Por quem nos deixamos influenciar

natalia
Universo Mental
Published in
7 min readMay 25, 2020
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Geralmente, quando vamos pesquisar acerca das problemáticas do Instagram, pensamos logo nos likes, nos influencers, na falsa felicidade que algumas pessoas transmitem na plataforma e de como tudo isso afeta a nossa saúde mental. Porém, ao pesquisar sobre, quase nunca achamos algo que fale sobre a nossa responsabilidade nisso tudo. Tendo isso em vista, resolvi dissertar sobre.

Até onde podemos controlar as pessoas que seguimos?

Ei você! Você mesmo! Eu aposto que você com certeza segue algum famoso no Instagram, pode ser um cantor, uma atriz que você gosta, um Youtuber ou até mesmo um Ex-BBB. Ou tudo isso junto.

Sabe qual o problema disso tudo? Nenhum. Podemos seguir quem a gente quiser, mas estava pensando acerca do porquê. Por que seguimos essas pessoas? É porque são bonitas? Engraçadas? Nos inspiram? Ou porque tá todo mundo seguindo?

Após fazer essa análise sobre as pessoas que eu mesma sigo, cheguei a conclusão de que eu precisava fazer uma limpa, caso contrário eu iria adoecer.

Esses dias eu estava vendo um vídeo no Youtube de uma garota mostrando a sua rotina semanal, até então nada de errado, até que eu percebi que a menina era a famosa “branca, rica e padrão”. Eu fiquei em choque vendo que a menina conseguia manter uma rotina estruturada de estudos, conseguia sair várias vezes no meio da semana, jantava nos restaurantes mais caros, tinha centenas de amigos, estudava em uma escola particular, fazia cursinhos e tudo mais. Eu achei o conteúdo legal, mas no fundo fiquei pensando em como aquilo era diferente da minha realidade, e como que a menina conseguia ter milhares de seguidores mostrando uma rotina que poucos brasileiros tem acesso. Eu já estava pronta para falar mal do tipo de conteúdo que ela produzia e militar de todo jeito sobre essa realidade irreal e como aquilo podia afetar a saúde mental de algumas pessoas. Mas eu percebi que eu estava botando uma menina que deveria ter uns 15 anos como culpada de algo, até eu perceber que eu também tinha culpa, pois se aquilo me fazia mal de alguma forma, por que eu continuava assistindo?

Eu percebi que eu não posso botar toda a culpa de alguns problemas que eu possa ter nas costas de alguém que nem me conhece.

Depois de entender isso, a dúvida ainda continuava. Por que raios seguimos e acompanhamos a vida de uma pessoa que não tem nada a ver com a gente? E o melhor de tudo, por que para algumas pessoas esse tipo de conteúdo faz mal e para outras faz bem? E outra, será que faz bem mesmo, ou só estamos alienados perante a uma vida que na verdade não existe?

Tanto no Youtube como no Instagram, as pessoas estão por aí mostrando como as suas vidas são interessantes e esses vídeos acabam chamando atenção, pois vem de uma porcentagem de pessoas que são ricas, ou seja, que apresentam um estilo de vida que a maioria das pessoas não tem, sendo assim a gente sente a famosa invejinha e ficamos com uma certa curiosidade de acompanhar aquela vida um tanto incomum.

O que nos faz passar tanto tempo acompanhando a vida de uma pessoa, talvez seja, porque no fundo, bem no fundo, queremos ter a vida dela, e pelo fato de não conseguirmos ter a famosa vida dos sonhos, a gente se contenta em ver alguém tendo essa vida por nós, pois de alguma forma a gente acaba projetando nossos desejos em uma outra pessoa, assim a gente consegue fantasiar como seria se fôssemos nós ali. O problema é que vez ou outra a gente acha que assistir esse tipo de conteúdo nos faz bem, quando na verdade a gente tá é achando que aquele é o tipo de vida ideal, mesmo que inconscientemente.

Uma hora ou outra vamos nos frustrar porque não conseguimos comprar tal produto ou usar tal roupa e nem vamos parar para pensar que foi graças a essas pessoas que passamos o dia assistindo, que acabaram falando em algum momento que a gente tinha que comprar aquele produtinho. Essas informações grudam em nosso inconsciente e antes que você perceba já está lá querendo ser igual aquela pessoa, mesmo que essa não tenha sido a sua intenção quando começou a segui-la.

Se estamos o tempo todo em contato com um determinado tipo de pessoa, é natural que a gente queira se comportar que nem ela. O problema é que essas pessoas, principalmente as mais famosas, fogem e muito da nossa realidade.

É muito fácil culpar a sociedade pelos nossos problemas, e não estamos errados, ela tem culpa mesmo. Porém, não podemos nos desvincular da sociedade, pois vivemos inseridos nela, obviamente ela exerce um poder gigante sobre nós, mas, e a nossa bolha do Instagram? A gente pode e deve se desvincular dela e de tudo aquilo que nos faz mal.

Não adianta criticar os influencers se você se deixa influenciar por eles. Nós temos sim uma porcentagem de responsabilidade acerca de quem a gente se deixa influenciar. É lógico que, parar de seguir aquilo que não te faz bem não vai fazer os seus problemas desaparecerem magicamente, mas é um grande primeiro passo.

Começando por mim mesma, eu sigo tantas pessoas que passam o dia inteiro mostrando como as suas vidas são perfeitas e fico o tempo todo me culpando por não ser igual a elas, sendo que tudo poderia ser simplesmente resolvido com um simples clique para parar de seguir.

Mas só parar de seguir não basta, precisamos nós cercar de pessoas que tem a ver com a gente, seja dentro ou fora de uma rede social.

Tá, tá, como fazemos isso então?

Bom meninas (desculpa não podia perder a piada), vocês precisam de uma coisa que pode ser difícil para a maioria das pessoas, chamada autoconhecimento.

Pois é, precisamos nos conhecer melhor, ou seja, precisamos conhecer o tipo de conteúdo que gostamos, que nos faz bem, e que nos inspira. Precisamos seguir perfis que tenham a ver com o modo de vida que podemos ter e não com coisas irreais. E se por acaso seguimos uma pessoa mega famosa que não tem nada a ver com a gente, precisamos ter certeza de que acompanha-la será algo saudável. Se começarmos a sentir que precisamos mudar coisas em nós mesmos, se começarmos a sentir a necessidade de censurar algum tipo de comportamento ou até mesmo de comprar alguma coisa que não precisamos, significa que aquilo não é saudável. Rede social nenhuma pode nos fazer sentir inveja, desconforto ou qualquer coisa do tipo, isso não é normal!

Depois de dar o famoso unfollow em alguns perfis, eu comecei a seguir outros que eu poderia me identificar sem me adoecer. Eu atualmente curso psicologia, logo, eu comecei a seguir alguns profissionais da área para entender melhor como funciona a sua rotina e para me inspirar como futura profissional. Sobre as outras áreas da minha vida como moda e escrita, eu sempre procuro estar perto de pessoas que escrevem de um modo que eu consiga me identificar e perfis relacionados a moda de pessoas que tem basicamente o mesmo gosto que eu, e não perfis famosos que vão usar determinado tipo de roupa de acordo com uma marca específica. Tenho que sempre partir do que eu acho bonito, caso contrário eu vou me sentir compelida a usar aquela roupa pois todos os influencers que eu sigo estão usando. Entenderam o problema?

Outra coisa que eu aprendi, é que não necessariamente eu tenho que parar de seguir todo mundo que tem um padrão de vida diferente, às vezes eu posso adaptar os conteúdos deles com a minha vivência. Por exemplo, se uma influencer posta o seu café da manhã reforçado com todas as frutas que existem no mundo, eu posso me inspirar a fazer um café da manhã reforçado também, mas que seja adequado a minha realidade, onde provavelmente vai ter no máximo uma fruta, e tem dias que não terá nenhuma. Ou seja, aprendi que eu posso também adaptar as coisas que eu vejo na internet na minha realidade.

São essas as coisas que eu aprendi, por mais básico que seja, eu aprendi a seguir e me deixar influenciar por pessoas que tenham a ver comigo de alguma forma, e não por qualquer pessoa famosa por aí mostrando a sua vida, pois para mim pouco interessa. Eu não preciso ficar vendo a rotina de uma pessoa rica se aquilo não vai me acrescentar em nada no final do dia, muito menos preciso ficar olhando uma rotina de um conhecido que não é rico e nem famoso, mas que também não vai me acrescentar em nada. Para que perder tempo com a vida dos outros se eu posso viver a minha? O tempo que eu gasto assistindo uma pessoa que não tem nada a ver comigo eu poderia gastar seguindo outras pessoas que me inspiram e que realmente acrescentam algo para mim, ou simplesmente tentando ser essa pessoa para alguém.

No fim, ninguém tem culpa de mostrar a sua vida para alguém através das redes sociais, mas você também não é obrigado a seguir e acompanhar só porque tá todo mundo acompanhando.

Eu entendo que nem todo mundo fica mal vendo a vida dos outros, mas mesmo que você não fique, creio que também você não fique feliz e super animado acompanhando a vida de alguém. Nossa, caramba! Olha que legal a vida dessa pessoa fazendo coisa de rico, que conteúdo divertido, nada nunca visto antes!

Eu penso que se algo não te acrescenta em nada, também não fará falta. Precisamos nos conhecer e seguir pessoas que nos fazem bem, que nos inspiram, sejam elas cantores, atrizes ou até mesmo uma pessoa que você conheceu esses dias na internet, pessoas que realmente acrescentam em algo, e quando eu falo acrescentar, não é como se essa pessoa fosse te ensinar uma fórmula de uma conta de matemática para você usar numa prova, eu falo de pessoas que nos ensinam algo para a vida, nem que seja uma pessoa que não faz nada demais, mas ela faz você se distrair um pouco depois de um dia ruim, e isso também é um acréscimo. O fato é que, a internet de modo geral, precisa ser um lugar saudável para você, e não tóxico, visto que passamos grande parte do nosso tempo nela.

E aí, fez sentido pra você?

Por: Natália Barbosa

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textos mal escritos que expressam as coisas que eu não tenho coragem de dizer