Vermelho de bicampeão

América repete campanha de 1982 e conquista de forma direta e invicta o Campeonato Potiguar

Hildo Nogueira
Universidade do Esporte
4 min readApr 11, 2024

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A comemoração do campeão: Título para dar confiança na busca pelo acesso

A justiça no futebol pode ser relativa, pois se trata de um esporte em que nem sempre o mais qualificado tecnicamente se sobressai. Além do que acontece dentro de campo, o bom trabalho fora dele é parte necessária de uma engrenagem que faz as coisas acontecerem.

Desta vez venceu a melhor equipe, que aliou desempenho a um ambiente favorável para propiciar o segundo título estadual consecutivo. A conquista Americana que foi confirmada nesta quarta-feira (10), no Barrettão é incontestável sob todos os aspectos e nem por isso tudo foi perfeito.

O América iniciou a temporada com o técnico Marquinhos Santos teve dificuldades para desenvolver uma regularidade nas suas atuações. O começo tímido, com empates, vitórias magras e desempenho aquém do esperado deixavam o torcedor desconfiado. Entretanto, fez a melhor campanha da primeira fase e chegou na final do primeiro turno contra o rival ABC.

Contestado no início, Marquinhos Santos teve papel fundamental na conquista Americana / Foto: Gabriel Leite / UDE

O 4 a 2 nos pênaltis e a consequente conquista trouxeram a tranquilidade que o treinador americano precisava. Mudanças táticas foram efetuadas, deixando o meio de campo mais preenchido. Os jogadores responderam bem e por mais que o Alvirrubro nem sempre tenha feito bons jogos, as oscilações diminuíram. Apesar da desclassificação, o time encerrou de forma positiva a participação na Copa do Nordeste e alcançou a terceira fase da Copa do Brasil.

Craque do América e do Campeonato, Souza caiu nas graças da torcedor / Foto: Gabriel Leite / UDE

A possibilidade de conquistar o segundo turno e ser campeão do estado de forma direta foi se tornando cada vez mais real. Estava difícil para o América perder, enquanto o seu histórico rival não conseguia vencer uma partida sequer.

Potiguar e Santa Cruz se tornaram os principais adversários. O primeiro arrancou uma igualdade na Arena das Dunas no último jogo da fase classificatória e obteve a vantagem de jogar em casa na semifinal. O segundo despachou o ABC e se consolidou como grande postulante ao título, sendo fruto de um ótimo trabalho do treinador João Paulo.

A semifinal jogada em Assú e vencida pelos Rubros por 3 a 1 caracterizou um time que sabe ser pragmático. Mesmo sendo pressionado em alguns momentos, o Mecão foi cirúrgico nas chances que criou e depois teve competência para administrar o resultado. Agora só faltava um jogo para sacramentar o título estadual.

A partida final contra o Santa Cruz de Natal teve polêmica pré-jogo como não poderia deixar de ser no Potiguarzão. A marcação da partida para quarta-feira e não para o final de semana, desagradou os americanos que tiveram menos tempo de descanso. Prego batido e ponta virada, aconteceu o que tinha que acontecer no Estádio em Ceará-Mirim.

A torcida alvirrubra fez a festa no Barrettão / Foto: Gabriel Leite / UDE

Após bom primeiro tempo com muitas chances desperdiçadas pelo lado alvirrubro, o Santa voltou superior na segunda etapa. O tricolor se aproveitou do cansaço do adversário para exercer uma grande pressão. As alterações na equipe americana foram para segurar o jogo e abraçar um empate que levaria para disputa de pênaltis, mas o destino era ser campeão antes e de uma maneira bem familiar.

Em 2015, o zagueiro Flávio Boaventura marcou de cabeça para dar o título do Centenário no Frasqueirão. Em 2019 foi a vez de Alisson, outro beque, marcar no finzinho e encerrar o jejum de quatro anos. Em 2024, novamente nos instantes finais, outro defensor foi o escolhido para encher de alegria os corações americanos: Salazar. O gigante colombiano fez, também de cabeça, o gol do trigésimo oitavo título Potiguar do América.

Salazar: Mais um herói improvável que entrou para a história do América / Foto: Gabriel Leite / UDE

É momento do torcedor comemorar o bicampeonato e valorizar o triunfo invicto que não chegava desde 1982. Em meio a anos de sofrimento, vitórias como essa lavam a alma e enchem de confiança todos os que fazem o clube sobre o que virá pela frente. O grande objetivo está batendo na porta, a Série D do Campeonato Brasileiro. Não dá mais para jogar tantos anos a última divisão, e para isso o América precisará para além dos reforços, boas decisões e de se aproveitar do bom ambiente que o levou a ser campeão de forma incontestável.

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