Kintsugi — A arte de abraçar a imperfeição
Kintsugi é um estilo de arte japonês em que peças de cerâmica quebradas são “consertadas” mas com todas as suas rachaduras aparentes e destacadas.
Kintsugi também se transformou em uma filosofia de vida: aceitar a imperfeição e enxergar rachaduras e cicatrizes como algo belo. Um prato de cerâmica pode ser feito idêntico infinitas vezes, mas não existem dois pratos que se quebram da mesma forma.
Assim, cada objeto torna-se único por meio de suas falhas.
Em tempos de produção industrial mecanizada é super difícil haver falhas, mas elas aparecem. Quando não são descartadas, algumas acabam valendo milhões por serem, que incrível, únicas.
Então, se é válido pra tanta coisa, de pratos de cerâmica a selos postais, talvez seja interessante pensar em nós mesmos sob a ótica Kintsugi.
Pra que buscar a perfeição e limar cara um de nossos detalhes imperfeitos, aparar cada aresta, remover cada cicatriz?
Aliás, cicatrizes são história. As menores, alguma arte a infância. As maiores, uma prova de que se é um sobrevivente.
Um exemplo pessoal: qualquer uma das minhas tatuagens pode ser copiada por algum tatuador por aí. mas as pequenas falhas, que eu tanto odiava quando apareceram, logo me cativaram por serem únicas. Aquele tantinho de tinta que saiu do risco, aquele espacinho branco no meio daquele monte de preto…
Eu SEI que nenhuma outra tatuagem, em nenhum outro lugar do mundo, vai ter esses pequenos detalhes.
Então eu abraço cada um deles. Oras, quer alguma coisa que seja mais única, pessoal e intransferível do que isso?
Falar que ninguém é perfeito é um elogio: cada um de nós tem aí uma chance incrível de ser único.
(o vídeo em destaque é do meu canal favorito do Youtube atualmente)