Compulsão por agradar

Os efeitos psicológicos de colocar sempre os outros em primeiro lugar

natalia
Universo Mental
7 min readOct 21, 2021

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Pessoas viciadas em agradar são pessoas que apresentam comportamentos compulsivos cujo objetivo é simplesmente agradar e satisfazer os outros, e por mais que pareça uma boa ação, a atitude de sempre colocar os outros em primeiro lugar pode estar relacionada a baixa autoestima ou até mesmo resultar em algum problema psicológico.

Geralmente, as pessoas buscam agradar as outras, pois, no fundo, elas querem receber algum agrado em troca. São pessoas que geralmente possuem uma baixa autoestima, visto que dependem da outra para encontrar o seu próprio valor.

Somos ensinados desde pequenos a sermos bons com os outros e que os mocinhos das histórias sempre vencem no final, mas a realidade não funciona dessa forma. Afinal, se o mundo fosse justo, coisas ruins só aconteceriam com pessoas más.

Apesar de em teoria, pessoas boazinhas não merecerem nenhum tipo de sofrimento, na prática, são justamente as que mais sofrem por abandono, desprezo e são constantemente magoadas e acabam entrando em relacionamentos abusivos com mais facilidade. Pelo fato de se culparem constantemente, essas pessoas acabam possuindo tendência a desenvolver ansiedade, depressão e até mesmo ataques de pânico.

Os efeitos psicológicos de sempre colocar os outros em primeiro lugar

Se você for uma pessoa que sofre de compulsão por agradar, provavelmente, você, no fundo, espera que as pessoas gostem de você, e para isso acontecer você busca agrada-las. E como nada na vida vem fácil, você perceberá que a maioria das pessoas nem vai perceber quando você estiver sendo agradável, e provavelmente após o ocorrido você vai se culpar, pensando que fez algo de errado ou não foi agradável o suficiente, assim buscará agrada-las mais e mais ainda, entrando em um ciclo extremamente vicioso.

Outro fator importante, é que na maioria das vezes, se você for uma pessoa viciada em agradar, tenderá a interpretar o papel de outra pessoa, uma pessoa boazinha, que busca sempre satisfazer o outro. O problema é que você no fundo, não é essa pessoa, e fingir ser algo que você não é, por si só, já é algo cansativo.

Quando uma pessoa é viciada em agradar, sua autoestima tende a se relacionar com o quanto ela é bem-sucedida em agradar os outros. Satisfazer essas necessidades e receber a validação do outro se torna uma fórmula mágica para que a pessoa aumente sua autoestima, receba amor, respeito e proteção contra abandono. Por isso que muitas vezes as pessoas acabam ficando viciadas em agradar, pois, quando recebem a aprovação de outras, se sentem bem, e elas não querem parar de sentir esse bem-estar.

Se você for esse tipo de pessoa, evitará ao máximo conflitos ou expor uma opinião contrária da maioria das pessoas, já que a sua intenção é sempre agradar. Isso por sua vez pode ser tão prejudicial que você pode acabar se sufocando com seus próprios problemas ou ainda entrando em algum tipo de relacionamento abusivo, onde as opiniões das outras pessoas são sempre mais importantes que as suas. A questão é, evitar conflitos não é uma característica de relacionamentos saudáveis, muito pelo contrário, se engajar em conflitos e expor suas opiniões são coisas extremamente importantes e necessárias para o desenvolvimento de qualquer tipo de relação.

Ser agradável demais pode, a longo prazo, fazer com que as pessoas entendam que você é muito boazinha, logo, elas podem ter a liberdade de fazer o que quiserem achando que está tudo bem. Pessoas muito boas, acreditam sempre no melhor de todo mundo, e que as outras pessoas também são boas, mas na realidade, quando você trata bem uma pessoa que te maltrata com a ideia de que eventualmente ela vai enxergar o seu valor, na verdade, só está a encorajando a te usar como saco de pancadas.

Por que agradar os outros não funciona?

Primeiramente, se a nossa autoestima estiver dependendo da aprovação de outras pessoas, então será sempre algo fora de alcance. Já que nem todo mundo vai gostar da gente ou reconhecer quando estivermos sendo agradáveis, e mesmo se a maioria das pessoas reconhecer, sempre tem uma que vai nos tratar mal, e a nossa autoestima tende a despencar por culpa dessa minoria.

Para obter a aprovação de outras pessoas, é necessário que elas falem o que sentem depois de você a agrada-las, seja uma palavra amiga, um elogio, ou até mesmo uma boa ação em troca. O problema é que raramente alguém vai perceber que você foi legal com ela, e mesmo quando percebe, muitas pessoas acabam não agradecendo ou fazendo nada a respeito, e se elas não falam, você tende a se sentir rejeitado.

Quando persistimos em expectativas regidas sobre como os outros deveriam ser, na verdade, estamos armando uma situação para nos decepcionar e nos deprimir toda vez que essas expectativas não são alcançadas, até porque algumas dessas exigências são irreais e inatingíveis, as pessoas na maioria das vezes não vão agir do jeito que nós esperamos, e precisamos aprender a lidar com isso.

Por incrível que pareça, pessoas boas, na maioria das vezes, tendem a serem vistas não como prazerosas ou agradáveis, mas sim como planas, isto é, são vistas como pessoas que de certa forma não possuem profundidade ou personalidade própria. Em grupos ou organizações, pessoas boas simplesmente não fazem a diferença, e apesar de não atrapalharem ninguém, elas raramente vão te impressionar. Não é atoa que a maioria das pessoas tende a gostar mais dos vilões nos filmes do que dos mocinhos, com a desculpa de que eles são muito mais interessantes.

Resolvendo o problema

Para resolver a compulsão por agradar, precisamos entender primeiro a sua origem. Na maioria das vezes, como já dito anteriormente, essa compulsão está relacionada a pessoas que possuem uma baixa autoestima e utilizam desse comportamento para receberem uma validação externa que servirá como medidor do quanto elas são amadas.

Outro tipo de explicação, é que as pessoas são ensinadas desde pequenas a serem boas umas com as outras, sendo assim, quando crescemos, podemos apresentar uma crença errônea de que se não formos bons, então é porque somos egoístas ou pessoas más, e obviamente, ninguém gosta de se sentir assim, já que a tendência natural do ser humano é sempre fugir de sentimentos ou sensações negativas sobre si mesmo.

Pessoas que apresentam medo de rejeição ou de ficarem sozinhas também são afetadas pela compulsão por agradar, assim, esses comportamentos aparecem como estratégias que uma pessoa utiliza para conquistar amigos ou estabelecer relações.

A compulsão por agradar nada mais é do que uma série de comportamentos utilizados com alguma intenção particular de cada pessoa. O problema todo é que ao realizar essas atitudes, estamos nos colocando, mesmo que sem querer, em armadilhas e piorando mais ainda nossa situação.

Vejamos, se você tem sua autoestima baseada no quanto agrada o outro, logo, se você sente que não agradou o bastante, tende a se culpar e se frustrar. Outro ponto é que se uma pessoa não retribui o seu agrado ou não percebe sua boa ação, a tendência é sempre se culpar ou até mesmo ficar com raiva de uma pessoa, pois ela “não percebeu” o quanto você é boa e se importa com ela, quando na maioria das vezes a pessoa nem tem culpa. Afinal, ninguém tem bola de cristal para adivinhar que precisa suprir as expectativas que você mesmo criou.

Uma coisa que ninguém te fala, é que quanto mais você busca colocar os outros em primeiro lugar, menos você acaba cuidando de si mesmo. O que ironicamente, irá te prejudicar na hora de agradar às pessoas, já que como você espera cuidar delas se não consegue cuidar de você?

Outra coisa que precisamos ter em mente, é que sempre que temos algum tipo de comportamento, precisamos avaliar se ele é funcional ou não, isto é, estamos apresentando um tipo de atitude pois gostamos e nos sentimos bem com ela ou apenas estamos fazendo isso para fugir de algum tipo de sentimento? No caso dos agradadores compulsivos, ser bonzinho demais nada mais é que uma forma de fugir da rejeição, e nem precisa ser muito inteligente para perceber que isso não funciona.

Portanto, tenha em mente que tentar agradar todas as pessoas é uma tarefa cansativa e impossível. Se você se engajar muito em obter a aprovação de todas as pessoas você apenas vai se desgastar e se frustrar atoa.

Tentar fazer com que todos gostem de você apenas aprofundará seu senso de inadequação, pois é algo que nunca irá acontecer, nem todo mundo vai gostar de você e isso é completamente normal, assim como você também não vai gostar de todo mundo.

A fonte de aprovação mais eficaz e duradoura vem de si mesmo, pois se estivermos felizes com quem nós somos, não vamos nos preocupar tanto com quem gosta ou deixa de gostar da gente. Tenha em mente que é natural e necessário agradar às pessoas, principalmente se você tiver um vínculo com elas, porém, é necessário que seja algo mútuo e não unilateral.

Obter a aprovação dos outros também é algo importante e não deve ser deixado de lado, principalmente quando estamos falando da aprovação de pessoas importantes ou que nós amamos, no entanto, você não precisa da aprovação de ninguém para determinar o seu próprio valor.

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natalia
Universo Mental

textos mal escritos que expressam as coisas que eu não tenho coragem de dizer