Warriors faz tudo certo e vence por pouco

Boston perde duas consecutivamente pela primeira vez desde janeiro

Adsson Santos
Universidade do Esporte
3 min readJun 14, 2022

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Imagem: NBA/Twitter

Vocês sabem como é desviar de um tiro vindo em sua direção? Eu não sei, mas se quiser saber como é a experiência, vou procurar alguém do Golden State Warriors para me contar. Na última segunda-feira (13), mais um capítulo da guerra entre Boston Celtics e Golden State Warriors ganhou vida.

A vitória do Warriors rendeu ao Boston sua primeira derrota seguida desde de janeiro. O Celtics não apresentou metade da intensidade do Warriors, cometeu seguidos erros de atenção na defesa e não conseguiu nem compensar o baixo aproveitamento com os seus tradicionais rebotes ofensivos. Faltou tática, vontade e perna. Sorte que não estavam disputando nada.

A parte da perna, a gente pode até justificar e aí entra o fator calendário. O clichê da NBA é dizer que não existe descanso suficiente em jogos de playoffs. Cada partida é mais cansativa, mais difícil do que a última e que depois de uma longa viagem é quando todo mundo só quer voltar pra casa.

Feita essa ressalva do calendário, não acho que exista técnico, torcida ou mesmo jogador que aceite a desculpa. Não imagino Jayson Tatum dando risada no vestiário e dizendo:

“Ah, tudo bem, a gente estava cansado”

Tudo o que eles não precisavam era devolver para o Warriors a narrativa do “quando a gente joga direito, ninguém nos vence”. Até porque essa pode ser a verdade…

O jogo começou do jeito que todos esperavam, uma blitz para cima do Celtics. Com apoio de uma sempre barulhenta torcida, o Golden State tentou engolir o adversário logo de cara com muita pressão na defesa e, finalmente, mais agressividade dos jogadores coadjuvantes.

Enquanto Stephen Curry teve um jogo pouco agressivo, beirando a apatia, não acertou nenhuma bola de três. Andrew Wiggins, Klay Thompson e Jordan Poole foram suas melhores versões, algo que às vezes falta nesse time quando todos se acomodam demais em ver o Curry carregando o ataque nas costas.

Quem se beneficiou dessa boa movimentação foi Klay Thompson, que mostrou sua versão mais agressiva da série. Ele arremessou 11 bolas de três pontos (fez cinco!), deu duas assistências, infiltrou e tentou fazer o Boston pagar por toda vez que o deixou livre.

Mas só pontuar melhor não seria o bastante para resolver o trabalho, então ajustes na defesa também foram feitos. O mais importante foi colocar Andrew Wiggins para marcar Jayson Tatum.

A decisão pode parecer óbvia a princípio: é o seu melhor defensor encarando o melhor atacante do outro lado, mas há riscos. Defender contra o Tatum é fisicamente desgastante, ainda mais para quem está sendo fundamental para o ataque do Warriors continuar funcionando. Criando espaços, acertando bolas de meia distância, cavando faltas, jogando no mano a mano e, sobretudo, encontrando cestas razoavelmente fáceis — ou então rebotes de ataque, faltas, contra-ataques — nos momentos mais duros para o time.

O técnico Steve Kerr achou, porém, que era hora de abraçar os riscos. A vantagem da equipe de São Francisco no primeiro quarto foi boa, mas nunca dominante o bastante para o jogo parecer ganho. A diferença bateu em 15 pontos, mas logo caiu para nove, sete e dois durante a primeira etapa. Parecia um pesadelo para o Warriors: eles estavam segurando Tatum, tinham conseguindo tirar bons jogos de seus coadjuvantes.

A decepção do Boston Celtics é gigantesca. Perderam duas partidas seguidas e deixaram escapar a chance de serem campeões e agora precisam de novo vencer um jogo sete da série da NBA. A esperança de mudança deles é voltar para casa. Enquanto isso, o Golden State sobrevive aos trancos e barrancos. A equipe parece ter mais armas para usar quando as suas principais falham.

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