A Metáfora da Montanha

Imagine que você está fazendo uma trilha por uma montanha, querendo muito chegar ao topo. Você reconhece que às vezes andará em linha reta, outras vezes terá que andar em zigue-zague, terá que voltar um pouco e outras vezes pode ser até que você caia e perca todo o progresso que você tinha alcançado.

Depois de passar por isso tudo, pode ser que você finalmente consiga pelo menos enxergar como é o topo da montanha, mas às vezes o sol está tão quente que dificulta a sua visão, seus olhos ardem, você começa a suar e ficar desconfortável.

Outras vezes pode até ser que o sol já não esteja mais por perto, e você dessa vez terá que lidar com uma forte chuva que provavelmente fará todo o caminho ficar molhado e escorregadio.

A questão é que muitas coisas podem acontecer durante toda a sua trilha rumo ao topo da montanha.

E se eu lhe pedisse, em determinado ponto da trilha, para avaliar o quão bem você está atingindo seu objetivo de chegar ao topo da montanha?

Provavelmente você me contaria uma história diferente a cada vez.

Se você estivesse passando pelos caminhos molhados pela chuva ou se até mesmo tivesse que voltar alguns passos, provavelmente me diria que as coisas não estavam indo bem e que você nunca iria atingir o topo. Agora, se você estivesse em um trecho de território aberto de onde pudesse ver o topo da montanha e o caminho que conduz até lá, provavelmente me diria que as coisas estavam indo muito bem.

Agora imagine que estamos do outro lado do vale com binóculos olhando para as pessoas que caminham por essa trilha. Se nos perguntassem como elas estavam se saindo, provavelmente teríamos um relato de progresso positivo a cada vez, pois conseguiríamos ver que a direção geral da trilha (não a sua aparência em determinado momento a partir do nível do chão) é o segredo do progresso.

Conseguiríamos ver que seguir essa trilha maluca, em zigue-zaque e às vezes molhada ou seca demais, faz parte do processo.

Conseguiríamos ver que as partes que você teve que voltar pois não tinha como subir adiante era justamente o caminho certo que você tinha que fazer para chegar ao topo da montanha.

Essa metáfora nos faz refletir sobre o quanto que os nossos sentimentos mudam em relação a algum acontecimento. Dessa forma, se estivermos passando por uma situação difícil provavelmente vamos acabar ficando tristes achando que isso é o fim do mundo e que nunca vamos conseguir chegar no topo da montanha.

Nossos pensamentos sempre tendem a nos guiar a achar que em qualquer sinal de uma nuvem escurecendo já é motivo de preocupação e de que nunca vamos conseguir sair do lugar, mas a questão é, pensamentos são só pensamentos.

Deixe que os pensamentos falem que você nunca chegará ao topo, aceite seus pensamentos, mas os reconheça como se fossem águas correntes de um rio, que vem e que vão embora.

Deixe seus pensamentos falarem que a chuva será muito forte e que você está indo pelo caminho errado, mas continue caminhando apesar deles.

Conforme caminha verá que a cada sinal de mudança positiva na trilha seus pensamentos mudarão também. Mas cuidado para eles não serem positivos demais e te colocarem em um ponto tão alto da montanha que você acabe caindo.

Sei que é difícil aceitar o que sentimos quando a sensação é dolorosa, assim como é difícil enxergar o topo de uma montanha quando as nuvens estão carregadas de chuvas.

Mas assim como uma tempestade que cai, faz seu estrago e vai embora, as situações em nossas vidas são semelhantes. Tudo passa.

Pode ser que realmente esteja chovendo muito e você não consiga caminhar por um bom tempo, mas se esse for o caso, sempre haverá uma caverna em algum lugar para você se esconder e esperar tudo passar.

Pode ser que você não encontre essa caverna de imediato, às vezes, é necessário que você a construa do zero.

Às vezes a chuva pode estar tão forte que você encontrará dificuldades de construi-la na rapidez que deseja. Mas eventualmente conseguirá. Tudo na vida se ajeita uma hora, assim como a sua caverna.

E quando você se der conta a chuva já passou e você poderá continuar na sua trilha rumo ao topo da montanha, agradecendo por agora não estar mais chovendo mas tendo consciência de que tempestades virão e de que o sofrimento faz parte de todo o processo.