Por que a Sérvia deixou de se chamar Sérvia e Montenegro?

Em 2006, o país, que já não era uma nação, disputou a Copa do Mundo da Alemanha

Gabriel Gomes
Universidade do Esporte
4 min readNov 8, 2022

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A edição de 2006 foi a minha primeira da Copa do Mundo. E a primeira lembrança é do álbum do mundial, que a gente começa a viver antes da Copa, e vê algumas caras marcantes como a estreia da Seleção de Togo em Copas, a página dividida entre Gana e Angola, mas algo que me estranhava era o nome de Sérvia e Montenegro, já que a maioria das seleções não tinha um “sobrenome”, como Brasil, Argentina, França, etc…

A figurinha de Dejan Stanković na Copa de 2006: um dos melhores jogadores da história do país.

História

E depois de estudar sobre esse caso, fica mais curioso ainda saber que a Seleção de Sérvia e Montenegro já podia estar separada para a Copa do Mundo. A independência de Montenegro ocorreu com a declaração formal em 21 de maio de 2006, 21 dias antes da estreia com derrota para a Holanda, por 1 a 0.

Montenegro já foi um Estado entre 1878 e 1918, mas integrou o Reino da Iugoslávia, e foi a única república que se manteve na República Federal da Iugoslávia depois de 1992, mas com a Guerra do Kosovo, que também motivou a separação da Eslovênia, Croácia, Macedônia e Bósnia e Herzegovina, e a queda de Slobodan Milošević, que foi o principal líder do Partido Socialista da Sérvia, e condenado por crimes de guerra e contra a humanidade em guerras contra Bósnia, Croácia e Kosovo, eles resolveram a separação, em 2006, por 0,5% de diferença.

Herdeira da Iugoslávia, a Seleção de Sérvia e Montenegro só disputou uma Copa e nem existia como um país. Eliminando a Bósnia e Herzegovina e Bélgica nas eliminatórias, a Seleção de Sérvia e Montenegro mandou a Espanha para a repescagem e caiu no Grupo C, ao lado da Argentina, Holanda e Costa do Marfim. E sem surpresas, três derrotas: 1 a 0 para a Holanda, 6 a 0 para a Argentina e 3 a 2 para a Costa do Marfim.

No final de junho, durante a Copa do Mundo, a Seleção de Sérvia e Montenegro deixou de existir. A Associação de Futebol de Montenegro entrou com um pedido e estreou como independente em março de 2007, enquanto a Sérvia herdou o histórico da Iugoslávia junto à FIFA e à UEFA.

Jogadores para ficar de olho em 2022:

Para a Copa do Mundo de 2006, dois jogadores pertenciam a Montenegro, mas para a Copa de 2022 no Catar, a geração Sérvia vem forte e melhor do que a de 2018, quando o Brasil também enfrentou na fase de grupos.

Dušan Vlahović

Revelado pelo Partizan, Dušan Vlahović explodiu na segunda temporada pela Fiorentina. Antes de se transferir para a Juventus, ele marcou 20 gols em 24 jogos na temporada de 2021/22, mas ainda não decolou pela Vecchia Signora.

Aleksandar Mitrović

Foram 52 gols nos últimos 58 jogos com a camisa do Fulham. Viciado em bola na rede, Mitrović também foi revelado pelo Partizan, brilhou no Anderlecht e está há oito temporadas no futebol inglês entre Newcastle e Fulham, e no último clube, ele despontou na segunda divisão e manteve o mesmo nível na primeira divisão e na véspera da Copa do Mundo.

Sergej Milinković-Savić

Depois de um ataque poderoso, o meio de campo também precisa ter a sua parceria forte. Sergej Milinković-Savić é um operário, mas se destaca com a bola no pé, com muita categoria e boa chegada ao ataque. Na Lazio desde 2015, foi sondado pelo Real Madrid depois da ótima temporada em 2017/18, mas continua vivendo em grande fase no futebol italiano e com a camisa da Sérvia.

Dušan Tadić

Se no ataque tem a dupla Vlahović-Mitrović, o meio de campo também é muito reforçado com a dupla Milinković-Savić-Tadić. Mais veterano, Tadić completará 34 anos na estreia da Copa do Mundo, e brilha pelo Ajax há cinco temporadas. Ao todo, o meio-campista participou de 189 gols em 212 jogos na Holanda.

Filip Kostić

Kostić foi um dos grandes símbolos da força do Eintracht Frankfurt nas últimas temporadas no futebol alemão. Com vitórias marcantes sobre o Bayern de Munique, o lateral-esquerdo/meia-esquerda/ponta-esquerda faz tudo em ótima qualidade e ainda coroou a última temporada com o título inédito da Europa League.

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Gabriel Gomes
Universidade do Esporte

Estudante de Jornalismo na UFRN, apaixonado por falar e escrever sobre o futebol.