O ano mais bunda do Super Bowl?

Wagner Brenner
updateordie
Published in
4 min readFeb 7, 2016

[su_heading size=”24" align=”left” margin=”0"]2016 já está sendo considerado o ano menos criativo para a publicidade no Super Bowl. O que será que aconteceu?[/su_heading]

“PLAY IT SAFE”

Não, não é uma frase do árbitro do jogo. É o mantra dos anunciantes desta 50ª edição do Super Bowl. Um desfile de testemunhais com gente famosa, animais e bebês cantando, tributos oportunistas e os mais baixos truques publicitários que atestam definitivamente a total falta de criatividade e originalidade do break mais caro do mundo. Claro, são divertidos. Mas poderiam ser mais.

Dá uma olhada nessa lista de comerciais com celebridades:



Advertiser
Spot
Celebrity
Type


Acura
What He Said
Van Halen (song)
Musician


Amazon Echo
Snack Stadium
Alec Baldwin
Actor


Dan Marino
Athlete


Amazon Echo
Cheese Footballs
Alec Baldwin
Actor


Francis Dumaurier
Actor


Apartments.com
Moving Day
Jeff Goldblum
Actor


Lil Wayne
Musician


Audi
Commander
David Bowie (song)
Musician


Avocados From Mexico
AVOS in Space
Scott Baio
Actor


Bud Light
The Bud Light Party
Amy Schumer
Actor


Michael Pena
Actor


Paul Rudd
Actor


Seth Rogan
Actor


Bud Light
Party Message
Michael Pena
Actor


Bud Light
The Bud Light Party is Coming
Amy Schumer
Actor


Seth Rogan
Actor


Budweiser
Give a Damn
Helen Mirren
Actor


Butterfinger
The Motorcross Jump
Billy Eichner
Actor


Disney
Alice in Wonderland Trailer
Alan Rickman (voice over)
Actor


Doritos
Swipe for Doritos
Doris Roberts
Actor


Heinz
Wiener Stampede
Harry Nilsson (song)
Musician


Honda
New Truck to Love
Queen (song)
Musician


Hyundai
First Date
Kevin Hart
Actor


Queen (song)
Musician


Hyundai
Ryanville
Ryan Reynolds
Actor


Salt N’ Peppa (song)
Musician


Kia
Walken Closet
Christopher Walken
Actor


LG
Man From the Future
Liam Neeson
Actor


MINI
Defy Labelsundefined
Abby Wambach
Athlete


Harvey Keitel
Actor


Randy Johnson
Athlete


Serena Williams[/entity]
Athlete


T-Pain
Musician


Tony Hawk
Athlete


Mobile Strike
Fight (Teaser)
Arnold Schwarzenegger
Actor


NFL Super Bowl
Super Bowl Babies Choir
Seal
Musician


Pepsi
Camp Halftime: Episode 1 (Teaser)
Donald Faison
Actor


Pepsi
Camp Halftime: Episode 2 (Teaser)
Donald Faison
Actor


Pepsi
Camp Halftime: Episode 3 (Teaser)
Donald Faison
Actor


Persil ProClean
Big Game (Teaser)
Peter Hermann
Actor


Shock Top
Unfiltered Talk
T.J. Miller
Actor


Skittles
The Portrait
Steven Tyler
Musician


Snickers
Marilyn
Willem Dafoe
Actor


Eugene Levy
Actor


Squarespace
Sacrifices (Teaser)
Keegan-Michael Key
Actor


Jordan Peele
Actor


Squarespace
Shhh (Teaser)
Keegan-Michael Key
Actor


Jordan Peele
Actor


Squarespace
Press Conference (Teaser)
Keegan-Michael Key
Actor


Jordan Peele
Actor


Squarespace
Real Talk (Teaser)
Keegan-Michael Key
Actor


Jordan Peele
Actor


Squarespace
Real Talk
Keegan-Michael Key
Actor


Jordan Peele
Actor


SunTrust
Hold Your Breath
Gary Sinise (voice over)
Actor


Taco Bell
Behind the Scenes: James Harden (Teaser)
James Harden
Athlete


Taco Bell
Behind the Scenes: Giorgio A. Tsoukalos (Teaser)
Giorgio A. Tsoukalos
TV Personality


T-Mobile
Restricted Bling
Drake
Musician


Brian Huskey
Actor


Turbo Tax
Someone Else
James Lipton
Writer



Como diria meu antigo dupla, Sérgio Vicente, é a categoria do “papa cagando”.

Quando faltava impacto, ele falava assim: “pô Wagnão: bota o papa cagando e pronto”.

Interromper é fácil. Mas e depois? Cadê residual, consumo, retenção de mensagem, posicionamento de marca e todas essas coisas (que sairam de moda)? É que nem o cachorro que corre atrás de carro. Se o carro pára, o cachorro não sabe o que fazer.

A propaganda do Super Bowl parece mesmo apropriada ao evento, com aqueles grandalhões dando voadoras para brecar seus alvos. Cada ano os anunciantes ficam mais abrutalhados nas voadoras pra cima dos telespectadores. Mas é só.

Mas o que será que aconteceu?
Será que as agências estão menos criativas?
Será que os anunciantes estão menos ousados?
Será que os criativos estão menos competentes?
Será que é isso o que temos pela frente como padrão publicitário?

Eu diria que é tudo isso e mais um pouco. Ano passado algumas marcas foram detonadas nas redes sociais pouco depois dos seus comerciais irem ao ar. Não tanto pelas peças em sí, mas provavelmente pela facilidade crescente das pessoas julgarem e se manifestarem em tempo real sobre qualquer coisa. Ironias paradoxais de um evento que consegue reunir um número enorme de expectadores, mas que ao contrário dos tempos passivos de outrora, essa turma agora compartilha suas impressões de bate-pronto e sem dó, como implacáveis jurados deste festival de propaganda que tem um jogo nos intervalos.

Paga-se bem, ganha-se um palcão, mas o que pode vir de tomate meu amigo, não é brincadeira. Cargos, carreiras e contas em jogo. É o jogo paralelo ao jogo do gramado.

Aliás, esse é o valor de acompanhar os comerciais do Super Bowl. É o Festival da vida real, com jurados da vida real e anunciantes com pragmatismo da vida real. É a engrenagem do consumo, sem fantasma, sem maquiagem. Uma mostra do que é a propaganda do dia-a-dia, anabolizada. Porque quando o juiz apita — e o jogo começa pra valer — aí é hora de cair na real e ir pro jogo. Pena que esse ano ficou tudo muito medroso, cheio de capacetes e ombreiras gigantes. Faltou a malemolência do drible. Coisa que nós já fomos craques, mas que também já perdemos faz tempo.

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