Sobrando nas eliminatórias, o Irã pode sonhar com um passo maior na Copa do Mundo

Com seis participações na Copa do Mundo, o Irã nunca passou da fase de grupos, mas pode surpreender no Catar

Gabriel Gomes
Universidade do Esporte
3 min readOct 3, 2022

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HISTÓRIA

Depois de ficar um ponto atrás de Portugal e Espanha na Copa da Rússia em 2018, o Irã vive o seu melhor momento no campo para sonhar com a primeira classificação para o mata-mata da Copa do Mundo. Com o seu auge na década de 70, o Irã parou com o futebol, viveu a guerra contra o Iraque, não disputou as Eliminatórias de 1982 e 1986, mas voltou em 1990 com uma geração que abriu o caminho para que iranianos atuassem na Europa. O país de Ali Daei e Karim Bagheri agora se tornou o país de Mehdi Taremi e Sardar Azmoun.

Ali Daei e Karim Bagheri, astros iranianos da década de 90. (Marcus Brandt/Bongarts/Getty Images)

Um indício de que os anos 90 melhoraram a reputação dos jogadores, é de que na Copa da Ásia de 2000, o país tinha seis iranianos atuando na Europa, em comparação com um representante na edição de 1996. Ali Daei, o maior artilheiro de seleções antes do Cristiano Ronaldo, foi o grande destaque daquela geração, marcou 36 gols nas Eliminatórias, nove para o Mundial de 1998 e mais nove para a Alemanha em 2006, saiu do Catar para o futebol alemão, com passagens no Arminia Bielefeld, Bayern de Munique e Hertha Berlin.

Dos 24 jogadores relacionados para o último jogo contra Senegal, 10 jogam no Irã, dois na Grécia, além de um representante na Croácia, Catar, Turquia, Dinamarca, Bélgica, Emirados Árabes Unidos, Chipre, Espanha, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Portugal, além de ter o comando do treinador português Carlos Queiroz.

Azmoun e Taremi, a dupla iraniana que pode brilhar em 2022. (Karim Jaafar/AFP/Getty Images)

AS ESTRELAS

Contando com o poder da dupla Azmoun e Taremi, o Irã caiu no grupo B com Estados Unidos, País de Gales e Inglaterra.

Sardar Azmoun, natural de Gonbad-e Kavus, jogou quase toda a sua carreira no futebol russo. Antes de se transferir para o Bayer Leverkusen, o jogador saiu como o melhor jogador da Premier League Russa. É o maior artilheiro, em atividade, da seleção, além de ser o maior artilheiro iraniano da Liga dos Campeões, com gols no Bayern de Munique e Atlético de Madrid.

Mehdi Taremi, natural de Bushehr, jogou no futebol iraniano até 2018, quando se transferiu para o Al-Gharafa, do Catar, antes de brilhar no Rio Ave e jogar no Porto. Artilheiro do Campeonato Iraniano por duas vezes, o jogador foi companheiro de Wesley Sneijder até brilhar no futebol português. Hoje, é o segundo maior artilheiro, em atividade, da seleção, com 12 gols a menos que Azmoun (41).

MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS

Em 1998, Irã e Estados Unidos se enfrentaram na Copa do Mundo. Em 2022, o confronto se repetirá. (Reprodução/FIFA)

Na classificação para a Copa de 1998, depois de 20 anos da sua última (e primeira) participação, a política voltou a se misturar com o futebol. Na comemoração da classificação, milhares de mulheres invadiram as ruas, quebraram as regras religiosas, mas conseguiram fazer presença no Estádio Azadi na volta dos jogadores ao país.

Hoje em dia, a situação não é muito diferente de 25 anos atrás. Vivendo em uma rebelião por prender e, em seguida, matar a iraniana Mahsa Amini por deixar o cabelo à mostra sob o véu islâmico, o país e mais 150 cidades pelo mundo realizaram protestos pela terceira semana seguida. Na última quinta-feira (29), o grupo de direitos humanos Open Stadiums pediu à FIFA que tire o Irã da Copa do Mundo por proibir mulheres de entrarem nos estádios.

Com proibição ou não, o Irã chega no seu melhor momento dentro de campo para sonhar com a primeira vez nas oitavas de final da Copa do Mundo. O primeiro passo será contra a Inglaterra, em 21 de novembro, às 10h (horário de Brasília).

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Gabriel Gomes
Universidade do Esporte

Estudante de Jornalismo na UFRN, apaixonado por falar e escrever sobre o futebol.