido possível.”

Ao todo, David Villa marcou 32 gols em 75 jogos e teve uma média de 0,42 gols por jogo.

Pep Guardiola e Ibrahimovic: em campo até dava certo, mas fora dele… (Foto: Reprodução/Goal)

Ibrahimovic pode dizer que conviveu com os melhores treinadores da minha geração: José Mourinho e Pep Guardiola. O atacante sueco não tinha boa relação com Pep, e muito por conta disso, a sua ótima relação com o treinador português.

No seu livro, Ibra falou sobre Guardiola: “O filósofo prefere jogadores que obedecem sem responder. Como treinador, é um fenômeno, mas como homem…”. A parceria durou pouco em campo, mas o sueco marcou 22 gols em 46 jogos e teve uma média de 0,47 gols por jogo.

Outra dupla que só combinou dentro do campo: Pep e Mandžukić (Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

“Guardiola me decepcionou. Ele não me tratava com respeito. Ele não deixou eu me tornar o artilheiro da Bundesliga. Tudo era duas vezes melhor com Jupp Heynckes. E isso não é apenas a minha opinião. Eu não merecia ser tratado como fui depois de dar tudo de mim para o Bayern por duas temporadas”.

Essa declaração já é o suficiente para entender como a relação entre Mandžukić e Pep Guardiola não era boa, apesar do croata ter feito os melhores números no Bayern no comando do treinador espanhol.

Em seu livro, Guardiola sempre falava sobre não querer Mandžukić no seu time, mas que o atacante soube lidar com isso e se tornou um novo atacante para se adaptar ao seu estilo de jogo. No comando de Guardiola, o croata marcou 26 gols em 48 jogos e teve a média de 0,54 gols por jogo.

Chegando no top-5, nem precisa da foto da dupla para explicar (Foto: MICHAELA REHLE/REUTERS)

“Eu nunca vivi uma situação dessas como treinador e como jogador. Cinco gols em nove minutos? Estou muito feliz por Lewandowski. Não consigo explicar o que aconteceu”. Robert Lewandowski é inexplicável, ainda mais nesse dia. “Ele me ensinou a ver o futebol de outro ponto de vista. Entender o futebol a partir do movimento, da tática, como usar o futebol da tática. Depois da etapa com o Guardiola, penso o futebol de forma diferente, porque vi e vejo o futebol de fora, de outra perspectiva, vejo quem errou, quem poderia ter feito melhor e como você pode dar um passo à frente do seu rival”.

O polonês descobriu um mundo diferente com Pep, e assim como quase todos os atacantes citados nesse texto, ele mudou para melhor com o espanhol.

“Conversei com ele, ele me explicou muito a parte tática, me falou um dia: eu não posso te ajudar a ser um atacante melhor, porque você é muito bom, mas posso ajudar seu time a levar a bola para a área e aí você sabe bem o que tem que fazer e como fazer”, contou Lewa.

A parceria entre Lewandowski e Guardiola durou 100 jogos e ele marcou 67 gols, o que o coloca no top-5 de atacantes com as melhores médias.

O beijinho de Pep em Kun Agüero (Foto: Reprodução/Goal)

“É insubstituível, nos ajudou a colocar o clube em um nível mais alto”.

De todos os outros jogadores citados até esse momento, Agüero foi o primeiro a transformar um clube. Jogador histórico do Manchester City, o argentino já era grande antes da chegada de Pep e cravou o seu nome entre os maiores da história. Foram 182 jogos da dupla com 124 gols de Kun e uma média de 0,68 gols por jogo.

Outra dupla que era perfeita em campo, mas fora dele… (Foto: Reprodução/AS)

Chegando no top-3, Eto’o também não tinha boa relação com Pep Guardiola, mas no campo, o camaronês deitava no comando do espanhol.

“Não sou o único que disse. Minha experiência com Pep no Barça foi a que foi, mas no pessoal não foi o que esperávamos. E muitos jogadores disseram o mesmo sobre ele. Como treinador, Pep prepara as partidas como ninguém. Como nos treinava em 2009 era incrível. Sua maneira de ver o futebol de ataque, de controle, de ter a bola, os rondos… Pep era o melhor nisso”, disse Eto’o em entrevista para o Marca.

Foram 36 gols em 52 jogos, com uma média incrível de 0,69 gols por jogo.

Palmas para Lionel (Foto: Reprodução/SPORTBible)

Durante todo o texto, eu fiquei imaginando como começar a parte dedicada para a dupla Pep Guardiola e Lionel Messi, mas uma declaração de Pep resume tudo:

“Tentei fazer de Lionel Messi o melhor jogador do mundo, ele acabou me fazendo o melhor treinador do mundo”.

Quando perguntado, ainda mais com os gols que o primeiro colocado tem feito, Pep Guardiola sempre fala que o melhor é Lionel Messi, e não tem como ser diferente, para o espanhol: “Messi foi o melhor 9, 10, 11, 7, 6, 5, 4”.

A parceria que entrou para a história do futebol durou por 218 jogos, com 211 gols de Messi, que teve a média de 0,96 gols por jogo, com 14 títulos de 19 competições disputadas.

A felicidade de Pep Guardiola com Erling Braut Håland (Foto: Reprodução/Getty Images)

Eu não consigo ter outra palavra para falar de Haaland sem falar que ele é bizarro. É de outro mundo. O atacante norueguês, que tem a mesma idade que eu, já fez 196 gols em 234 jogos na sua carreira. Do Red Bull Salzburg para o Manchester City, ele conseguiu fazer 29 gols em 27 jogos pelo clube austríaco, 86 em 89 jogos pelo Borussia Dortmund e, agora, 22 gols em 15 jogos pelo Manchester City.

É um cometa, ele tem tudo para ser um dos maiores da história e tão cedo já tem a parceria de Pep Guardiola. Todos os dias, o treinador espanhol é perguntado sobre Haaland, melhor que o Messi ele não é, e provavelmente não será, mas pode-se dizer tranquilamente que é mais um jogador de outro planeta comandado pelo espanhol. Para quem ainda ficou na dúvida, o Haaland lidera a média dos atacantes treinados por Pep Guardiola, com 1,46 gols por jogo.

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Gabriel Gomes
Universidade do Esporte

Estudante de Jornalismo na UFRN, apaixonado por falar e escrever sobre o futebol.