Duas histórias curtinhas e reais para exemplificar carma

Wagner Brenner
updateordie
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4 min readMar 15, 2016

Duas histórias curtinhas e verídicas, para serem lidas em sequência e que exemplificam bem o princípio plantou-colheu. Ou, “karma is a bitch”.

Vamos à elas:

HISTÓRIA 1

El cappo de tutti capi

Você deve conhecer o Al Capone. O mais famoso chefão da máfia, que mandou em Chicago durante os anos 20. Cometia todo tipo de crime, como assaltos, assassinatos, tráfico, prostituição… tudo. Mas sempre conseguiu escapar da lei, durante muitos e muitos anos.

Muita gente não sabe, mas Al devia praticamente todo seu sucesso ao seu advogado, um tal de “Easy Eddie”. O cara era um craque e sua especialidade era achar o buraco na lei que manteria seu chefe solto. Para mostrar sua consideração, Capone o remunerava muito bem, não apenas em cash mas também com presentes especiais, como a mansão gigantesca que ocupava um quarteirão inteiro no bairro mais nobre de Chicago, onde morava com a família e diversos empregados e seguranças.

Mas Eddie tinha uma questão mal-resolvida. Ele era completamente apaixonado pelo filho. E apesar de proporcionar a ele uma vida de rei, havia duas coisas que não poderia oferecer: um bom nome e um bom exemplo. Eddie queria que seu filho fosse um homem correto, melhor do que ele. E se esforçava para educá-lo através de bons exemplos. Um dia, esse dilema ficou insuportável e o easy Eddie tomou uma decisão difícil. Ele queria reparar todo o mal que havia feito e resolveu entregar Al Capone para as autoridades, limpar o seu nome e deixar um mínimo de integridade moral como exemplo para seu filho. Ele sabia muito bem o preço alto dessa decisão, mesmo assim foi em frente e, depois de um ano, foi encontrado morto. Em seu bolso havia um terço e um santinho anexado com um clipe a um poema, recortado de uma revista:

“The clock of life is wound but once, and no man has the power to tell just when the hands will stop, at late or early hour. Now is the only time you own. Live, love, toil with a will. Place no faith in time. For the clock may soon be still.”

HISTÓRIA 2

Butch O’Hare colecionando carimbinhos japoneses

A segunda Guerra Mundial produziu muitos heróis.

Um deles foi Butch O’Hare, piloto de caça do porta-aviões Lexington, que navegava pelo Pacífico Sul. Um dia, toda a esquadrilha foi convocada para uma missão. Logo depois de decolar ele percebeu que o ponteiro de combustível estava baixo, alguém esqueceu de colocar a tampa no tanque. Seria impossível completar a missão e retornar ao navio. O líder da esquadrilha ordenou que retornasse. Relutante, ele saiu da formação.

De repente, no caminho de volta, ficou paralizado: avistou do alto um agrupamento de caças japoneses, que voavam baixo e em alta velocidade em direção ao porta-aviões que, sem a esquadrilha, ficava indefeso. De onde estava, não era mais possível se comunicar com seus colegas, nem com o navio. Butch sabia que diante de certas situações, não há a possibilidade da omissão, como aprendera desde criança. Sabia que precisava fazer alguma coisa. Não podia deixar que aqueles aviões chegassem até seu navio. E, sem pensar duas vezes na sua própria segurança, mergulhou em direção ao japoneses, disparando todo seu arsenal de armas e toda a munição que carregava para sua missão, só que agora em um ataque suicída.

Derrubou um avião inimigo logo de cara e um outro, segundos depois. A formação se desfez sem saber o que estava acontecendo e antes que pudessem reagir, Butch continuou manobrando entre eles, disparando tiros certeiros até que bateram em retirada. Ao pousar em seu navio e reportar o acontecido, o filme da câmera frontal de seu avião foi revelado e mostrou um ataque implacável e o quanto Butch havia sido audacioso, conseguindo derrubar 5 aeronaves inimigas e salvando assim centenas de vidas à bordo. Aquele 20 de fevereiro de 1942 jamais foi esquecido. Por seu feito, Butch foi condecorado como o primeiro “ás” da marinha e o primeiro piloto naval a receber uma medalha de honra na Segunda Guerra. E um ano depois, com apenas 29 anos de idade, Butch morreu em combate. É dele o nome do “O’Hare Airport Chicago”, onde existe um memorial até hoje, entre o terminal 1 e 2, com essa medalha e uma estátua deste grande herói de guerra que salvou tanta gente.

Opa, mas peraí. E o que tem a ver uma história com a outra?

Ah é.

Sabe o Butch O’Hare?

Filho do Easy Eddie.

saw

[via]

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