A inesperada matemática por trás de Van Gogh

Wagner Brenner
updateordie
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2 min readApr 6, 2016

Noite Estrelada é uma das mais conhecidas pinturas do artista holandês pós-impressionista Vincent van Gogh. Foi criada aos 37 anos, enquanto esteve em um asilo em Saint-Rémy-de-Provence, após o episódio psicótico que o levou a mutilar a própria orelha. Ao contrário de muitas outras de suas obras, A Noite Estrelada foi pintada de memória e não a partir da vista correspondente de uma paisagem. Durante sua estadia no asilo, Van Gogh se dedicou a pintar sobre todas as paisagens da região de Provence. É nesse período que o artista rompe com o que se poderia chamar de fase impressionista, desenvolvendo um estilo muito particular, no qual prevalecem fortes cores primárias, tais como o amarelo, para as quais van Gogh atribuía significados seus.

A paisagem retratada mistura o real com imagens da sua memória, como uma igreja tipicamente holandesa. É notável o contraste entre a calma da pequena vila representada e o caos celestial. Os ciprestes são o elo de ligação entre a terra e o céu. A obra é dividida no plano horizontal pela linha do horizonte e no plano vertical pelo cipreste. O povoado longínquo, de pequenas casas, contrasta fortemente com o cipreste em primeiro plano que se destaca e ajuda ao equilíbrio da composição As pinceladas são curvilíneas, e integram-se de maneira rítmica sobre a superfície da pintura. Estrelas brilhantes pulsam como mini-sóis. Ondas luminosas cortam o centro da tela, parecendo ter vida própria. No canto superior direito, chama a atenção a lua que ganhou feições de um sol que transforma em quase dia. Enquanto isso, o vilarejo, com a sua igreja de torre alta, parece adormecer alheio ao céu estrelado cheio de explosões emotivas de Van Gogh.

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O físico Werner Heisenberg disse: “Quando eu me encontrar com Deus, eu vou fazer-lhe duas perguntas: por que a relatividade? E por que turbulência? Eu realmente acredito que Ele vai ter uma resposta para a primeira.”

A turbulência é um movimento complexo, caótico e imprevisível de um fluido. Foi caracterizado como um “estado de instabilidade contínua”. Frequentemente ela é caracterizada como a etapa final de uma sequência de instabilidades. Em outras situações, como no escoamento em um cano, ela surge e desaparece erraticamente.

Por mais difícil que seja a turbulência o desafio é entende-la matematicamente. Podemos usar a arte para mudar a maneira como vemos a turbulência. Natalya St. Clair ilustra como Van Gogh captou este mistério profundo do movimento, fluido e luz em seu trabalho.

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