Por que buscar pela felicidade constante não é algo bom?

Ficou confuso? Vem dar uma lida nesse texto

natalia
Universo Mental
6 min readMay 8, 2021

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Arte por: Jay

“O verdadeiro propósito da vida é buscar a felicidade.”

Mas afinal, o que é a felicidade? Felicidade de maneira geral é sentir-se bem. Em outras palavras, sentir prazer, alegria ou satisfação. Todos nós gostamos desses sentimentos, portanto não é novidade que procuremos por eles. Entretanto, bem como todas as outras emoções, sentimentos de felicidade não duram. Eu aposto que quando um sentimento de felicidade te escapa, você vai correndo buscar por ele novamente, afinal não queremos ficar tristes. O que não te contaram é que essa busca incessante por esses sentimentos prazerosos pode ser capaz de tornar a nossa vida insatisfatória, pois quanto mais procurarmos por esses sentimentos agradáveis, mais estaremos propensos a sofrer de ansiedade por buscar por eles.

Toda vez que tentarmos manter uma sensação de bem estar permanentemente, estaremos fadados ao fracasso.

Antes de entender mais sobre a felicidade, precisamos entender primeiro a tristeza, que nada mais é que um sentimento saudável e natural da vida que geralmente tem um fim. Se ela não passar deveremos nos preocupar, pois ela pode acabar virando um quadro depressivo. Portanto, como definição, a tristeza é um sentimento e a depressão uma doença. Ficar triste é uma condição normal da vida. Esse sentimento está ligado à vivência de situações que geram angústia ou frustração. Sentir desânimo e tristeza depois de perder um emprego ou terminar um relacionamento, por exemplo, é comum.

Quando nos sentimos tristes, às vezes sem motivo, ou às vezes por um motivo que consideramos “bobo” logo nos sentimos culpados. Afinal, não estão todos felizes?

Engano seu, nós nunca sabemos 100% o que se passa na vida do outro, e esse outro, obviamente, não vai compartilhar quando estiver triste. Afinal, para muitos, a tristeza é sinônimo de fraqueza, por isso temos quase que a obrigação de ser ou parecer feliz o tempo todo, virando assim uma obsessão ao ponto de causar angústia.

O fato de que todos parecem estar felizes a nossa volta, faz com que nós nos forçamos a parecer também, mesmo quando no fundo não estamos. Não é muito incomum ficarmos envergonhados ao abrir nossos sentimentos até mesmo para um amigo, isso acontece pois nos achamos fracos ou vulneráveis demais, e aquele nosso amigo não pode pensar que somos assim, que temos essa “falha”. Tanto é que quando alguém nos revela que sente alguma tristeza parecida com a nossa, sentimos até um pouco de alivio, pois descobrimos que não é só a gente que se sente assim.

Para ficarmos felizes, geralmente tentamos controlar as coisas que sentimos, é o famoso “pense positivo!”. Essas estratégias de controle por sua vez consomem muito tempo e esforço e, a longo prazo, se mostram ineficazes. Quer um exemplo? Suponhamos que alguém te disse que para ser feliz você precisa de ter um hobby, ter um animalzinho de estimação ou até mesmo aprender um novo idioma. E lá vai você fazer todas essas coisas como se houvesse uma receitinha pronta para a felicidade. Mas aqui está o erro, você está fazendo todas essas coisas por que quer e realmente se sente bem com elas ou para fugir de sentimentos desagradáveis como a tristeza?

Todas as atividades podem ser recompensadoras se forem realizadas pela importância que tem para você. Se forem utilizadas apenas como recursos para fugir de pensamentos e sentimentos desagradáveis, é possível que não funcionem. Já que é difícil aproveitar algo quando nossa mente está focada em escapar de uma ameaça.

Para resumir, aprendemos então que a felicidade não é duradoura, ela está relaciona a sentimentos de bem estar, e esses sentimentos só são possíveis se vivenciarmos eles por querer, e não para fugir da tristeza. No entanto, precisamos entender que a tristeza faz parte da vida, e é praticamente impossível buscar ser feliz sem a capacidade de passar por uma situação desagradável, todos nós em algum momento precisamos passar por alguma situação que não gostamos. Não tem como ver a paisagem no alto da montanha sem antes passar pela dor que é subi-la.

Estar infeliz é mais do que natural e necessário. A tristeza é um dos raros momentos que nos permite reflexão e uma possibilidade de nos conhecer melhor, de saber o que queremos, do que gostamos. Assim como a dor e o medo, a tristeza nos ajuda a sobreviver. Até porque se não sentíssemos medo, poderíamos nos jogar de um penhasco, certo?

Agora que você já entendeu isso tudo, deve estar se perguntando: “Como faço então para ser feliz? Será que não tem como?” Ora, lógico que tem, mas talvez você só esteja indo pelo caminho errado. Como já vimos, essas estratégias que usamos tendo como objetivo escapar da tristeza são ineficazes, para ser feliz precisamos de mais do que isso, precisamos entender o que a gente gosta, o que nos faz bem, o que realmente queremos fazer do fundo do nosso coração.

Por sorte, a resposta para tudo isso não está na busca da felicidade em si, mas nos nossos valores. Os valores são os anseios mais profundos do nosso coração, como queremos ser, as ideias que defendemos e como queremos nos relacionar com o mundo a nossa volta. São os princípios norteadores que nos guiam e nos motivam a prosseguir e nos mover através da vida. Estes sim são capazes de nos trazer os sentimentos de felicidade que tanto queremos.

Quando vivemos uma vida tendo como base nossos valores, temos a tendência de não sonhar tão alto, mas sim de estabelecer metas alcançáveis reconhecendo nossos pontos fortes e fracos e o que é possível naquele momento.

Agora vamos para um breve exercício, vamos usar como exemplo uma vida guiada pela busca pela felicidade constante. Suponhamos que você tenha o sonho de ter uma casa, e você acredite que somente será feliz quando conseguir tê-la. Sendo assim, você viverá a sua vida inteira correndo atrás desse sonho, o que não é totalmente ruim, mas pode ser que você passe muito mais tempo pensando nesse sonho do futuro do que vivenciando o presente, além do mais, caso você não consiga cumprir com esse objetivo provavelmente se sentirá frustrado ou infeliz. Agora vamos pensar a mesma situação, mas dessa vez tendo como base os valores que aprendemos. Suponhamos que você ainda tenha o sonho de ter uma casa, agora se pergunte o valor dessa coisa, por qual motivo você quer ter essa casa? Se a resposta te levar a algo significativo, você estará no caminho certo. Vamos supor que a sua resposta foi “Quero ter uma casa para cuidar da minha família”. Pronto, você encontrou o valor, porém cuidar bem da sua família é algo que você pode fazer desde já, certo? Não precisa necessariamente de uma casa para isso.

O que quero dizer é que devemos sim ter metas e sonhos, mas não focar toda a nossa felicidade somente naquilo, precisamos antes identificar o valor que há por trás desses sonhos e nos perguntar: O que posso fazer agora? Com certeza iremos encontrar pequenas atitudes que nos fará ter momentos felizes antes de alcançarmos essas metas de fato. Se embarcarmos nessa definição limitada de felicidade, estaremos condenados a uma vida centrada em metas e de um sentimento de vazio toda vez que alcançarmos elas. Portanto, experimente considerar uma nova definição de felicidade que é viver segundo os valores.

Para que fique mais claro, no exemplo anterior, cuidar melhor da família é um possível valor que foi identificado através da meta de ter uma casa. Esse valor de cuidar da família pode ser realizado de diversas formas, assistindo um filme em um fim de semana, saindo para um lugar que nunca foram antes, cozinhando algo novo para seus pais ou algo do tipo. Por fim, espero que você pense e reflita sobre suas metas, sobre as coisas que você acha que te levarão a felicidade, e logo após, identifique o valor que há por trás, quando achar esse valor pense nas coisas que podem ser feitas agora, no presente, vivendo um dia de cada vez, sem pensar tanto no futuro e na tal felicidade ilusória. E se por um acaso achar que nada pode ser feito, pense no que está faltando para que tal atitude comece a ser feita de fato, e inicie a partir disso. Boa sorte!

Por: Natália Barbosa

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natalia
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textos mal escritos que expressam as coisas que eu não tenho coragem de dizer