Julia Salgado Benning.
Universo Ametista
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3 min readMar 13, 2018

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Às vezes a gente faz um esforço tremendo para parecer algumas coisa que não somos por dentro. E eu nem estou falando sobre essência, estou falando sobre sentir.

Se não nos mantemos vigilantes, é muito fácil ser puxado para baixo no dia-a-dia. Nossa comunidade está longe de ser positiva e como o ser humano foi feito para conviver em comunidade, ser atingido diretamente pela negatividade do ambiente é uma questão de tempo — um bem curto. Existe uma pressão inata pelo sucesso. Isso talvez porque a classe média brasileira voltou a ser nada mais que pessoas de baixo poder aquisitivo lutando com unhas e dentes para ter um pouco mais que apenas o básico.

E, não me entenda mal, não existe nada de ruim em lutar com unhas e dentes por nada. Mas existe um mal latente na forma como andamos lutando. Existe um mal profundo se formando sempre que você simplesmente esperneia por algo que nem você sabe o que é. E é para isso que estamos sendo direcionados geração após geração. Somos estimulados a sermos peões girando apenas por girar, apenas porque a única coisa que sabemos é que não podemos parar. Mas, para onde estamos indo?

Acumulando cansaço, acumulando frustrações e estresse. Para onde estamos indo? Certamente não é o futuro, certamente, isto me cheira muito mais à podridão do abismo. Talvez você conquiste uma casa legal e uma viagem por ano, mas olhe para dentro de si e não precisa me responder. Vale à pena? Mesmo? Será você saudável mental, emocional e fisicamente? Será você capaz de desfrutar dos ganhos materiais no ritmo em que está?

É uma questão simplíssima. Se você passa a sua semana implorando pela sexta-feira e se quando ela chega a única coisa que você é capaz de sentir é exaustão, tem alguma coisa errada. Se por uma convenção social você se força a sair e para não perder o brilho você sente que tem que tomar alguma coisa, pra dar energia, para relaxar: tem alguma coisa MUITO errada.

Se você pratica algum exercício físico para estar apresentável diante do seu meio social, mas esta atividade te exauri ao invés de te levantar. PARE. Você está caminhando para o abismo.

Se você mal consegue se lembrar do que comeu, se você não passa nenhum tempo de qualidade com o seu pet, se você está se isolando cada dia mais porque não lhe resta nada além de cansaço… já sabe.

Nós, seres humanos, precisamos sim de um objetivo, precisamos sim construir o nosso presente e almejar um futuro melhor. Projetos, sonhos, são parte crucial de estar vivo. E, claro, nada cai do céu. É preciso movimento!

Apenas note que eu não disse “luta” e nem tão pouco “trabalho”. E não o fiz por estarem erradas estas palavras, não o fiz apenas por seu significado adquirido no tempo presente. Ambas, hoje, remetem à exaurimento e sacrifício, que geram uma energia muito negativa a qual seu cérebro e seu corpo irão, irremediavelmente, reagir.

Então, movimente-se! Trilhe os caminhos necessários, sim. Planeje. É mister, afinal. Mas tenha em mente que toda a máquina precisa parar, esfriar. Toda a tecnologia precisa ser reinventada. A máquina humana não é diferente.

Então pare. Pare todos os dias.

Leia uma bobagem, aprecie a paisagem, note que, ainda bem, você respira. Medite se possível. E tenha sempre em mente que você nunca terá nada se primeiro de tudo, não estiver vivo.

E, claro, lembre-se que tudo isso é retórico. Está dentro de você.

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Julia Salgado Benning.
Universo Ametista

Advogada, ambientalista, apaixonada pela existência humana, prosa poética, fantasia e mais um monte de coisa. Acredito que palavras mudam o mundo.