O que os outros vão pensar de mim?

natalia
Universo Mental
Published in
6 min readJan 21, 2021

Quem nunca deixou de fazer algo que gostaria de fazer por medo do que o outro vai pensar que atire a primeira pedra. Durante muito tempo a minha vida foi assim, e vez ou outra esse sentimento de medo aparece do nada para me assombrar.

Quando a gente busca ajuda sobre esse problema sempre achamos uma solução rápida em qualquer vídeo ou post no Instagram. As pessoas sempre batem na tecla do “Faça isso! Não ligue para o que os outros pensam de você e blábláblá” como se fosse a coisa mais fácil do mundo. É só apertar um botão na nossa cabeça e “Puff” não vamos mais ter medo de nada né?

O que ninguém te conta é como vamos fazer isso. Como vamos parar de nos importar com a opinião alheia?

Acho que o primeiro passo é entender que essa ideia de não ligar para o outro é uma tremenda hipocrisia, a gente liga sim para a opinião do outro e devemos sim levar em consideração o que o outro pensa, não podemos agir como se as pessoas em nossa volta não fossem importantes. O que não podemos fazer é nos submeter a isso. Levar em conta o que o outro pensa para não corrermos o risco de falar algo que possa chatear alguém é extremamente diferente de nos submeter e agir de forma totalmente passiva perante ao outro como se ele fosse muito melhor que a gente.

Me deixe dar um exemplo prático agora sobre o tema. Vamos supor que você vai apresentar um trabalho e automaticamente algo na sua cabeça diz que você vai morrer de nervoso, que os outros vão rir e que vai dar tudo errado. O primeiro passo é pensar o porquê disso. Por qual motivo você tem essa crença de que tudo vai dar errado? Quem foi que disse que as pessoas vão rir? Você por acaso tem bola de cristal ou é algum tipo de vidente para prever algo que ainda nem aconteceu? Pois é, eu sei que eu não deveria jogar isso na sua cara mas é necessário. É só fazer uma simples reflexão que percebemos que todo esse medo simplesmente não faz sentido nenhum.

Da onde vem esse medo?

Aqui vai mais uma verdade que ninguém quer admitir: nós estamos sempre julgando o outro e por isso achamos que vão nos julgar da mesma forma. E talvez até vão mesmo, vão falar do tipo de roupa que você veste, das suas crenças e até mesmo do tipo de música que você escuta. Mas sabe de uma coisa? Isso depois passa. É como se você visse uma mulher tropeçando na rua e por um segundo você a julga. Seja rindo disfarçadamente ou pensando que foi um mico, mas no dia seguinte nem do rosto da mulher você se lembra mais, certo? De qualquer forma não faz diferença pois no fim do dia estaremos mais preocupados com nós mesmos do que com o outro.

SEMPRE estaremos mais preocupados com nós mesmos do que com as outras pessoas e a prova disso é que o medo que sentimos do outro vem das nossas próprias inseguranças. Tá vendo? Tudo gira em torno de você no final das contas. O julgamento de que eu não sou boa suficiente vem de mim antes de outra pessoa me falar, sou eu que estou supondo que ela vai falar algo justamente porque tenho essa insegurança. No fim das contas quem está te julgando é você, ou uma parte de você que podemos ilustrar como uma figurinha de um diabinho no seu ombro.

Essa nossa insegurança nos faz cair em duas armadilhas, a primeira é que provavelmente vamos trabalhar para que aquilo que temos medo ou estamos inseguros, se torne o mais perfeito possível antes de mostrar para o outro, e só iremos mostrar quando aquilo estiver bom o suficiente pois dessa forma não tem como recebermos avaliações negativas, é o famoso, “Vou fazer isso quando estiver pronta.” A segunda armadilha é o oposto, a ficha finalmente cai de que algo nunca ficará bom o suficiente para o outro, e então desistimos e nos escondemos para nos livrar do julgamento negativo.

O fato é que precisamos entender que nunca algo ficará bom o suficiente para o outro ou até para nós mesmos. Isso acontece pois nos submetemos a alcançar um padrão muito alto de perfeição até ficar a altura do outro. Um ideal que nunca será alcançado justamente porque é impossível e alto demais para ser feito. Quanto mais tentamos alcançar esse ideal, mais vamos nos machucar e nos sabotar pois vamos nos pressionar até conseguirmos, e no final vamos nos frustrar pois aquilo não deu certo.

Como vamos resolver isso?

Seguiremos os seguintes passos:

  1. Aceitar que nunca vamos nos sentir “prontos o suficiente” para a validação do outro, pois nossas expectativas na maioria das vezes são irreais e nós não somos seres perfeitos.
  2. Não fingir que os pensamentos negativos e o medo do julgamento não existem. Até porque eles estão aí, e reprimir não vai fazer com que eles sumam magicamente. Precisamos aceitar que temos medo e ir fazer algo mesmo com o diabinho no nosso ombro tentando nos sabotar.
  3. Não ter medo de se expor ao “ridículo”. E daí se por acaso eu errar uma fala no trabalho e alguém rir de mim? Qual o problema se alguma pessoa pensar que o meu jeito de dançar é estranho ou que aquele corte de cabelo não ficou bom em mim? O problema é todo dela, e não meu.
  4. Aprender que a gente cresce através do erro, então se nos escondermos por medo de errar e o outro julgar, nunca vamos realmente aprender. Não tenha vergonha de errar, e sim de não fazer nada por medo do que uma pessoa que provavelmente não sabe nada sobre você pensa.

Coisas que ninguém te conta sobre o medo de ser julgado:

  1. Você não é tão importante assim: As pessoas estão muito mais preocupadas com as falhas delas do que com as suas. Tire por você mesmo, quando vai apresentar um trabalho, presta mais atenção nos seus possíveis erros ou fica de plantão para ver se um coleguinha seu vai errar?
  2. Comece primeiro e peça opiniões depois: Às vezes por medo de desagradar alguém, temos a tendência de checar a sua opinião antes de fazer algo, mas o problema é que a maioria das pessoas estão doidas para te ver fracassar em algo e não vão pensar duas vezes antes de te botar para baixo falando que aquilo não vai dar certo.
  3. Calcule o preço de ficar parado: Depois de ter lido esse texto não tão bem elaborado você decide que vai continuar paralisado e com medo do outro, e tudo bem. Mas isso obviamente vai gerar consequências, não vai ter um dia que o seu diabinho não vai te sabotar falando que era melhor você ter feito aquilo que você queria e que você é uma pessoa covarde que se esconde dos desafios da vida ou coisa do tipo. (confesso que essa doeu um pouco em mim)

(um mini epílogo)

Quando eu comecei a escrever eu ficava me censurando o tempo todo, pois achava que algumas coisas que eu queria falar poderiam afetar outras pessoas. Eu pensei em escrever de um jeito em que determinados tipos de pessoas iriam se sentir bem, mas depois fiquei com medo de que outras poderiam não gostar, e eu ficava nesse loop de mudar toda hora os textos até chegar em um nível em que eu poderia agradar literalmente todos os tipos de pessoas, e ao mesmo tempo não me expor muito para não ser julgada. Aconteceu que eu acabei não escrevendo nada e de tanto eu mudar e mudar eu acabei deixando de agradar a pessoa mais importante dessa história toda, que sou eu mesma. Como assim eu escrevo com toda a minha singularidade e ao mesmo tempo eu tenho que passar uma borracha em algumas partes com medo do que uma ou outra pessoa que ler possa pensar? Isso não é justo. Não estou apagando só uma parte de um texto, estou apagando uma parte de mim também.

Até quando vamos nos apagar? Até quando deixaremos o outro ter influência sobre nós? Ou melhor, até quando nós seremos o nosso maior inimigo?

Por: Natália Barbosa

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textos mal escritos que expressam as coisas que eu não tenho coragem de dizer